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Nampula sagra-se campeã do “Regional” de Karate Kimura Shukokai

Nampula sagra-se campeã do “Regional” de Karate Kimura Shukokai

A província de Nampula sagrou-se campeã, no último sábado (05), da IV edição do Campeonato Regional de Karate Kimura Shukokai, nas categorias de iniciados, juniores e seniores, em femininos e masculinos. Participaram na prova 55 atletas oriundos das províncias de Nampula e Zambézia, estando ausentes, devido à falta de fundos para custear o transporte e a alimentação, as de Cabo Delgado e Niassa.

Na competição, que durou aproximadamente sete horas, a província de Nampula, representada por duas escolas, nomeadamente o Centro Infantil Borboletas e Hu-chi doj, nos três escalões, amealhou sete taças de ouro, oito de prata e 11 de bronze, enquanto a província da Zambézia, também, representada por duas escolas obteve três taças de ouro, 11 medalhas de prata e cinco de bronze.

Tratou-se de uma prova cuja realização obrigou os juízes e os membros do jurados a não observarem as regras internacionais, ignorando assim algumas irregularidades, principalmente na especialidade de combate devido à falta de meios materiais, com destaque para protectores de dentes, peito, joelho, luvas, assistência médica, entre outros.

Apesar dessas dificuldades, os karatecas da cidade de Nampula, sobretudo os de escalões de iniciados e juvenis, disputaram a prova em regime misto (homens e mulheres), devido à insuficiência de equipas em ambos os sexos.

A formação esteve muito bem motivada e com o objectivo definido de levar o maior número de troféus, algo que foi demonstrado durante o desafio. Com a presença de pais e encarregados de educação, além de representantes da Federação Moçambicana de Karaté (FMK), da Direcção Provincial da Juventude e Desporto, e da Associação Moçambicana de Karate Shukokai, a pequenada de Nampula mostrou o que sabe fazer nas artes marciais.

A província da Zambézia representada, também, por atletas da cidade de Quelimane, deu tudo para conquistar as posições cimeiras naquela que foi considerada a maior prova de karate a nível da região norte do país.

Na categoria de katas, em iniciados femininos, a vencedora foi Aiyana Albano, de cinco anos de idade; o segundo lugar foi ocupado por Shelen Laquichi, de quatro anos, ambas da cidade de Nampula, e na terceira posição ficou Olímpia Abdala, de 8 anos, oriunda da cidade de Quelimane, tendo amealhado uma taça de ouro, uma medalha de prata e bronze, respectivamente.

Na especialidade de combate, ainda no mesmo escalão, Quione Kalimo e Shelen Laquichi, ambos de Nampula, e Olímpia Abdala, da cidade de Quelimane, ocuparam o primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente, enquanto em masculinos Rafael Ribeiro, de sete anos de idade, representante da província de Nampula, se sagrou campeão, e Leonel Casimiro e Ikaro Mindo ficaram na segunda e terceira posições, respectivamente, nas categorias de katas.

Na categoria de combate, Yanni Guimarães ocupou a primeira posição, seguido de David Martins e Ikaro Mindo, novamente, em segundo e terceiro lugar, todos da considerada capital do norte.

No escalão de juvenis, nas categorias combate e katas, Faira Arlindo Mema foi campeã nas duas, tendo amealhado duas taças de ouro, seguida de Mões Muchanga e Almeida Carlos, estes dois últimos da delegação da Zambézia com duas medalhas de prata e bronze cada um.

Em seniores, as taças de ouro foram divididas pelas duas províncias, sendo uma conquistada por Nito, da Zambézia, e outra por Octávio, de Nampula, na categoria de katas e combate, respectivamente. Abdul e Alice, da Zambézia e de Nampula, respectivamente, ocuparam o segundo e terceiro lugar em katas e, finalmente, em combate Aufe, de Nampula, e João, da Zambézia, terminaram na segunda e terceira posição.

Reacção dos intervenientes

Taiyob Aminudine, de oito anos de idade, natural de Quelimane, província da Zambézia, que alcançou o segundo e terceiro lugares em katas e combate, respectivamente, mostra-se satisfeito por ter participado no campeonato, mas não dá muito valor aos resultados.

“Não gostei porque combati com candidatos mais velhos, facto que influenciou os resultados”, refere. Faira Arlindo, de 13 anos de idade, natural de Nampula, ocupou o primeiro lugar nas categorias de katas e combate em juvenis-mistos. Ela defende que a vitória resulta de muito sacrifício, calma e muitos treinos.

“Não estava confiante na vitória porque combati com rapazes, mas com fé, acabei superando os adversários e amealhei resultados que nem esperava”, disse a adolescente, tendo acrescentado que é a segunda vez que participa num campeonato do género.

A nossa interlocutora sublinhou que nunca vai abandonar a actividade até que alcance o seu sonho de se tornar instrutora das gerações vindouras na modalidade que pratica desde os três anos de idade.

“Não alcançámos os objectivos traçados”

O presidente da Federação Moçambicana de Karate (FMK), Carlos Dias, diz que a sua agremiação não alcançou os objectivos, que eram os de unir todas as delegações da região norte para disputarem aquela que é a maior prova da modalidade a nível daquela região. O nosso entrevistado afirmou que, apesar disso, foram atingidos os objectivos que considerou secundários, que eram os de expandir a modalidade, sobretudo nas camadas de iniciados ou infantis, em que existem poucos praticantes.

“Estamos satisfeitos, apesar de não termos aplicado as regras internacionais. Além disso, se nós as aplicássemos, não haveria campeonato regional, razão pela qual adoptámos as regras locais reconhecidas pela Federação Mundial, tudo por falta de material desportivo ”, explicou Dias.

Aquele líder desportivo acrescentou que um dos problemas que fez com que as regras fossem ignoradas tem a ver com a inexistência de meios, associados aos recursos financeiros. Ele disse que se fossem observadas os regulamentos exigidos, teriam surgido muitos acidentes naquela prova.

“Se nós cancelássemos a campeonato devido a estes problemas, estaríamos a matar a modalidade na região norte, porque estas dificuldades não são recentes. Nós fazemos esforços para promover o karate, o que se tem tornado muito difícil devido a questões financeiras ”, rematou.

FMK sem fundos para estar presente no “Mundial” de karate

A falta de fundos poderá comprometer a participação de 32 dos 44 atletas, apurados e seleccionados em todos os escalões, nomeadamente juniores, juvenis, cadetes, sub-21, seniores e veteranos, no Campeonato Mundial de Karate Kimura Shukokai, evento agendado para 20 a 25 de Julho corrente na África de Sul.

Presentemente, a FMK possui 150 mil meticais, parte desse valor foi doado pelo Governo, dos 573 mil meticais que são necessários para custear as despesas dos atletas, dirigentes e médicos da selecção moçambicana, naquela que é considerada a primeira maior prova da modalidade a nível do mundo.

De acordo com Carlos Dias, o valor não é suficiente para cobrir os gastos dos 12 atletas em questão, uma vez que, pelos cálculos feitos, o montante só servirá para as despesas de três, estando a federação a fazer diligências para levar aqueles karatecas ao “Mundial” da África do Sul.

“Não temos fundos para suportar todos os atletas, vamos optar por levar apenas 12 atletas, sendo cada um em representação de uma província como forma de ter o país todo representado no “Mundial”, e os restantes vão ter de procurar outras formas”, disse Dias.

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