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Na capital líbia, moradores se conformam com vitória de Khadafi

Os negócios nunca estiveram tão bons para Abdul Basit Sawaan, gerente de uma loja que vende fardas para apoiantes do líder líbio, Muammar Khadafi. Se no leste do país os rebeldes enfrentam ferozmente as tropas governamentais, em Trípoli, a capital, muita gente como Sawaan já aposta numa vitória do veterano governante, no poder desde 1969.

Falando sob um grande retrato do líder, Sawaan disse que sua empresa recebeu um impulso inesperado no mês passado, quando apoiadores de Khadafi se reuniram na sua loja para comprar equipamentos do Exército. “Há muitos voluntários querendo lutar contra os terroristas”, disse Sawaan, enquanto assistentes levavam coturnos e fardas cáqui para dentro da loja. “Tenho certeza de que Khadafi vai vencer.”

Depois de perder para os rebeldes o controle sobre partes da Líbia, o Exército de Khadafi, com ajuda de milicianos e civis armados, faz nos últimos dias rápidos progressos nos territórios dos insurgentes. Em Trípoli, as ruas são patrulhadas por temíveis milícias, e muitos parecem estar silenciosamente resignados com a permanência de Khadafi. E, como muitas empresas dependem do sistema vigente, o conceito de invencibilidade de Khadafi, cultivado ao longo das décadas, parece estar bem vivo.

A vasta máquina líbia da propaganda estatal atrai multidões às ruas de Trípoli para criar uma impressão de apoio esmagador ao dirigente. A praça Verde, no centro da capital, parece agora receber uma interminável manifestação de apoio a ele, com frequente presença de bandas de música, fogos de artifício e pessoas com bandeiras. “Só queremos Khadafi”, disse Fatima Abu Humeida, que se dirigia a uma manifestação na companhia de duas amigas que levavam retratos do líder.

As tentativas de jovens líbios de realizar protestos em Trípoli, seguindo o modelo de bem sucedidos levantes populares nos vizinhos Egito e Tunísia, foram violentamente reprimidas. Bairros inteiros, como o de Tajoura, tentaram desafiar o regime, montando barricadas e realizando protestos. Agora, no entanto, sua determinação parece ter sido esmagada. “Khadafi vai tomar Benghazi (principal reduto rebelde, no leste) em uma, talvez duas semanas. Não é como antes. Olhamos para o Egito. Foi emocionante”, disse o universitário Ferat. “Agora mudou, e todos estão em casa.”

Trípoli, onde vivem 2 dos 7 milhões de habitantes da Líbia, parou no mês passado, quando os rebeldes avançavam rapidamente no leste. Agora, a cidade voltou ao seu burburinho habitual nas ruas e cafés. Mas a produção de petróleo do país continua reduzida, e relatos de escassez de comida e remédios em outras regiões deixam no ar um clima palpável de nervosismo e insegurança.

Muitos acreditam que os distúrbios ainda poderão voltar a qualquer momento. “O problema é a economia. Eles estão derrotando as pessoas, mas isso não significa realmente que haverá paz”, disse Mohammed Ibrahim, gerente de um restaurante em Trípoli. “Se Khadafi não criar empregos e gerar investimentos, a Líbia não ficará estável. Haverá uma grande quantidade de jovens com raiva e que podem aderir a grupos como a Al Qaeda.”

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