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Não há dinheiro que chegue

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, adverte que não há dinheiro que chegue no combate a pobreza, razão pela qual os mutuários do Fundo de Investimento de Iniciativas Locais (FIIL) devem reembolsar os seus empréstimos. Guebuza falava Segunda-feira, durante um comício realizado em Ulóngoè, sede do distrito de Angónia, localizado a cerca de 250 quilómetros da cidade de Tete, capital da província com o mesmo nome, parte integrante da sua Presidência Aberta, que já o levou a escalar as províncias do Niassa, Nampula, Cabo Delgado e Zambézia, tendo como lema o combate a pobreza.

As declarações de Guebuza surgem em resposta a uma preocupação de uma cidadã, residente em Angónia, que subiu ao pódio, a convite do estadista moçambicano, que solicitara um grupo de residentes para explicarem os problemas que afecta esta região. Na ocasião, a aludida cidadã reivindicou a exiguidade dos “Sete Milhões”, ou seja o FIIL, pois Angónia possui uma população muito numerosa.

“Mas meus irmãos não há dinheiro que chegue. Sete milhões não chegam. 10 milhões também não chegam. Nem que fossem 20 milhões também não haveriam de chegar”, disse Guebuza, explicando que esta e’ mais uma razão para que os moçambicanos compreendam a necessidade de devolver o dinheiro emprestado.

Aliás, disse Guebuza, isso também levanta o problema da transparência, uma preocupação que foi levantada pela mesma cidadã. Para conferir uma maior transparência ao processo, a referida cidadã defende que a quantia e nome dos beneficiários deve ser de domínio público. “Ela diz, e eu concordo plenamente, que o dinheiro emprestado deve ser anunciado ao povo. Se alguém recebeu 50 mil Meticais então e’ preciso que as pessoas saibam que o fulano recebeu 50 mil Meticais para fazer isto ou aquilo”, disse Guebuza, acrescentando que “quando essa pessoa começar a pagar o povo também deveria ser informado sobre o montante restituído e o valor remanescente, como forma de conferir maior transparência”, referiu, explicando que “os sete milhões e’ dinheiro do povo. E’ dinheiro do imposto do povo que o Governo lava uma parte para ver se aumenta a produção do povo. Portanto, o povo deve saber como está sendo usado o seu dinheiro”.

Por isso, Guebuza rejeita categoricamente a proposta para o aumento do FIIL, afirmando que quando se refere a valor de sete milhões não implica necessariamente ser este o valor atribuído a cada distrito, pois, no caso vertente, o fundo é, de facto, superior a 10 milhões de Meticais.

De facto, a posição de Guebuza parece ser a mais correcta após uma leitura atenciosa do informe do governador de Tete, Ildefonso Muanathata, divulgado no domingo, referindo que, “de acordo com dados disponíveis, sete distritos da província não conseguiram recuperar nenhum valor concedido aos beneficiários durante os primeiros dois anos do fundo”, nomeadamente os distritos de Angónia, Chiúta, Chifunde, Macanga, Moatize, Marávia e Zumbo Alias, o relatório do Administrador de Angónia, Chivavice Muchangage, diz que o distrito recebeu um total de 27.381 milhões de Meticais durante os últimos três anos, que ajudaram a financiar 161 projectos, dos quais 107 para a produção de alimentos, 66 para a geração de rendimentos e 13 para a criação de emprego.

Estes projectos beneficiaram 1.358 famílias e criaram 161 novos postos de trabalho. Contudo, refere o relatório, “o valor de reembolso foi de 153.932 Meticais, que corresponde a dois por cento”. Assim sendo, esta parece ser uma das razoes que leva Guebuza a rejeitar a proposta do aumento do FIIL. “Dando 20 milhões, ou trinta milhões não há dinheiro que chegue, porque somos muito pobres”, disse.

Respondendo a uma outra questão levantada por um outro interveniente, sobre o risco de se negligenciar a produção de alimentos a favor de culturas de rendimento tais como o tabaco, soja e açúcar, Guebuza aconselhou o povo a não deixar de produzir comida. A produção de culturas de rendimento para exportação, explicou Guebuza, significa apenas que, alem da comida, “também passamos a ter uma outra fonte de receitas”.

Por isso, acrescentou, “nós encorajamos as empresas que produzem tabaco e outras culturas de rendimento para também apoiarem a produção de alimentos. Nós alimentamo-nos de comida. Por isso, devemos continuar a produzir alimentos”, rematou Guebuza. Mais uma vez o estadista moçambicano voltou a abordar a questão da descentralização, explicando que é parte da estratégia do Governo no combate a pobreza. “A descentralização é para permitir que as pessoas que vivem nessa zona possam governar-se e contribuir para o seu próprio desenvolvimento”, disse Guebuza.

Também participaram no comício Lucas Chomera, Ministro da Administração Estatal, José Pacheco, do Interior, Felício Zacarias, das Obras Publicas e Habitação. Como convidados estiveram presentes o Alto Comissário da Nigéria e o Embaixador da Dinamarca, John Olufinton e Jhonny Flento, respectivamente.

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