A Renamo continua firme na decisão de não sentar-se à mesma mesa com o Governo enquanto este não admitir a presença de facilitadores nacionais. Prova disso é que nesta segunda-feira (28) não compareceu a mais uma ronda no Centro de Conferencias Joaquim Chissano e diz que informou o Executivo, através de canais apropriados, da sua indisponibilidade até que este ceda à sua exigência.
Segundo Saimone Macuiana, chefe da delegação da Renamo, a “Perdiz” sempre esteve e ainda está aberta ao diálogo (com o Governo) mas exige que do mesmo faça parte facilitadores nacionais, e que já foram identificados.
Trata-se do bispo Dom Dinis Sengulane e do reitor da A Politécnica, Lourenço do Rosário, que desempenham esse papel, embora não oficialmente, pois são eles que têm intermediado as reuniões de preparação do encontro entre o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e o Presidente da República, Armando Guebuza.
Porém, o Governo ainda não os aceitou e nem sequer apresentou uma contraproposta por entender que ainda não há espaço para a intervenção de terceiros.”Para a Renamo, a presença de facilitadores e observadores é indispensável para o processo negocial”, disse Macuiana.
A Renamo acusa ainda o Governo de estar a usar “dupla estratégia” pois, enquanto mantém encontros em Maputo, protagoniza ataques Às suas posições na província de Sofala, sendo que um deles foi à base de Santunjira, que ditou a “fuga” de Afonso Dhlakama, cujo paradeiro ainda é desconhecido. P
ara a Renamo, o ataque e ocupação da sua base, em Santunjira, onde morava Afonso Dhlakama, por parte das Forças de Defesa e Segurança, é sinal evidente desta atitude paradoxal do Governo.
Renamo é um partido sanguinário
Por seu turno, José Pacheco, chefe da delegação do Governo, e que esteve esta manhã no Centro de Conferência Joaquim Chissano, acusa a Renamo de ser um partido sanguinário e anti-patriótico. Diz ainda que a sessão de hoje não aconteceu porque a Renamo não se dignou a comparecer muito menos apresentar os motivos desta falta de comparência. Mas esta justificação cai por terra porque a Renamo apresentou um documento que prova que o Governo tinha a informação de que “sem facilitadores” não haveria diálogo.
Para o Governo, o ponto referente à legislação eleitoral já foi ultrapassado e agora a prioridade é a desmilitarização da Renamo, um assunto que deverá ser discutido no ponto referente às questões militares. Pacheco reafirmou ainda que as Forças de Defesa e Segurança são e devem ser monopólio do Estado, daí que, neste momento, a “Renamo detém homens armados de forma ilegal.”
sobre o tão esperado encontro entre o chefe do Estado e o líder da Renamo, Pacheco referiu que o Governo irá garantir toda a segurança necessária caso este esteja disposto deslocar-se a Maputo para dialogar com Guebuza.