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Namicopo: Um bairro multifacetado

Namicopo é um dos poucos bairros da cidade de Nampula que se pode orgulhar do seu crescimento nos últimos tempos. O comércio informal, a criminalidade, o desemprego e a prostituição fazem dele um local inóspito. Com características próprias, presentemente Namicopo é, na verdade, um lugar multifuncional.

O bairro de Namicopo localiza-se no posto administrativo com o mesmo nome, num espaço que torna orgulhosos os residentes pela disponibilidade de recursos. A população, maioritariamente proveniente do litoral da província de Nampula, realiza diversas actividades para garantir o seu sustento. Vende-se um pouco de tudo, desde água gelada, banana, amendoim torrado, até bolinhos feitos de farinha de trigo, entre outros produtos. Grande parte dos moradores é desempregada.

Apesar da falta de emprego, os jovens não cruzam os braços. Muitos dedicam-se, além dos estudos, ao trabalho de barbeiro, sendo que as instalações são construídas ao longo da estrada que separa os bairros de Namicopo e Carrupeia. A mesma estrada serve de mercado informal. É possível constatar que ao longo dela são improvisadas barracas de venda de utensílios domésticos e vestuário.

A mencionada estrada que dá acesso ao posto administrativo de Namicopo é tida como um corredor para a realização de outras actividades, sejam lícitas ou ilícitas. As casas de pasto são construídas nas suas extremidades, facto que suscita o recrudescimento da criminalidade, e da prostituição, incluindo venda de cannabis sativa, vulgo soruma.

Algumas senhoras praticam a dança tradicional Tufo, uma actividade que está a ser expandida por todas as regiões da província de Nampula, e do país em geral. A actividade é levada a cabo como uma prestação de serviços e são cobrados valores monetários para custear as despesas do grupo, nomeadamente a compra de novos instrumentos musicais e vestuário.

Educação

O sector da Educação revela que os estudantes jovens e adolescentes só se interessam pelo ensino com vista a dominarem apenas a escrita e a leitura e não para se prepararem para um crescimento na vida académica, prosseguindo com os estudos. Depois de concluir o ensino médio (12ª classe), os jovens não beneficiam de oportunidades de formação no ensino superior ou no mercado de trabalho. Em termos estatísticos, não foi possível obter dados relacionados com os níveis de aproveitamento pedagógico, a partir das autoridades do sector da Educação.

A participação da rapariga nos estudos é bastante fraca, a avaliar pelo número de mulheres em estado de gravidez, algumas já com filhos e casadas. A avaliação não foi feita através de números oficiais, mas pela constatação das jovens mães e chefes das respectivas famílias que desenvolvem actividades comerciais, em condições difíceis, na tentativa de garantir o sustento dos seus filhos.

Em termos de infra-estruturas escolares, o bairro dispõe de um total de três escolas, sendo duas do ensino primário do primeiro e segundo graus, incluindo do ensino secundário geral. No que diz respeito a desistências, soubemos que as raparigas constituem a maior percentagem dos números registados no decurso do ano lectivo 2012. Quanto aos rapazes, tal deve-se ao facto de muitos estarem preocupados com os rendimentos das actividades que realizam nos tempos de lazer.

Fornecimento de energia

O fornecimento de energia eléctrica para a iluminação da via pública não está a ser uma realidade em algumas vias de acesso do bairro de Namicopo. Esta situação deve-se ao facto de as estradas serem muito estreitas e não oferecerem boas condições de transitabilidade aos automóveis. A maior parte das residências usa a rede eléctrica, cujas ligações são feitas de forma clandestina.

Pode-se afirmar que a cobertura da rede eléctrica é abrangente, seja nas residências construídas com base em material de construção precário ou convencional, mas o fraco poder de compra dos respectivos residentes faz com a maioria das casas seja construída com base em material tradicional. Grande parte da população sobrevive à base de pequenos negócios, prática de actividades agrícolas e outra exerce trabalho remunerado nas instituições do Estado e privadas.

Vias de acesso

Das infra-estruturas existentes nem Namicopo destacam-se a estrada que vai até à sede do posto de Namicopo que serve de separação entre os bairros de Namicopo, Carrupeia, e Aeroporto Internacional de Nampula. As estradas daquela zona residencial são muito estreitas devido à construção de casas numa área abandonada pelo ordenamento territorial da cidade, situação aliada ao crescimento da população.

No período chuvoso, as estradas ficam alagadas e não oferecem boas condições de transitabilidade. Ao longo das pequenas ruas são formados pequenos charcos porque o próprio sistema de esgotos é deficiente desde os primórdios do surgimento do bairro. O mau estado das vias faz com que seja reduzido o tráfego de veículos motorizados.

Transporte público de passageiros

O transporte de passageiros, sobretudo os semicolectivos, continua quase inexistente devido ao número reduzido de carros que são disponibilizados por proprietários privados. Os residentes de Namicopo, que desenvolvem trabalhos por conta própria, e outros que trabalham nas instituições públicas ou privadas, optam por caminhar ou alguns tomam o “Táxi-mota”, um transporte recentemente introduzido por iniciativa dos moradores, como tentativa de fazer face ao défice dos transportes.

Os quatro autocarros que foram introduzidos pelo Conselho Municipal de Nampula não foram colocados na rota do bairro de Namicopo. Não se conhecem as razões que ditaram a exclusão dos munícipes daquela região da cidade em relação aos serviços de transportes. Mesmo com o reduzido número de transportadores semi-colectivos de passageiros, os mesmos não realizam a sua actividade até às 19 horas. Os operadores justificam-se afirmando que o bairro não oferece condições para o desenvolvimento da actividade durante o período nocturno. Muitos automobilistas são ameaçados e muitas vezes acabam por ser vítimas de roubo dos valores provenientes das receitas diárias. “É arriscado trabalhar durante a noite neste bairro, porque nas paragens ficam pessoas duvidosas”, disse Júlio Daúdo, de 36 anos de idade.

Criminalidade

Namicopo já foi considerado o local onde há o maior número de gatunos que na calada da noite agridem pessoas indefesas. Nas suas incursões nocturnas, os “amigos do alheio” usam diversos instrumentos contundentes como catanas, machados, facas, entre outro material. Houve tempos em que era difícil circular pelas ruas de Namicopo a partir das 19 horas.

Muitos cidadãos guardam experiências amargas daquele bairro porque perderam os seus parentes e familiares em agressões perpetradas pelos malfeitores.

Saneamento do meio ambiente

Ao longo das ruas de Namicopo, é possível constatar que as mesmas estão a ser sufocadas pelos depósitos de lixo, em grande quantidade. Isso revela que o nível de consciencialização dos residentes é muito baixo. Os moradores não obedecem às regras de saneamento do meio ambiente, a par da falta de higiene individual e comunitária.

As autoridades comunitárias locais mostram-se preocupadas com a situação porque, segundo explica o secretário do bairro, as campanhas de limpeza promovidas têm registado pouca participação da população. Esta não beneficia dos serviços básicos do Conselho Municipal, com destaque para a recolha dos resíduos sólidos. O acesso deficiente às vias complica a entrada das máquinas da edilidade para fazer a recolha do lixo.

Embora reconheçam as dificuldades inerentes a este processo, os munícipes manifestam-se agastados com a edilidade por esta inoperância dos técnicos que são responsáveis pelo processo de recolha de resíduos sólidos. Esta insatisfação tem a sua origem no facto de os moradores estarem a efectuar o pagamento da taxa de lixo.

Abastecimento de água

No tocante ao processo de abastecimento de água, o secretário do bairro de Namutequeliua afirmou que a população está a beneficiar daquele precioso líquido para satisfazer as suas necessidades básicas, no sentido de garantir a higiene individual e colectiva, mercê da instalação da rede pública de abastecimento através da canalização nos seus quintais, incluindo furos tradicionais.

A rede pública é sustentada por fontenários que servem para abastecer a população que não possui água canalizada nas suas residências. Algumas unidades comunais estão a registar sérias dificuldades relacionadas com o seu fornecimento.

Historial do bairro de Namicopo

No que diz respeito ao período de surgimento do bairro de Namicopo, as fontes que o @Verdade contactou não têm o mínimo de conhecimento em relação ao ano em que foi criada aquela zona residencial, mas soubemos que o histórico nome de Namicopo, que é conhecido à escala nacional e além-fronteiras devido às actividades culturais que os residentes praticam, deriva do nome de um rio chamado Namicopo que tem como nascente a grande lagoa situada nas proximidades do Aeroporto Internacional de Nampula, e vai desaguar no rio Monapo.

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