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O país do Arco-Íris de A a Z

Chegou a era Zuma

 

 

A – Apartheid
Apartheid significa separação e foi o regime que vigorou na África do Sul entre 1948, com a subida do Partido Nacional ao poder, e 1990. Basicamente era um regime segregacionista e racista que negava à maioria negra os mesmos direitos sociais, económicos e políticos da minoria branca. Este regime foi alvo de grandes sanções internacionais e durante anos a África do Sul permaneceu completamente isolada do mundo.

B – Bafana Bafana
Nome pela qual é conhecida a selecção de futebol da África do Sul. À letra significa “rapazes, rapazes” na língua Zulu. Esta alcunha provém do grito dos fãs aquando da vitória da equipa na Taça das Nações Africanas em 1996, realizada na África do Sul. Desde o fim do apartheid, os Bafana Bafana qualificaram-se duas vezes para o Mundial: uma em 1998 e outra em 2002. Actualmente ocupam a 77ª posição no ranking da FIFA e a 18ª no ranking africano.

 

 

C – COSATU
A sigla significa Congress of South African Trade Unions (ou Congresso dos Sindicatos Sul-africanos). Formada em 1985, é a maior organização dos trabalhadores da África do Sul, com uma história de apoio ao ANC, mesmo quando esta organização estava banida pelo regime do apartheid. Possui 22 sindicatos associados e 1,8 milhão de membros.

 

D – Desmond Tutu
Hoje, com Nelson Mandela retirado, a voz deste bispo anglicano é talvez a mais escutada da África do Sul. A sua tenaz oposição ao apartheid valeu-lhe o Prémio Nobel da Paz em 1984. Em 1996, presidiu à Comissão de Verdade e Reconciliação. O relatório final culpou de violação dos direitos humanos tanto os responsáveis do regime racista como aqueles que o combatiam. Ultimamente tem denunciado as violações dos direitos humanos perpetrados pelo regime de Mugabe no Zimbabwe, defendendo até uma intervenção militar para o apear do poder.

 

E – ET
Nome por que ficou conhecido Eugène Terreblanche, o líder racista e neo-nazi sul-africano que defendia uma República Afrikanner independente. Nas vésperas das eleições de 1994, o seu partido, o AWB foi responsável pela morte de 21 pessoas. Preso durante seis anos por assaltos, continua hoje envolvido em actividades políticas, embora o seu grupo não tenha qualquer expressão.

F – Frederik de Klerk

Foi o último presidente do país designado pelo Partido Nacional (1989/94) e, consequentemente, o último do regime do apartheid. Em 1993, um ano antes das primeiras eleições multiraciais no país, recebeu, conjuntamente com Nelson Mandela, o Prémio Nobel da Paz por ter ajudado a estabelecer um sistema democrático não racial na África do Sul. Retirou-se da política após a derrota eleitoral de 1994. Continua, todavia, a ser uma figura muito respeitada.

 

G – Gordimer, Nadine
Escritora com vasta obra publicada foi Prémio Nobel da Literatura, em 1991. A temática da sua obra pauta por uma crítica ao apartheid e à censura que nele imperava. Entre os seus romances destacam-se: “Um capricho da natureza”, “Ninguém me seguirá”, “O fim dos anos burgueses” e “Um mundo de estranhos”.

 

 

H – Helen Ziller
É a actual presidente do município do Cabo – a única província que o ANC não controla – sendo também candidata pela Aliança Democrática (DA, sigla em Inglês) à presidência. Com um passado anti-apartheid, esta antiga jornalista é reconhecidamente uma mulher de fibra. Conservar o governo provincial do Cabo Ocidental e obter pelo menos 14% dos votos a nível nacional é o seu principal objectivo nestas eleições. Ziller fala Xhosa, Inglês, Afrikaner e Alemão, a língua nativa dos seus pais.

I – Inkhata Freedom Party
Fundado por Mangosuthu Buthelezi, em 1975, este partido possui sobretudo um grande peso nos Zulus sendo muito forte no Kwazulu-Natal, embora não detenha o governo desta província. Na Assembleia Nacional possui 23 representantes.

 

J – Jacob Zuma
Será, seguramente, o novo presidente da África do Sul, mas é também, seguramente, o líder mais controverso que o ANC já teve. Desde a sua polémica eleição, passando pela sua “mão” na demissão de Mbeki e pelos processos judiciais até às suas gafes, a tudo isto Zuma sobreviveu. Homem do povo, Zuma gera adoração e ódios extremos. Ninguém lhe fica indiferente. Nos próximos anos mil olhos estarão sobre ele.

 

K – Kruger Park
O lendário Kruger Park, um dos mais antigos de toda a África, continua a ser um dos lugares mais espectaculares para se observar animais selvagens. Estabelecido em 1898, pelo então presidente sul-africano Paul Kruger, foi-se expandindo ao longo dos anos. Hoje, possui dois milhões de hectares, distribuídos por 350 quilómetros de comprimento e 60 quilómetros de largura.

 

L – Lucas Mangope
De 1977 a 1994, ano em que os bantustões foram extintos, Lucas Mangope foi primeiro-ministro do Bophuthatswana, um dos bantustões criados pelo apartheid. Hoje, com 85 anos de idade, Mangope é líder da UCDP (Democrata Cristão) tendo consquistado três lugares no parlamento nacional nas últimas eleições de 2004.

 

M – Mundial de Futebol 2010
É a primeira grande competição desportiva que o continente africano irá organizar e por isso tudo deverá estar a postos para a grande competição até Maio do próximo ano. O desafio é grande e a segurança – a África do Sul é dos países mais violentos do mundo – constituiu certamente a principal dor de cabeça para os organizadores.

N – Nelson Mandela
Que dizer de Nelson Mandela? É a maior personalidade da África do século XX e uma das maiores do mundo. O sofrimento dele foi o sofrimento de todo um povo. Homem de paz e de reconciliação soube como ninguém perdoar quem o ofendeu durante tantos anos. Em 1993, o único prémio que não é atribuído em Estocolmo, mas em Oslo, só podia ir mesmo para ele. Apesar de todos os escândalos, já anunciou o seu apoio a Zuma.

 

 

O – Oliver Tambo
Envolveu-se desde muito novo na luta pelos direitos da maioria negra do país. Em 1955, em pleno apartheid, foi eleito presidente do ANC então na clandestinidade. Preso várias vezes, acabou por viajar por tudo o mundo chamando a atenção para a crueldade do regime do apartheid, inclusivamente nas Nações Unidas. Morreu em 1993 e hoje o seu nome está imortalizado no principal aeroporto do país, em Joanesburgo.

 

P – Pieter W. Botha
Apelidado de “Groot Krokodil” (Grande Crocodilo, em afrikaans), devido à sua personalidade intempestiva e posições inflexíveis, Botha dirigiu a África do Sul entre 1978 e 1989, alguns dos anos mais repressivos e também de maior isolamento do regime segregacionista. Assinou com Samora Machel o acordo de N’Inkomati, uma espécie de pacto de não-agressão entre os dois países. Em1989 foi obrigado a abandonar o poder, dando lugar a Frederik de Klerk. Faleceu em 2006.

 

Q – Queens’s South Africa Medal
Instituída pela rainha Victória do Reino Unido, esta medalha destinava-se a reconhecer os altos serviços prestados à pátria pelos militares ingleses durante a guerra Anglo-Boer que teve lugar na África do Sul entre 1899 e 1902. Após a sua morte, a condecoração passou a denominar-se King’s South Africa, porque era concedida pelo seu filho o rei Eduardo VII. Estas medalhas começaram por ser atribuídas aos militares neozelandeses que se distinguiam por serviços prestados fora da Nova Zelândia.

 

R – Robben Island
Situada sete quilómetros ao largo da Cidade do Cabo, esta ilha – em Afrikaans diz-se Robbeneiland -, que possui 3,3 quilómetros de comprimento por 1,9 de largura, guarda muitas histórias. No século XIX foi albergue de leprosos e abrigo de animais em quarentena, durante a Segunda Guerra Mundial fortificou-se para a defesa do Cabo e, a partir de 1959, tornou-se a Alcatraz sul-africana ao receber os principais líderes do ANC que lutavam contra o apartheid. Passaram por lá 300! Hoje é Património da Humanidade.

 

S – Soweto

Situado a sudoeste de Joanesburgo, o Soweto é o maior “township” de África, albergando mais de 1,3 milhão de pessoas. Ficou conhecido na época do apartheid por ser um foco de resistência anti-racista e de protestos dos negros contra a política oficial de discriminação racial. Uma destas manifestações foi violentamente reprimida pela polícia em 1976, passando à história como o Massacre de Soweto. Nelson Mandela possui lá casa. Aos poucos este gigantesco subúrbio, que em 2004 comemorou o centenário, vai-se modernizando, sendo hoje uma atracção turística.

 

T – Thabo Mbeki
Tendo sucedido a Mandela na presidência do país em 1999, Mbeki venceu as eleições de 1999 e de 2004 sendo afastado da presidência em Setembro do ano passado num processo inédito no país, não terminando o mandato. Afastado do poder e do partido de sempre, o ANC, este xhosa joga muito do seu futuro político nestas eleições. Se o seu partido, o COPE, conseguir retirar a maioria absoluta ao ANC será para ele uma grande vitória.

U – Umkhonto we Sizwe
Fundado em Dezembro de 1961, o Umkhonto we Sizewe – expressão zulu que significa “lança da Nação” – era o braço armado do ANC e tinha o seu quartel-general em Rivonia, um subúrbio de Joanesburgo. Levou a cabo numerosos ataques à bomba sobretudo contra alvos militares e industriais. Em 29 anos de actividade desconhece-se o número de mortos e feridos causados pelos seus ataques. Extinguiu-se em Agosto de 1990.

V – Vinte Sete
Foi o número de anos que o 46664 – número de Mandela na prisão – esteve preso pelo regime do apartheid. Entrou em Agosto de 1962 saiu em Fevereiro de 1990. Cumpriu a maior da pena em Robben Island, a ilha ao largo da Cidade do Cabo.

W – Winnie Mandela
Nasceu em 1936 e recebeu o nome de Nomzamo Winifred Madikizela. Nos anos ‘50 aderiu ao ANC e, em 1958, casou-se com Nelson Mandela, servindo como sua porta-voz no período em que este esteve preso (1962-1990). Polémica e carismática, em 1991 foi condenada judicialmente sob a acusação de rapto e agressão contra quatro jovens, um dos quais veio a falecer. Em 1992, divorciou-se de Nelson Mandela.

 
 
 
 
Y – Ystergarde
Palavra Afrikaans que à letra pode traduzir-se por “guarda de ferro”. A Ystergarde era uma espécie de milícia de elite ao serviço da AWB de Eugène Terreblanche. Os seus elementos eram recrutados normalmente entre os boers das classes menos abastadas. Perpetraram também vários ataques, alguns deles bastantes violentos, desconhecendo-se, tal como com o Umkhonto we Sizwe, o número de mortos e feridos que resultaram dos seus ataques.

 
X – Xhosa
Os Xhosa são um grupo étnico sul-africano que falam a língua xhosa (ou IsiXhosa), que é uma das 11 línguas oficiais da África do Sul. Aproximadamente 7,9 milhões de pessoas falam essa língua (cerca de 18% de sul-africanos), principalmente nas províncias do Cabo e sul do Kwazulu-Natal, mas também nos países vizinhos, Botswana e Lesotho. A esta etnia pertencem Mandela e Thabo Mbeki.

 
 
Z – Zola Budd
Nasceu em Bloemfontein, em 1963. Em 1984, descalça, como sempre correu, bateu o recorde do mundo dos cinco mil metros mas não foi reconhecido porque o seu país estava banido das grandes competições desportivas internacionais. No ano seguinte, então a correr sob a bandeira britânica, voltou a bater o recorde do mundo. Em 1986 foi campeã do mundo de Corta Mato. Retirou-se em 1993, para a sua propriedade de Bloemfontein. Ainda hoje corre 20 quilómetros por dia e…descalça como sempre.
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