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Nick Clegg, o convidado surpresa que animou a campanha eleitoral britânica

Nick Clegg

Praticamente desconhecido há algumas semanas, o carismático líder liberal-democrata Nick Clegg registrou um ascensão meteórica e tirou a campanha eleitoral britânica de sua letargia. Suas convincentes atuações nos debates eleitorais transmitidos pela televisão diante do primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown e do líder conservador David Cameron impulsionaram a sua formação nas pesquisas de intenção de voto, rompendo o tradicional binômio formado por aqueles que ele chamou de dois “velhos partidos”.

Clegg, de 43 anos, que segundo uma pesquisa recente se tornou o político britânico mais popular desde Winston Churchill em 1945, poderá desempenhar um papel-chave se nenhum partido conseguir a maioria absoluta no Parlamento. A energia e os ares de mudança que muitos acreditam ter insuflado a campanha levaram alguns a compará-lo com o presidente americano Barack Obama, algo que o próprio Clegg classificou de “absurdo”.

Um feito impressionante para o líder da terceira força política de quem, segundo uma pesquisa realizada em setembro pela BBC, mais de um terço dos eleitores (36%) nem sequer tinham ouvido falar. Mas o ambicioso Clegg assumiu a liderança do partido em dezembro de 2007 com grandes planos e rapidamente ficou conhecido nos círculos políticos com sua ferrenha defesa das liberdades civis e rompendo o tabu parlamentar ao criticar abertamente a guerra no Afeganistão.

A Sua fervorosa defesa da União Europeia (UE) e do euro e seu histórico internacional o diferenciam, mas sua origem privilegiada também provocou comparações com o líder ‘Tory’ educado no elitista colégio Eton. Nicholas William Peter Clegg, o Nick como prefere ser chamado, nasceu no dia 7 de janeiro de 1967 e cresceu na próspera cidade de Chalfont St. Giles, no condado de Buckingham, a noroeste de Londres, com dois irmãos e uma irmã.

A sua família é exótica –sua mãe é holandesa, nascida na Indonésia e foi mantida presa em um campo japonês antes de chegar à Grã-Bretanha aos 12 anos, enquanto que seu pai, um rico banqueiro, é meio russo. Sua esposa, Miriam González, é uma advogada espanhola. Casaram-se em 2000 e têm três filhos, Antonio, Alberto e Miguel, que são perfeitamente bilingues e foram criados na religião católica por desejo de sua mãe.

O próprio Clegg, que se declara não praticante, fala holandês, francês, alemão e espanhol. O internacionalismo de Clegg levou o jornal de direita Daily Mail a se perguntar sobre quanto tinha de inglês, citando um relatório escrito em 2002 no qual dizia que a Grã-Bretanha tinha uma “obsessão tenaz” com a Segunda Guerra Mundial para acusá-lo de pouco patriota. Clegg foi aluno da elitista escola Westminster junto com Helena Bonham Carter, a futura estrela de Hollywood.

Teve problemas aos 16 anos quando durante uma bebedeira ateou fogo em uma importante coleção de cactus durante uma viagem a Munique. Estudou Arqueologia e Antropologia na Universidade de Cambridge, onde atuou em uma peça teatral dirigida pelo hoje vencedor do Oscar Sam Mendes. Deu prosseguimento aos seus estudos na Universidade de Minnesota e depois no Colégio da Europa de Bruxelas, onde conheceu sua esposa, “o amor de sua vida”.

Antes, aproveitou sua vida de solteiro e em uma entrevista concedida à revista GQ admitiu ingenuamente que havia se deitado com “pelo menos 30” mulheres. Clegg trabalhou por pouco tempo como jornalista e assessor político antes de entrar em 1994 na Comissão Europeia, onde trabalhou durante cinco anos, vários deles como conselheiro do comissário de Comércio britânico Leon Brittan, que tentou de levá-lo para o Partido Conservador.

Mas ele rejeitou e se candidatou a deputado europeu pelos liberal-democratas em 1999, cargo que desempenhou durante um mandato até 2004. Buscando uma vida mais estável para sua família, voltou a Londres onde trabalhou como professor e cabildero antes de obter em 2005 um assento no Parlamento de Westminster, onde sua carreira política começou a decolar.

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