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O centro dos problemas, em Nampula

O centro dos problemas

Os bairros que constituem o município de Nampula, sobretudo os periféricos, transformaram-se num aglomerado de problemas, que vão desde a escassez de água potável, passando pela degradação das vias de acesso e elevado índice de criminalidade até à falta de saneamento básico e corrente eléctrica. Namutequeliua, Namicopo, Muatala e Lourenço são alguns exemplos de zonas residenciais esquecidas pelas autoridades municipais, onde a cada dia a situação por que passam os moradores tem vindo a piorar, não se vislumbrando nenhuma solução.

Namutequeliua

O bairro de Namutequeliua é um dos mais antigos e o mais populoso da cidade de Nampula. O mesmo apresenta os piores problemas sociais. Geograficamente, Namutequeliua, situa-se no posto administrativo de Muhala com uma superfície de 2.753 hectares. Com um total de seis unidades comunais, esta zona residencial está limitada ao norte pela Avenida do Trabalho e translação da rua que dá acesso ao bairro de Namicopo. A sul encontra-se a Avenida Eduardo Mondlane, a este o posto administrativo de Anchilo, distrito de Nampula-Rapale e a oeste a rua John Issa.

Vias de acesso deficitárias

Dentre as infra-estruturas existentes destacam-se a Estrada Nacional número oito que atravessa o bairro longitudinalmente, uma ferrovia e um aeroporto que dista um quilómetro. Devido à sua localização, Namutequeliua tem o seu desenvolvimento adiado. Na verdade, o crescimento que se regista é espontâneo, com características rurais por causa do abandono do planeamento territorial da cidade.

O tráfego motorizado é muito reduzido no seu interior, contrariamente à periferia onde é bastante intenso. Além disso, as vias de acesso não oferecem as desejáveis condições de transitabilidade, uma situação que se associa ao factor de serem estreitas, facto que concorre para uma acessibilidade muito baixa em relação aos ciclistas.

Os habitantes de Namutequeliua são de baixa renda e fraco poder financeiro, pelo que as suas actividades são realizadas na via pública, o que está muito aquém do padronizado. Há um ano que decorrem naquela zona residencial trabalhos visando a sua requalificação, porém, no terreno nada de diferente se nota em termos de resultados.

Energia eléctrica sem qualidade

A falta de estradas largas está a implicar o processo de desenvolvimento, sobretudo o acesso aos serviços básicos. Por exemplo, o fornecimento da energia eléctrica não é acessível aos residentes, porque os técnicos da Electricidade de Moçambique (EDM) enfrentam sérios problemas na colocação de postes, pois as ruas são muito estreitas. A situação de iluminação das vias é deficitária e, durante a noite, as vias apresentam-se às escuras, o que se associa à fraca qualidade da própria energia resultante das ligações clandestinas.

A densidade populacional divide-se em duas partes, sendo uma baixa, caracterizada por casas dispersas e a outra alta, onde as residências estão construídas muito próximas, tornando os caminhos estreitos. Por as pessoas serem de baixa renda, a maior parte das casas é de construção com base em material precário e convencional.

Situação criminal

A criminalidade não deixa de ser preocupante para os habitantes do bairro de Namutequeliua. Segundo apurámos, os “amigos do alheio”, além de agredirem os cidadãos indefesos na via pública, arrombam as portas das casas durante a noite e no interior das casas retiram diversos bens. Para lograr os seus intentos, são usadas armas de fogo e instrumentos contundentes, como facas, machados, alicates, martelos, entre outros. E para reduzir a capacidade de resposta das suas vítimas, eles andam em grupos constituídos por mais de 10 indivíduos.

Os líderes comunitários afirmam que a criminalidade torna-se mais preocupante porque os meliantes são cidadãos com idades que variam entre 17 e 25 anos, faixa etária activa. Os trabalhos de patrulhamento levados a cabo pela Polícia não estão a ter os necessários efeitos com vista à sua redução. Além de roubarem bens nas casas e apoderar-se dos bens das suas vítimas na via pública, os malfeitores violam sexualmente as mulheres.

Saneamento do meio

O saneamento do meio ambiente está dependente da mudança da mentalidade das comunidades, porque muitas famílias não observam as suas regras elementares, aliado ao facto de não observarem a higiene individual e comum. As valas de drenagem que foram construídas estão cheias de resíduos sólidos e excrementos. A circulação nas ruas de Namutequeliua está cada vez mais difícil. As estradas estão bloqueadas devido à acumulação de lixo. A edilidade leva mais de cinco meses a remover os resíduos sólidos. Embora seja importante a recolha, os veículos basculantes não conseguem ter acesso ao interior do bairro. Mesmo assim, a população exige uma maior acção dos técnicos da edilidade para resolver o problema.

Abastecimento de água

Para a satisfação das necessidades básicas, os habitantes de Namutequeliua usam as fontes da rede pública de abastecimento de água e furos para o efeito. Entretanto, esta é sustentada por fontenários que servem para abastecer a população que não possui água canalizada nos seus domicílios. Mas os residentes da unidade comunal de Marien Nguabi sofrem muito para ter acesso a uma fonte de água, porque se trata de uma zona em expansão.

 

Namicopo

Geograficamente, o bairro de Namicopo localiza-se no posto administrativo com o mesmo nome num espaço que torna orgulhosos os residentes, dada a facilidade no que diz respeito ao uso dos recursos disponíveis. Na sua maioria provenientes da zona litoral, sobretudo, nos distritos costeiros da província de Nampula, os habitantes de Namicopo desenvolvem no seu quotidiano diversas actividades informais para garantirem o sustento das respectivas famílias. Vende-se um pouco de tudo para se ganhar a vida.

A juventude, que já está votada ao desemprego, não se limita a cruzar os braços, sendo que se dedica a qualquer actividade, desde que lhe garanta algum dinheiro para comprar pão, cadernos e uniforme para a escola. Por outro lado, está exposta a alguns comportamentos ilícitos e, por causa de falta de oportunidades e espaço, envereda pela criminalidade, designadamente o roubo, a prostituição, incluindo negócios estranhos como, por exemplo, a venda da cannabis sativa, vulgarmente conhecida por soruma.

A estrada que liga o bairro de Namicopo à zona de cimento serve igualmente de um local onde prospera o comércio informal. O dia-a-dia é caracterizado por muitos sacrifícios. O pôr-do-sol significa o repouso e a recuperação das energias para no dia seguinte continuar-se com a maratona.

Educação

O sector da Educação mostra uma fraca entrega por parte dos jovens e adolescentes, pois a maioria está apenas preocupada em aprender e dominar a escrita e a leitura, ao invés de se preocupar com a melhoria da sua situação académica, prosseguindo com os estudos. Contudo, nota-se que depois de concluírem o ensino médio (12ª classe), os jovens dizem que são excluídos das oportunidades de formação para o nível superior ou técnico profissional, além das restrições no mercado de emprego. A participação da rapariga nos estudos é bastante fraca, a avaliar pelo número de meninas em estado de gravidez, algumas já com filhos e a cuidar da família.

No que tange a infra-estruturas escolares, o bairro de Namicopo dispõe de um total de três escolas, sendo duas do ensino primário do primeiro e segundo grau, e uma do ensino secundário geral. As raparigas lideram a lista das desistências por diversos motivos, sobretudo casamentos prematuros devido à sua vulnerabilidade quanto ao assédio sexual.

Não significa que os homens não estejam a abandonar as salas de aulas para ganhar a vida através do comércio informal. De há algum tempo até ao presente, o bairro de Namicopo era considerado “fábrica” de quadros. Isso deveu-se ao facto de muitos deles beneficiarem de bolsas de estudo no estrangeiro depois do alcance da independência nacional.

Fornecimento da energia

O fornecimento da energia eléctrica para a iluminação da via pública não está a ser uma realidade em algumas vias de acesso daquela zona residencial, uma situação que se deve ao facto de as estradas serem estreitas, cujas dimensões não vão além dos 500 metros de largura. Talvez seja por isso que a maior parte dos moradores usa a corrente eléctrica clandestinamente, facto que não oferece uma boa qualidade à iluminação. As casas são construídas com base em material precário e convencional. Os pequenos negócios são as principais tarefas para garantir o sustento das respectivas famílias e uma parte dos residentes trabalha nas instituições estatais e privadas.

Vias de acesso

A única via de acesso que serve de cartão-de-visita ao bairro de Namicopo é a estrada que parte da rotunda do Aeroporto Internacional de Nampula ao posto administrativo de Namicopo, e divide os bairros de Namicopo e Carrupeia. Tal como os outros bairros, Namicopo apresenta vias de acesso muito estreitas devido à construção de casas em situação de total desordenamento territorial. Aliada a este factor está a crescente taxa demográfica que a zona está a registar de forma espontânea.

Quando chove, as estradas ficam alagadas e não oferecem condições aceitáveis de transitabilidade, porque aos poucos surgem charcos. Em parte tal deve-se à falta de um sistema de saneamento, pois este nunca existiu desde os primórdios do bairro. Em Namicopo, o tráfego do transporte motorizado é muito reduzido, sendo que apenas se regista a presença massiva de motociclistas, vulgo “moto-táxi” que se dedicam ao transporte de pessoas e bens. Essa situação deve-se ao facto de as estradas se apresentarem em mau estado.

Transporte público de passageiros

O problema de transporte de passageiros, principalmente os semicolectivos continua a ser uma preocupação dos residentes. Não existe nenhum transporte público a operar naquela zona, havendo apenas o pertencente aos privados. E estes fazem e desfazem, impondo rotas ao seu bel-prazer. Há quem prefira caminhar ao invés de esperar por um “chapa-100”, porque fica- -se muito tempo nas paragens à espera de um carro.

Outros tomam os “mototáxis” para chegarem cedo aos seus postos de trabalho ou outros locais. Os quatro autocarros que, recentemente, foram introduzidos pelo Conselho Municipal de Nampula não abrangem o bairro de Namicopo. Não se conhecem as razões que ditaram a exclusão dos munícipes daquela região da cidade.

Mesmo com um número reduzido de transportadores semicolectivos de passageiros, os operadores não trabalham até pelo menos 19 horas para servir as pessoas que largam tarde os seus postos de trabalho e os alunos do curso nocturno. Os mesmos alegam que o bairro não oferece segurança para o desenvolvimento da actividade durante o período da noite. Por exemplo, muitos automobilistas são ameaçados e muitas vezes acabam por ser agredidos e desprovidos dos valores provenientes das receitas diárias. E para não arriscar a vida pelo emprego, optam por parar de circular muito cedo.

Criminalidade

Desde sempre, o bairro de Namicopo foi conhecido como uma zona residencial com mais casos de criminalidade, principalmente relacionados com agressões na via pública e assaltos nas residências. Nas suas incursões nocturnas, os malfeitores usam diversos instrumentos contundentes como catanas, machados, facas e outros. É arriscado circular nas ruas de Namicopo a partir das 19 horas. A maior parte dos ladrões que protagonizam assaltos nas residências, armazéns, e estabelecimentos comerciais a nível da cidade de Nampula reside no bairro de Namicopo. Os populares recolhem cedo e as autoridades policiais revelam-se inoperantes no combate a este mal.

Saneamento do meio ambiente

Ao longo das ruas de Namicopo é possível constatar que as mesmas estão a ser cobertas por depósitos de lixo em grande quantidade. Isso revela que o nível de consciencialização dos residentes é muito baixo, pois não obedecem às regras de saneamento do meio ambiente, aliado à falta de higiene individual e comunitária.

As autoridades comunitárias locais mostram-se preocupadas com a situação porque, segundo explica o secretário do bairro de Namicopo, as campanhas de limpeza promovidas têm registado uma fraca participação da população. O bairro não beneficia dos serviços básicos do Conselho Municipal, com destaque para a recolha dos resíduos sólidos. Em alguns pontos de referência têm -se verificado com frequência problemas ambientais, porque não existem valas de drenagem. O acesso deficitário às vias públicas dificulta a entrada das máquinas da edilidade para fazer a recolha do lixo.

Abastecimento de água

Em Namicopo existe água canalizada, porém, as fontes instaladas não satisfazem a demanda, pois muitas são as pessoas que procuram aquele precioso líquido para as suas necessidades básicas. Algumas famílias possuem poços tradicionais de água nas suas habitações. A rede pública é sustentada por fontenários que servem para abastecer a população que não possui água canalizada. Algumas unidades comunais estão a registar sérias dificuldades relacionadas com o abastecimento de água, pois não possuem fontenários, muito menos água canalizada porque se trata de zonas recônditas.

Muhala

O surgimento do bairro de Muhala tem recordações amargas, porque os primeiros residentes estavam a ser ameaçados pela PIDE devido à falta de pagamento de impostos, sendo que preferiam fugir e não cumprir com o seu dever. Em Muhala, que antigamente era habitado pela população proveniente dos distritos de Mogovolas, Mogincual, Moma, Angoche e do Posto Administrativo de Corane, no distrito de Meconta, há uma total falta de infra-estruturas, além dos problemas relacionados com condições de saneamento do meio ambiente. Neste momento, nota-se a presença de cidadãos oriundos da região dos Grandes Lagos. Actualmente, é habitado por 60.046 pessoas, segundo o último Censo da População e Habitação.

Problemas de água, saneamento do meio e vias de acesso

A população do bairro de Muhala, na sua maioria, não dispõe de água potável para o seu consumo e as necessidades diárias. Localmente existem 31 fontanários, dos quais 10 avariados. As comunidades percorrem distâncias estimadas em cinco a sete quilómetros para ter acesso ao precioso líquido. O riacho de Muhala tem sido alternativa, onde milhares de pessoas buscam a água para todas as actividades caseiras. O saneamento do meio daquele bairro é precário. O lixo e a defecação a céu aberto são alguns dos vários problemas com que se debate. Os excrementos resultantes das necessidades biológicas são depositados naquele curso de água, perigando a saúde dos moradores.

O mercado de peixe está degradado e a limpeza é ineficaz, por isso há um cheiro nauseabundo por todos os lados. As unidades comunais 25 de Junho, Serra da Mesa e 1º de Maio é que estão ordenadas e as restantes encontram-se em estado deplorável. As vias de acesso são precárias e na sua maioria são de terra batida, com excepção de algumas que estão a beneficiar de obras de pavimentação, trabalhos iniciados recentemente. Porém, a sua conclusão está a apresentar dificuldades. Aliás, há zonas onde não é possível circular de viatura nem de motorizada.

Saúde e Educação

A nível do bairro de Muhala não existe nenhuma unidade sanitária. Há tempos, o único hospital que existia deixou de funcionar e no local foi construído o mercado dos Belenenses. Nessa altura, havia um projecto de reabilitação, que não chegou a concretizar-se por razões até aqui desconhecidas.

A população local, quando precisa de cuidados sanitários, dirige- se aos postos e centros de saúde circunvizinhos. Uma parte recorre ao Hospital Central de Nampula, outra ao recém-construído Centro de Saúde de Muhala-Expansão e a outra ainda ao Centro de Saúde 1º de Maio para tratar eventuais doenças, com destaque para a malária e as diarreias que são muito frequentes.

Educação e criminalidade

No que diz respeito a infra-estruturas do sector da Educação, Muhala possui três escolas primárias e completas e duas secundárias. As autoridades comunitárias locais queixam-se da falta de estabelecimentos de ensino, pois a procura é enorme, porque as pessoas ganharam consciência da necessidade de estudar. As crianças e os jovens privam-se de se instruir devido à insuficiência de vagas. Há casos em que os alunos percorrem entre três e cinco quilómetros para aceder a uma escola.

O bairro de Muhala é considerado uma das piores zonas residenciais, apresentando sérios problemas de criminalidade, onde são frequentes casos relacionados com homicídios, roubos e ofensas físicas, incluindo assaltos a residências. Enquanto isso, os moradores apontam que alguns crimes se devem ao reflorescimento de locais de diversão nocturna, cujo controlo é incipiente por parte das autoridades.

Jardins e mercados

A Unidade Comunal Josina Machel já não possui locais para a implantação de mercados e espaços de recreação. Os parques, jardins e recintos desportivos foram relegados para último plano. Houve prioridade para a construção de residências e cedência de espaços para cidadãos estrangeiros e nacionais. Neste momento, destaca-se a existência do mercado dos Belenenses. Na Unidade Comunal 25 de Junho foi iniciada a construção de um bazar com fundos do sector privado, mas as obras não terminaram por razões não explicadas, desde 2011. O tecto foi sacudido pelo vendaval e as paredes reduzidas a escombros. Não existe nenhuma esperança para os comerciantes locais.

 

Lourenço

Os residentes do bairro de Lourenço, uma unidade territorial da cidade de Nampula com características rurais, continuam a sonhar com um desenvolvimento em todas as áreas, começando pela prestação de serviços públicos básicos. A falta de hospital, escola, água e vias de acesso é parte do que constitui o dia-a-dia dos populares daquela zona residencial. Localmente, não existem realizações que possam constituir boas recordações da edilidade chefiada por Castro Namuaca.

Para chegar a uma unidade sanitária, Fátima de Jorge, de 34 anos de idade, diz que percorre mais de 10 quilómetros até à zona de cimento da cidade de Nampula, porque em Lourenço não existe nenhum hospital para assistir a população. Há quem diga que os residentes daquela zona estão entregues à sua própria sorte. No que diz respeito aos cuidados sanitários, as mulheres são as principais vítimas do abandono a que os moradores estão sujeitos. O Centro de Saúde 25 de Setembro e o Hospital Geral de Marrere são as únicas unidades sanitárias próximas de Lourenço. O caminho é estreito e passa pelo meio de uma mata, ou seja, atravessa uma zona ainda não habitada.

Não existe transporte público de passageiros. As pessoas correm o risco de ser agredidas por malfeitores que se servem daquelas matas como esconderijo. Aliás, há casos de agressões que são reportados pelas autoridades comunitárias locais. Os partos institucionais são coisas de outro mundo. Até parece que as famílias de Lourenço vivem há centenas de quilómetros da capital provincial. No período nocturno, é difícil e ao mesmo tempo arriscado sair de casa para se dirigir ao hospital, além de que não há transporte de passageiros para o efeito.

Abastecimento de água

Quando se fala de serviços básicos, pode-se afirmar que os residentes de Lourenço estão a viver ao deus-dará, porque falta o essencial para se ter uma vida normal. A água que é usada para vários fins, incluindo para o consumo e confeccionar alimentos, é imprópria. O precioso líquido é obtido a partir do riacho que se localiza nas redondezas, sob todos os riscos de saúde que a situação representa.

Neste contexto, é inquestionável o surgimento de doenças diarreicas e outras enfermidades provocadas pela falta de observância das regras elementares de higiene. As autoridades do bairro afirmam que as diarreias, dores de cabeça, malária e sarna são as principais doenças que se registam com frequência.

A vida em Lourenço tem características rurais, porque os residentes estão, naturalmente, desligados dos acontecimentos típicos da cidade. Por exemplo, o fornecimento da corrente eléctrica é uma miragem. A criminalidade tende a ganhar contornos alarmantes, em parte, devido ao uso daquela zona como esconderijo por parte dos malfeitores. Em 2010, um grupo de raptores instalou o seu cativeiro no bairro de Lourenço, para onde levaram o filho de um empresário, proprietário de uma das estâncias hoteleiras e de um centro comercial na cidade de Nampula.

Vias de acesso

A questão das vias de acesso constitui um calcanhar de Aquiles para os moradores do bairro de Lourenço, porque as estradas são muito estreitas. José Afonso, de 27 anos de idade, é uma pequeno empresário que revende produtos adquiridos nos estabelecimentos comerciais da cidade. Segundo conta, “não tem sido fácil passar com a minha mota para chegar na minha casa, uma situação que exige muita ginástica”. O desordenamento territorial é um facto. Talvez seja por isso que a população não beneficia dos serviços básicos como, por exemplo, canalização de água potável e energia eléctrica.

Energia eléctrica

A chegada da corrente eléctrica no bairro de Lourenço constitui um insulto aos residentes locais, porque não está a beneficiar a população. Apenas em duas instalações é que foi instalada a corrente eléctrica, sendo uma fábrica de bolachas e uma residência, supostamente pertencente a um cidadão financeiramente estável.

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