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Autárquicas 2013: “Não há bairros com problemas de falta de água potável em Dondo” Manuel Cambezo, edil de Dondo

A sensivelmente cinco meses do fim do seu terceiro mandato, Manuel Cambezo, presidente do Conselho Municipal de Dondo, garante que cumpriu, do plano aprovado no início de 2009, acima de 97 porcento. Afirma ainda que os problemas de acesso limitado a água potável e a precariedade da rede viária são questões já ultrapassadas naquele município da província de Sofala. Quanto à provável recandidatura para o seu quarto mandato, Cambezo diz que não sabe se o fará. “Não sei. Geralmente, somos comandados pelo partido e costumo dizer que o município não é minha empresa nem do meu tio. Se fosse, eu diria que me iria recandidatar”.

@Verdade – Qual foi o desempenho da edilidade de Dondo nos últimos quatro anos?

Manuel Cambezo (MC) – O balanço que faço do nosso desempenho neste terceiro mandato é positivo, completamente positivo, por termos conseguido cumprir cerca de 97 porcento do nosso plano aprovado no início do mandato. Na verdade, já estamos um pouco acima de 97 porcento e a nossa expectativa é que até Setembro, o mais tardar, cumpriremos tudo aquilo que prometemos e provavelmente um pouco mais do que foi planificado.

Refiro-me a todas as vertentes, desde a área de administração, construção urbanização e infra-estruturas, serviços urbanos e gestão ambiental, saúde, acção social e género educação, cultura e desporto. Mesmo na área da segurança, concretamente no que diz respeito à Polícia Camarária.

@V – Quais são as actividades em falta para se chegar aos 100 porcento de realizações?

MC – Temos algumas actividades, como é o caso da conclusão das obras de construção de sedes de localidades municipais, nos bairros de Nhamaiabwe e Mafarinha. Temos de concluir a edificação de um mercado no bairro de Mandruzi, duas salas de aulas no bairro Samora Machel, e o edifício dos serviços municipais, concretamente a área de finanças. Basicamente é isso que está a faltar, mas se nos visitarem vão ver que o nível de execução de obras dessas infra-estruturas está avançado e penso que daqui a pouco vamos inaugurá-las.

@V – O acesso a água potável tem sido um calcanhar de Aquiles para grande parte dos municípios de Moçambique. Qual é o ponto de situação em Dondo?

MC – Se tomarmos em conta o desempenho no nosso primeiro mandato, nós demos muita prioridade à área de abastecimento de água, fomos trabalhando na construção de fontes ou bombas de água em zonas onde a rede não chegava e depois viramos a atenção para dentro da cidade.

A rede de canalização estava totalmente obstruída e, em parceria com o FIPAG, tivemos de desencadear uma operação, tendo resultado num aumento da capacidade de fornecimento do precioso líquido. De 500m³ passamos para 2500m³, fizemos uma extensão de cerca de 80 quilómetros de água no bairro Central onde passa a conduta. Estamos a falar também dos bairros de Mafarinha e Consito. Agora estamos a trabalhar para dar água aos bairros Samora Machel e Canhandula. O nível de cobertura é praticamente total, não há bairros que se debatem com problemas graves de falta de água potável.

Antigamente, os munícipes caminhavam uma distância de um quilómetro ou pouco mais à procura de água, e hoje já não acontece isso; mesmo assim, as necessidades são crescentes uma vez que o número da população cresce e há zonas periféricas que precisamos de atender para que esse problema não seja uma preocupação. Estamos a falar de 90 porcento de cobertura.

@V – Na componente de saneamento do meio, o que é que foi feito?

MC – O saneamento do meio foi também uma das áreas prioritárias. Como se sabe, esta é uma zona baixa, embora tenha uma ligeira diferença com a cidade da Beira, mas de qualquer maneira tínhamos sérios problemas com o saneamento. Estamos a falar do saneamento no seu contexto global, ou seja, as valas de drenagem; quando chovia as águas não corriam, portanto, fizemos uma intervenção no bairro Central e outra em Nhamainga.

Construímos mais de 80 quilómetros de vala de drenagem. Por outro lado, adquirimos algumas unidades de transporte, estamos a falar de camiões e tractores. Há zonas residenciais onde, quando chovesse, se registavam imediatamente casos de cólera e diarreia. Edificámos 100 latrinas melhoradas e ecológicas. Isso ajudou bastante e a população percebeu também que, combatendo os charcos, podemos eliminar as doenças.

@V – O município dispõe de uma lixeira para o tratamento de resíduos sólidos?

MC – Temos uma lixeira municipal e daqui a pouco vamos construir uma lixeira maior e com todas as condições para o depósito de lixo, e fazer os aterros.

@V – O que foi feito para melhorar os assentamentos informais?

MC – Essa é a outra área que nós priorizámos. A cidade de Dondo foi nos tempos do conflito armado um local onde as populações vindas do interior paravam à procura de segurança e, neste movimento, as pessoas foram ocupando os locais onde não deviam ser erguidas habitações. Esse problema foi detectado logo de princípio e decidimos que devíamos, por um lado, reordenar os bairros densamente povoados.

A nossa preocupação é identificar zonas sem problemas de desordenamento territorial. Definimos como prioridade de reordenamento os bairros de Nhamaiabwe, Nhamainga e Consito, e esse trabalho foi feito com sucesso. No bairro de Nhamaiabwe fizemos cerca de 600 talhões e estamos a distribui-los aos munícipes.

A requalificação do bairro de Consito está na fase conclusiva, pois tivemos um financiamento relativamente pequeno. Naturalmente, tivemos de fazer a actualização do plano de estrutura onde definimos as zonas mais extensas para as várias actividades, designadamente habitação e indústria e zonas verdes. Aprovámos também um plano de gestão ambiental.

@V – No que toca às vias de acesso, houve alguma melhoria?

MC – No que respeita às vias de acesso também saímos vitoriosos. A nossa rede viária estava com grandes problemas de circulação de meios de transporte, sobretudo as áreas de acesso com zonas de produção, que é o caso de Mandruzi. Aqui na zona urbana o asfalto e o pavê nas ruas são fruto de uma actividade recente.

Começámos no segundo mandato e neste terceiro continuámos e há bem pouco tempo pavimentámos a estrada que começa na agência bancária do Millennium-bim até à Escola Secundária de Dondo. Esse é um projecto que se vai repetindo todos os anos e estaremos a melhorar também as vias de acesso, não só na parte urbana mas também nas zonas periféricas.

@V – Qual é a actual situação económica do município?

MC – Temos aquelas que são as receitas de transferências do Estado, o fundo de investimento e de compensação autárquica, e temos as nossas receitas locais. A nossa situação é boa em termos de cobrança de impostos, é verdade que as cobranças nunca estão no mesmo nível daquilo que são as nossas necessidades, mas se compararmos as receitas do primeiro mandato, do segundo com as do terceiro, nota-se um crescimento.

Estamos encorajados por aquilo que atingimos comparativamente aos anos anteriores. Os balanços feitos até ao momento mostram que ultrapassámos os 100 porcento de crescimento, agora estamos na casa de 150 ou 200 porcento.

@V – O comércio informal é uma actividade que cresce de forma desenfreada nesta autarquia. Essa é uma situação que preocupa a edilidade de Dondo?

MC – Obviamente. Por isso, assumimos essa questão de construção de mercado para organizar o comércio informal e também com o objectivo comum de melhorar a saúde pública. As populações vendiam nas ruas os seus produtos e isso trazia problemas para a saúde. Fomos construindo os mercados e agrupando os vendedores nesses locais.

Onde não conseguimos construir, há sempre uma organização, nós fazemos o controlo e cobramos taxas simbólicas. Para dizer que temos um certo controlo em relação a este grupo, e encorajamos os vendedores informais. Até agora construímos quatro mercados, que estão a contribuir para o crescimento das receitas e a redução das doenças diarreicas.

@V – Embora não seja da competência do Conselho Municipal, houve alguma intervenção nos sectores como a Saúde e a Educação?

MC – Na área de Saúde, construímos um centro de saúde no bairro de Thundane que dista 12 quilómetros do centro da cidade de Dondo. É uma zona que tinha grandes problemas, mas nós minimizámos. Erguemos duas casas para enfermeiros em Thundane e Samora Machel.

Comprámos uma ambulância para ajudar a deslocação de doentes, o que era um problema muito sério de Dondo para a cidade da Beira. Também adquirimos três bicicletas ambulâncias. Como sabe, o sector da Saúde não pertence ao município, mas comparticipámos tomando em consideração que é uma das preocupações dos nossos munícipes.

Na área de Educação, também temos vindo a comparticipar na construção de salas de aula, estamos a falar de quatro salas e os respectivos blocos administrativos e sanitários públicos. Também comprámos mais de 200 carteiras para as escolas que não tinham e pudemos constatar uma grande satisfação porque era um preocupação das nossas crianças que estudavam debaixo de cajueiros.

@V – Porque é que a nível do município ainda não existe transporte público para permitir a deslocação dos munícipes de um bairro para o outro?

MC – No ano passado introduzimos os “txopelas” para diversas zonas, mas os operadores acabaram por sentir que não havia viabilidade económica, porque as nossas vias não estavam em condições e pouca gente usa esse meio de transporte e, portanto, recuaram. Mas, neste momento, porque as necessidades crescem e porque há várias obras de construção de estradas acho que já está haver algum estímulo para os transportadores ou taxistas porem os seus veículos nessas vias. Neste momento, as moto-taxis garantem o transporte dos munícipes de um ponto para o outro. Na verdade, a situação de transporte está a ser minimizada.

@V – O que se pode dizer relativamente à rede eléctrica em Dondo?

MC – Conseguimos no ano passado iluminar de Canhandula até Samora Machel; foram mais de 18 quilómetros, e isso trouxe um impacto extremamente positivo, quer para a iluminação das casas, quer para a segurança pública. Continuamos a trabalhar até agora e a população sente que os seus problemas estão a ser resolvidos. O único aborrecimento que se verifica neste momento é a montagem do sistema de “Credelec”. Mas a energia já está a chegar à maioria dos bairros da cidade de Dondo.

@V – Vai-se recandidatar?

MC – Não sei. Geralmente, somos comandados pelo partido e costumo dizer que o município não é minha empresa nem do meu tio. Se fosse, eu diria que me iria recandidatar. Esta é uma matéria exclusiva do meu partido, mas estou pronto para trabalhar em Dondo, Cabo Delgado, Maputo e em qualquer outra província ou para exercer qualquer tarefa para a qual o meu partido acredita que tenho habilidades.

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