“De novo não” era o único pensamento estimulando o etíope, bicampeão olímpico, Mo Farah a dar mais do que o máximo da sua velocidade e resistência para conquistar a vitória nos 10 mil metros no campeonato mundial neste sábado.
Farah tinha percorrido três quartos de sua famosa disparada final mas ainda tinha o etíope e detentor do título Ibrahim Jeilan, que lhe tirou o ouro tão dolorosamente dois anos atrás, junto ao ombro.
No último mundial em Daegu, Jeilan cruzou a linha por pouco e roubou do britânico o seu primeiro título mundial, mas desta vez ficou assistindo seu rival vencer com o tempo de 27min21seg71.
O etíope teve que se contentar com a prata em 27min22seg33, e o queniano Paul Tanui levou o bronze com 27min22seg61.
“Lembro que dois anos atrás quase exatamente a mesma coisa aconteceu”, disse Farah numa coletiva de imprensa. “Na última volta, via que ele estava ali e pensava ‘você tem que fazer essa volta contar, mas ao mesmo tempo guardar alguma coisa pro final”.
Farah, franco favorito e disputando sua primeira prova de longa distância desde sua vitória na Olimpíada de Londres, parecia calmo e concentrado durante a final. Sabendo que podia superar seus rivais na recta da meta, Farah contentou-se em misturar-se com o grupo durante a maior parte da corrida, deixando os quenianos e etíopes determinarem o ritmo antes de tomar a iniciativa na penúltima volta.
O corredor de 30 anos, que trabalhou com o treinador de velocidade John Smith para afiar sua velocidade na chegada, assumiu a dianteira e começou a aumentar o ritmo. Jeilan o seguia de perto, mas no retão já sabia ter perdido o título. Saudado por uma plateia esparsa, o britânico cruzou a linha de chegada com os braços abertos.