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Nova Presidente do Malawi faz remodelações no governo; Corpo de Mutharika continua na RSA

Nova Presidente do Malawi faz remodelações no governo; Corpo de Mutharika continua na RSA

A nova Presidente do Malawi, Joyce Banda , demitiu a ministra da Informação, Patricia Kaliati e o diretor da Rádio Televisão do Malawi (MBC), Bright Malopa.

Entretanto o nosso correspondente em Johannesburg apurou, junto de um jornalista malawiano e chefe do Serviço Nhanja do Canal África em Joanesburgo, que Bingu wa Mutharika foi transportado já sem vida para a África do Sul, depois de quatro horas de intensas negociações junto da transportadora aérea sul-africana SA Airways, e que ainda se encontra em solo sul africano sem data confirmada para a sua transladação.

Num breve comunicado assinado pelo secretário do Governo, Bright Msaka, a chefe do Estado malawiano não deu as razões desta demissão. Mas Kaliati deu sexta-feira última uma conferência de imprensa durante a qual ela disse que a Presidente Banda não pode assumir as funções de Presidente por ter sido expulsa do Partido Democrático Progressivo (DPP, no poder) e ter criado a sua própria formação, o Partido Popular.

Por outro lado, Malopa foi uma fiel aliada do finado Presidente Bingu wa Mutharika e realizou uma campanha de difamação contra a então sua Vice-Presidente Joyce Banda, depois de esta última ter brigado com o Presidente Mutharika.

Funeral de Mutharika ainda sem data

Entretanto o corpo do Presidente Bingu wa Mutharika, que faleceu na última quinta-feira, aos 78 anos, depois de sofrer um ataque cardíaco continua na África do Sul a aguardar a sua transladação para as cerimónias fúnebres que deverão acontecer em solo malawiano, ao que tudo indica na propriedade familiar de Ndatha, na cidade Thyolo, que dista poucos quilómetros da capital económica Blantyre.

Informações não confirmadas indicam que os restos mortais do Presidente Bingu wa Mutharika serão transladados este sábado para o Malawi, e o país irá observar 10 dias de luto nacional. As cerimónias fúnebres deverão lugar na próxima segunda-feira

Recorde-se que a morte de Mutharika só foi confirmada pelo Governo malawiano 24 horas depois de fontes hospitalares e políticas a terem tornado pública. Vítima de um enfarte, Bingu wa Mutharika desmaiou no palácio presidencial, tendo sido transferido inconsciente para o Hospital Central de Lilóngwè depois para a África do Sul, onde minutos depois de ter dado entrada no Hospital Militar de Pretória era confirmada a morte.

A não confirmação da morte de Mutharika, vítima de uma paragem cardíaca, por parte do Governo fez com que a nação parasse literalmente na última sexta-feira.

Uma rádio local chegou a informar que Mutharika teria sido levado para a África do Sul para ser embalsamado, mas os jornalistas presentes no aeroporto de Lilongwe informaram que foram desalojados do terminal aéreo antes de ver o avião descolar.

“Temos a tristeza de anunciar que o Presidente do Malawi, Bingu wa Mutharika, faleceu”, afirmou Bright Msaka, secretário da presidência e do Governo, num comunicado lido na rádio.

Prestígio manchado por conflitos

Antigo economista do Banco Mundial, Mutharika chegou ao poder em 2004 e foi reeleito com uma maioria absoluta em 2009. O seu prestígio, no entanto, começou a cair devido às constantes tentativas de controlar o sector da comunicação social e de isentar o governo de qualquer crítica. Os conflitos com os países doadores e com o Fundo Monetário Internacional (FMI) acabaram por afectar a economia de um país dependente da ajuda externa e com escassez de reservas.

Em Julho do ano passado, as frustrações populares degeneraram em manifestações de rua, que a polícia reprimiu causando a morte de 19 pessoas. Das vítimas, figura o militante estudantil Robert Chasowa, que em vida tinha escrito artigos controversos contra o governo de Mutharika.

Da longa lista dos males de Bingu wa Mutharika, consta ainda o desgaste das relações com alguns países da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), nomeadamente Moçambique e Zâmbia.

Com Moçambique, foram registados diversos incidentes, dentre os quais o súbito e não explicado encurtamento de uma visita oficial ao país, em 2009. No centro das divergências esteve o porto fluvial malawiano de Nsanje, a partir do qual o Malawi pretendia um acesso mais rápido ao Oceano Índico, mas desvalorizado pelo Governo de Maputo.

Já com a Zâmbia, Bingu wa Mutharika, viria a chamar de persona non grata ao Presidente Michael Sata. Em Março último, uma coligação da sociedade civil pediu a Mutharika que renunciasse.

A primeira mulher Presidente de um país da África Austral

Com esta morte muitos círculos de opinião chegam a defender que é um mal que veio para o bem do Malawi. Entretanto, a Vice-Presidente Joyce Banda, de 61 anos de idade, foi investida no último sábado (7 de Abril) em Lilóngwè, Presidente do Malawi para suceder a Bingu wa Mutharika, algumas horas após o anúncio oficial da sua morte. Depois da tomada de posse, esta apelou à unidade nacional e à reconciliação.

“Pretendo que todos nós viremos tudo em direcção ao futuro com esperança e com um espírito de unidade. Espero, sinceramente, que não haja lugar para vingança”, declarou Banda, uma figura da oposição cuja ascensão ao poder não foi bem vista pelos partidários de Mutharika.

Com a sua tomada de posse, Joyce Banda torna-se a primeira mulher a liderar um país na região Austral e segunda a nível do continente, depois da Presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf.

Joyce Banda, depois de ter sido uma grande aliada de Bingu wa Mutharika por seis anos, foi expulsa do partido no poder, o Partido Democrático Progressivo, DPP, pelo malogrado Presidente, embora tenha permanecido no cargo de Vice-Presidente, à luz da Constituição. Banda tornou-se, assim, uma grande oponente do seu antecessor, formando o seu próprio partido, o Partido Popular.

Muitos analistas acreditam que com Joyce Banda no poder, a reconciliação será possível no Malawi e a credibilidade junto dos doadores e dos países da região será restabelecida. Como prova disso, a nova Presidente do Malawi exonerou na segunda-feira o chefe da polícia Peter Mukhito. Esta demissão, segundo analistas, deve-se ao facto de a polícia malawiana, na altura chefiada por Peter Mukhilo, ter usado a força para reprimir as manifestações de Agosto do ano passado.

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