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Neto de Mandela candidato a deputado

Neto de Mandela candidato a deputado

Mandla Mandela, empresário de 34 anos que se pretende guardião do legado de seu avô paterno, o antigo Presidente sul-africano Nelson Mandela, é um dos candidatos ao Parlamento nas listas do Congresso Nacional Africano para as legislativas de 22 de Abril. E assim vai aliar tradição e modernidade, uma vez que já é chefe do Conselho Tradicional Mvezo.

Quando o primeiro chefe de Estado da África do Sul pós-apartheid completou 90 anos, em Julho de 2008, o chefe tribal da aldeia de Qunu, Mandla Mandela, e os seus principais conselheiros refizeram a grande marcha do bisavô do jovem, Henry Gadla, entre Mvezo e Qunu. Gadla fora afastado da liderança das populações do grupo Mvezo pelo então Governo. Ele e a família acabaram mesmo por ser expulsos de Qunu, onde Nelson Mandela passara a juventude e agora vive grande parte da reforma.

Foi com emoção que o mais destacado dos presidentes que a África do Sul até hoje teve viu o seu herdeiro natural reivindicar os direitos do clã à liderança das populações de língua xhosa, residentes na área de Mvezo. Agora deverá ter a oportunidade de o ver ser eleito deputado, como associado do líder do ANC, Jacob Zuma, o controverso político que espera alcançar a chefia do Estado.

O próprio Nelson Mandela renunciara há décadas a quaisquer direitos a um papel tradicional na sociedade xhosa para se tornar advogado e dedicar a vida à luta contra a segregação racial. Mas agora as novas gerações retomam costumes dos seus ancestrais e procuram combiná-los com as práticas políticas do século XXI.

Mandla Mandela cobriu-se com peles de leão, símbolo da aristocracia, e foi investido como chefe tradicional pelo rei dos AbaThembu, Zwelibanzi Dalindyebo, um dos seis soberanos do povo xhosa, aquele que até hoje mais quadros tem dado às classes dirigentes do Congresso Nacional Africano.

“Trata-se de restaurar a nossa dignidade”, proclamou Dalindyebo, quando aceitou a vassalagem de Mandla Mandela, licenciado em Política pela Rhodes University, de Grahamstown, e casado desde 2006 com Tando Mabunu.

Entre o rei e o povo

O neto do antigo Presidente é hoje um elo “entre o rei, os antepassados e o povo”, como explicou Patekile Holomisa, chefe do Congresso de Líderes Tradicionais da África do Sul. E espera vir a ser dentro de um mês e meio deputado da República na Nação do Arco-Íris, como lhe chamou o arcebispo anglicano Desmond Tutu.

O único filho varão que Nelson Mandela ainda tinha, Makgatho, o pai de Mandla, faleceu em 2005, aos 54 anos, vítima de sida. Mais de 16 por cento da população sul-africana é seropositiva. Meses depois, Mandla viria a esclarecer que a mãe, Ann Moseshla, também fora vítima da mesma doença, apesar de se ter dito apenas na altura que morrera de pneumonia.

Esta pandemia ainda constitui um estigma entre certas camadas da população sul-africana, pelo que nem todas as famílias aceitam falar abertamente do assunto, ao contrário do que aconteceu com os Mandelas.

Mandela não apoia dissidentes próximos de Mbeki

Quando o antigo Presidente Nelson Mandela confirmou que vai votar no seu partido de sempre, apesar de este ser agora liderado pelo controverso Jacob Zuma, isso causou estranheza em alguns meios empresariais sul-africanos. Zuma ainda deverá ter de responder em tribunal por corrupção e lavagem de dinheiro. “Mandela perdeu a inocência e é agora um antigo santo?”, perguntou o jornal BusinessDay, quando viu o ex-chefe de Estado fazer a sua opção entre o ANC e o Congresso do Povo (Cope), nascido de uma dissidência do primeiro encabeçada por pessoas próximas do ex-Presidente Thabo Mbeki.

Tendo sido Mbeki o sucessor de Mandela, uma espécie de seu delfim, parte dos observadores na África do Sul esperava que Mandela não estivesse agora ao lado da liderança de Zuma. Alguns gostariam até de o ver alinhar com a nova formação política. A verdade, porém, é que não se crê que o Cope venha a conseguir, pelo menos a curto prazo, conquistar uma grande fatia do eleitorado do ANC. Quando muito, evitará que chegue aos dois terços dos votos, sem no entanto deixar de ser inequivocamente a maior força parlamentar.

 

 

 

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