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Novo corpo directivo do Centro de Formação Islâmica aufere 10 milhões de meticais

Um influente membro do Centro de Formação Islâmica (CFI) denunciou que a crise interna instalada naquela organização religiosa é movida por interesses financeiros.

O Centro de Formação Islâmica tem a sua sede na cidade da Beira e é patrono da Universidade Mussa Bin Bique, sedeada na cidade de Nampula. Esta organização congrega maioritáriamente indivíduos com interesses empresariais, todos pertencentes a religião muçulmana.

Há mais de dois anos que os seus sócios andam em desavença, uma situação que tem criado perturbações no funcionamento da Universidade Mussa Bin Bique.

Presentemente não está claro quem detém o poder directivo da organização. Ou seja, reinam actualmente duas direcções, uma encabeçada por Momade Bay, um influente agente económico na cidade da Beira, e a outra presidida por Casimiro Giva.

Momade Bay é presidente eleito desde há dois anos, enquanto Casimiro Giva foi eleito no mês passado, numa assembleia geral extraordinária que não contou com a participação de nenhum titular dos órgãos sociais pertencentes a direcção encabeçada por Momade Bay.

O membro que denunciou ao nosso jornal a causa principal da crise entre os associados do CFI disse os que lutam pelo poder na organização e procuram a todo custo controlar as receitas da Universidade Mussa Bin Bique.

Além do dinheiro proveniente das propinas da universidade, o Centro de Formação Islâmica tem beneficiado de apoios financeiros de várias organizações internas e externas, para patrocinar as suas actividades essencialmente viradas ao desenvolvimento humano.

Na senda dessa denúncia, O Autarca pesquisou, tendo apurado que o novo corpo directivo da organização encabeçado por Casimiro Giva propõe-se a ganhar dez milhões, duzentos sessenta e quatro mil meticais durante o exercício do seu mandato de dois anos.

Só o presidente da direcção propõe-se a ganhar seiscentos mil meticais ao fim dos dois anos estabelecidos para o seu mandato, quantia corresponde a 25 mil meticais mensais, igual salário que será pago ao presidente da assembleia geral, significando que  o exercício dos dois deverá custar ao CFI um milhão e duzentos mil meticais.

Os vice presidentes da direcção e da assembleia geral, conforme apurámos, o seu salário mensal foi fixado em 23 mil meticais, mesma quantia que será paga ao chefe de gabinete, enquanto o secretário geral o seu salário mensal é correspondente a 18 mil meticais.

Os secretários de áreas também serão pagos 18 mil meticais, os vogais 16 mil meticais, enquanto os conselheiros e assessores o seu salário será de 20 e 24 mil meticais respectivamente. O Autarca apurou que o novo elenco directivo do CFI integra sete secretários de áreas, dois dos quais são adjuntos.

Quanto a vogais

O Autarca apurou a existência de quatro e cinco conselheiros. O CFI é uma organização religiosa e sem fins lucrativos, segundo consta dos respectivos estatutos de que O Autarca teve acesso.

Momade Bay recusa-se a revelar seu salário

O Autarca encetou contactos para apurar o salário pago aos membros do elenco directivo encabeçado por Momade Bay.

Contactamos pessoalmente o próprio presidente Momade Bay, que recusou a revelar o salário que recebe assim como dos restantes membros do seu elenco directivo. Momade Bay falou connosco num tom arrogante, não permitindo desenvolver a conversa.

O Autarca apurou que muitos membros da sua direcção não beneficiam de salário. O Autarca apurou também que Momade Bay além de ser o presidente da associação é ainda o responsável pela gestão da delegação da Universidade Mussa Bin Bique na cidade de Inhambane, onde também possui negócios.

Elenco de Giva sem poderes administrativos

O Autarca apurou, por outro lado, que apesar do elenco directivo encabeçado por Casimiro Giva ter sido eleito pela maioria dos membros da associação e tendo já tomado posse, o mesmo ainda não pode assumir a gestão da organização porque Momade Bay recusa-se a entregar as pastas.

As contas do CFI, por exemplo, continuam a serem geridas por Momade Bay. O Autarca apurou que foram feitos contactos junto dos bancos onde o CFI possui contas para mudança de assinaturas, mas não foi possível porque ao actual elenco directivo foi exigido o consentimento dos membros da direcção de Momade Bay.

Caso deverá ser levado ao tribunal

Há um impasse para a nova direcção exercer o poder e os seus membros começarem a auferir os salários propostos. Casimiro Giva reconhece essa situação, tendo adiantado ao nosso jornal que esse impasse só poderá vir a ter desfecho com a intervenção dos órgãos judiciais.

Giva explicou que esse procedimento é uma imposição decorrente da atitude da direcção encabeçada por Momade Bay, tendo reconhecido que isso não será bom para a imagem da organização e a própria reputação dos seus associados, por sinal todos eles são seguidores da religião muçulmana.

Isso também pode vir a afectar a própria comunidade muçulmana, uma das mais respeitadas pelo menos em Moçambique. Paralelamente, essa crise está a afectar a imagem da Universidade Mussa Bin Bique, uma das maiores e a quarta mais antiga do país.

Governo atento a crise

Enquanto os membros do CFI continuam desavindos, o governo mostra- se atento a situação. O governo está preocupado sobretudo com o funcionamento da Universidade Mussa Bin Bique. O ministro da Educação, Zeferino Martins, já levou essa preocupação ao conselho de ministros.

A situação prevalecente na Universidade Mussa Bin Bique foi analisada pelo conselho de ministros na sua vigésima quarta sessão ordinária, realizada no passado dia 12 de Julho corrente.

Entretanto, O Autarca não possui ainda dados referentes ao posicionamento do governo. Sabe-se, contudo, entre os associados do CFI alguns recusam a reconhecer a legitimidade de algumas delegações da Universidade Mussa Bin Bique, nomeadamente abertas em alguns distritos da província da Zambézia.

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