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O ativista Rafael Marques denuncia que a Justiça em Angola “é um terror”

Apesar de ter sofrido as consequências pelo seu activismo contra o Governo de Angola, o jornalista angolano Rafael Marques não se cala e denuncia que a Justiça no seu país “é um terror para os direitos humanos”.

Assim de categórico mostrou-se em entrevista com a Efe durante o Festival Literário da Madeira, em Portugal, na qual denunciou as violações dos direitos humanos cometidas pelo governo de José Eduardo Dos Santos, presidente de Angola há 36 anos.

O seu livro “Diamantes de sangue” -no qual denuncia assassinatos e torturas cometidas nas minas de diamantes de Angola- tornou-lhe num dos rostos mais conhecidos do ativismo anti-corrupção, mas também lhe trouxe problemas: sobre ele pesa uma pena de prisão seis meses, que, por enquanto, permanece suspensa.

Sem pensar em abandonar as suas reivindicações, Marques (Luanda, 1971) prefere retratar a situação de Angola com exemplos. “Há dias denunciei o caso de um jovem, Domingos Catete, que está em prisão preventiva há 8 anos sem acusação formal porque foi achado embriagado a dormir num carro alheio”, relata.

E continua: “Um juiz notificou pela segunda vez a ordem de prisão de um morto. Recebeu os documentos, inclusive a notificação de óbito do morto, mas ordenou a sua prisão. Parece ficção (…) Mas ocorreu na semana passada em Angola”.

O jornalista não hesita em que por trás da crise económica de Angola está o regime de Dos Santos. “A crise em Angola deriva sobretudo da pilhagem (…) Simplesmente mostrou a realidade que muitos angolanos não queriam assumir. Muitos cidadãos achavam que podiam ter a sorte de se beneficiar dos sistemas de corrupção”, lamenta.

Marques acusa à comunidade internacional de “cumplicidade” com o Governo angolano devido aos recursos naturais (petróleo à cabeça), embora celebre os últimos comunicados em defesa dos direitos humanos emitidos por parte dos Estados Unidos da América ou da União Europeia (UE).

A melhora da situação do seu país poderá acontecer depois de que Dos Santos abandone o poder e os activistas adquiram um papel “fundamental”, especialmente agora que cada vez têm mais repercussão internacional. “Estão mudando as consciências. Hoje o debate não é sobre o poder e a oposição política, é sobre o poder e os activistas”, afirma, aludindo ao caso de Luaty Beirão e os resto de activistas.

“Um país onde o presidente manda prender jovens que lêem livros sobre não violência e onde as pessoas são condenadas pela liberdade de pensamento não é uma democracia, é uma ditadura. Angola é uma ditadura, com eleições, mas uma ditadura”, sentença.

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