Uma nave espacial robô da Nasa ejectou os seus foguetes de desaceleração no domingo (21), encerrando uma jornada de 10 meses para colocar-se na órbita de Marte e começar uma caçada por vestígios de água no planeta vermelho.
Depois de viajar 71 milhões quilómetros, a nave nomeada Maven (sigla em inglês para Mars Atmosphere and Volatile Evolution), ejectou os seus seis foguetes propulsores, reduzindo a sua velocidade de 20.600 km/h para 16.093 km/h.
“Não tenho mais nenhuma unha, mas conseguimos”, disse Colleen Hartman, vice-director de ciência da Nasa, no Centro Aeroespacial Goddard, em Greenbelt, no Estado norte-americano de Maryland, durante uma transmissão de TV sobre a missão da Maven.
A Maven vai estudar como os ventos solares retiram átomos e moléculas da atmosfera superior do planeta vermelho, um processo que os cientistas acreditam estar em curso por milénios.
“Ao aprender sobre o processo que ocorre hoje, esperamos extrapolar para o passado e conhecer a história de Marte”, disse o cientista John Clarke, vinculado à Universidade de Boston e dedicado à missão da Maven, numa entrevista à Nasa TV.
Os cientistas acreditam fortemente que Marte não foi sempre seco e frio como hoje. A superfície do planeta é coalhada com o que parecem ser cursos secos de rios, cheios de minerais que se formam na presença de água. Mas para que a água se acumulasse na superfície do planeta, a sua atmosfera deveria ser muito mais densa e espessa do que a actual.
A atmosfera de Marte é hoje 100 vezes mais fina do que a da Terra. Os cientistas suspeitam que Marte perdeu 99 por cento da sua atmosfera ao longo de milhões de anos, à medida que o planeta esfrious-e e teve uma decaída no seu campo magnético, permitindo que partículas carregadas nos ventos solares afastassem moléculas de água e outros gases atmosféricos.
O aprendizado sobre como Marte perdeu a sua água é crucial para entender se o planeta que mais se assemelha à Terra no sistema solar teve em algum dia as condições para o surgimento da vida. A missão de 671 milhões de dólares da Maven está prevista para durar um ano.