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“O que é que interessa o que os outros dizem? Assume-te”

Anton Hysén tem 20 anos e é médio esquerdo do Utsiktens da quarta divisão sueca. Há pouco tempo tomou uma decisão quase inédita no futebol: assumiu a sua homossexualidade. Com esta decisão, Anton espera poder ajudar outros colegas que receiam assumir-se como diferentes.

Em que altura da vida teve consciência que era gay?

Anton Hysén (AH) – Sempre soube que era, mas nunca pensei muito nisso, só comecei a pensar a sério mais tarde, com 18 ou 19 anos.

Foi difícil assumir-se publicamente?

Foi uma decisão difícil, mas pensei no que tinha à minha volta, tinha muito apoio da minha família e dos amigos. Numa situação como esta, é preciso termos a certeza do que estamos a fazer. Mas, honestamente, com o apoio que tive não foi muito difícil. Quando és bom em qualquer coisa não interessa o que os outros pensam. Eu não me importo com o que as pessoas pensam que sou nem com o que acham que gosto. Eu jogo futebol, é isso que importa.

Lembra-se do dia que disse à sua família que era gay?

AH – Sim, lembro-me como se fosse hoje. Correu bem e ninguém se importou. Por acaso, os meus pais até me disseram “Nós já sabíamos desde que tiveste uma namorada e a mandaste passear”.

Acha que o facto de ter assumido publicamente que é homossexual pode ser um risco para a carreira no futebol?

AH – Sinceramente, acho que sim. Mas, por outro lado, têm de perceber que eu só estou a jogar futebol e quem me quiser estragar a carreira só pelo que sou na minha vida pessoal é estúpido e ignorante.

Acredita que a sua atitude pode ajudar outros futebolistas a fazerem o mesmo?

AH – Tenho esperança nisso. É óbvio que agora fui o único a assumir-me e espero que aprendem com isso. Não só a comunidade gay, mas também os heterossexuais. Não tem de haver nenhum problema, é simplesmente ridículo, limitem- se a jogar e respeitem-se. Antigamente tínhamos problemas com o racismo e agora temos de lidar com este tipo de preconceitos. Se formos bons a fazer aquilo que fazemos, ninguém tem de nos criticar.

Disse numa entrevista que se alguém tivesse receio de se assumir podia ligar-lhe. Alguém já lhe ligou?

AH – Ninguém me ligou. Disse isso a brincar. Só quis dizer que não tenham medo de se assumir. Não sei se só isso chega, mas pareceu-me uma boa coisa para dizer na altura. Não devemos ter medo, não há que ter medo de nada. O que é que interessa o que os outros dizem? Assume-te e faz o que tens a fazer.

Até onde quer chegar na sua carreira de jogador?

AH – Por agora estou só a ganhar dinheiro, mas desejo jogar em divisões superiores para ter uma melhor qualidade de vida.

Treina todos os dias para isso?

AH – Treino cinco dias por semana e tenho um jogo no fim-de-semana.

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