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Polícia não mente quando afirma que os “engomadores” não existem na Matola

A existência de um grupo de assaltantes de residências composto por 20 elementos, vulgo “G20”, tornou-se numa conversa vulgar. No bazar, no “chapa 100”, no café, dentre outros lugares, já não se fala de outra coisa a não ser desses supostos criminosos que, para além de assaltar residências agride fisicamente, viola sexualmente e passam a ferro de “engomar” o corpo das suas vítimas como forma de revelarem os locais onde guardam dinheiro ou outros bens valiosos. Dos vários casos que registamos a partir da denúncia de cidadãos, dos contactos com a polícia e nas unidades hospitalares de Maputo e na Matola, os nossos repórteres verificaram a ocorrência de vários crimes de assaltos e violações sexuais das vítimas, de ambos os sexos, contudo não foi possível averiguar até ao momento a existência de alguma vítima que tenha sofrido queimaduras de ferro de “engomar”.

Desde que se começou a falar do assunto que actualmente mexe, pavorosamente, com os moradores dos municípios de Maputo e da Matola, para além das informações que têm sido propaladas por diversos órgãos de comunicação social, sobretudo pelas redes sociais, o @Verdade recebeu várias denúncias de cidadãos que supostamente teriam sido torturados com o ferro de engomar pelo “G20”. Contactámos uma parte significativa desses compatriotas, porém, o que constatámos é que ninguém se identifica como tendo sido “engomado”, mas sim, assaltado, agredido fisicamente ou violado sexualmente.

Os assaltos nas residências, os roubos e as agressões físicas na via pública já se transformaram em assuntos corriqueiros em diversos pontos da país, com destque na cidade de Maputo. E parece que disso a população se queixou várias vezes e passou a não fazer caso a partir do memento em que a Polícia se revelou incapaz de estancar tais actos. Mas a ir da população foi de tal sorte quando a uma notícia dando conta de existência de um grupo assaltantes, “engomadores” e “violadores” correu o mundo em princípios de Julho passado.

O patrulhamento colectivo, diga-se, até certo ponto desorientado, foi a primeira reacção popular. Todavia, a Polícia foi sempre firme num aspecto: o da ausência de “engomadores”. Se na altura em que tais afirmações formam televisionadas, radiodifundidas e postas a correr de lés a lés, também, pela via da Imprensa escrita, soavam como uma desculpa perante a recorrente inoperância da corporação, hoje, com certeza, se pode dizer o contrário: a Polícia tinha razão. Não existe “engomadores” até que algum cidadão prove o contrário.

Por um lado, o @Verdade visitou as duas maiores unidades sanitárias da capital moçambicana (hospitais Geral José Macamo e Central de Maputo) para apurar se alguma vítima “engomada” pelos malfeitores teria sido atendida numa delas. Qual surpresa: nenhum livro de registo dá conta disso. Mas foi-nos confirmada a existência de pessoas que beneficiaram de observação médica por terem sido agredidas fisicamente e violadas sexualmente pelos referidos assaltantes.

Com a falta de evidências de indivíduos que tenham sido castigados com ferro de “engomar” e de registo de entrada dessas vítimas em diferentes hospitais, há que dizer que, em parte, a Polícia está a dizer algo certo quando afirma que não existe nenhum “engomador”. Isso não passa de um boato com vista a criar pânico entre os moradores dos municípios de Maputo e Matola.

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