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Obituário: Mundau Oblino Magaia (1939-2013)

Obituário: Mundau Oblino Magaia (1939-2013)

Morreu, a 15 de Julho passado, aos 74 anos de idade, o escultor, poeta e músico moçambicano Mundau Oblino Magaia, em virtude de ter ficado acidentalmente soterrado quando extraía areia no quintal da sua residência, no bairro de Matalana, no distrito de Marracuene, na província e Maputo. Muito jovem, o malogrado já fabricava violas a partir de latas de azeite de cinco litros, com recurso a barras de madeira e cordas de sisal, e imitava artistas consagrados. Devido à influência que teve de alguns promotores da Marrabenta, tais como Tinguana Muhluine e Dilon Ndjindji, ele descobriu, precocemente, a sua vocação para a música.

Em 1957, Mundau Magaia emigrou para a vizinha República da África do Sul a fim de se tornar mineiro, onde conheceu outro compatriota, o pintor Mankeu Mahumana, também residente em Matalana.

Depois de regressar daquele país, Oblino trabalhou em Lourenço Marques, actual Maputo, numa agência de publicidade denominado “Inter”, com Luís Bernardo Honwana, José Luís Cabaço e Malangatana Valente Ngwenha, este último conterrâneo do artista em alusão.

Influenciado pelo seu pai, cujo ofício era produzir esculturas com base em madeira de mafurreira, tempos depois, Oblino fixou-se no bairro do Aeroporto, onde começou a “cavar” as estatuetas.

Nessa altura, Malangatana apresentou-o ao mestre Alberto Chissano, também falecido, que o ensinou a desenvolver a arte de esculpir.

Em 1969, Oblino participou em várias exposições a nível nacional e internacional, a destacar a colectiva de Londres, no “Camden Arts Centre”, denominada “Noventa Artistas Africanos Contemporâneos”. No mesmo ano, ele realizou a sua primeira exibição individual, com a apresentação de Malangatana.

Em 1971, participou na exposição colectiva “Arte Negra 71” e realizou a sua segunda mostra individual. Conta-se ainda a sua participação nas amostras, a “Exposição Arte Popular”, alusiva ao 1º Aniversario da Independência Nacional; “Homenagem a Picasso dos Artistas de Moçambique”, em 1983, e “Artes Plásticas da República de Moçambique”, no Porto, em Portugal.

Em 1991, Oblino tomou parte na exibição “TDM 91” e, em 1993, numa exposição colectiva dos “discípulos” do mestre Chissano, no “Círculo-Galeria de Arte”, em Maputo.

Em 2001,  realizou uma amostra colectiva, novamente na “Círculo-Galeria de Arte” e, em 2002, organizou, com outros artistas, os “Murmúrios”, no Sindicato Nacional de Jornalistas, na capital moçambicana.

Como músico, ele criou o grupo “Xikuwa-Kuwa” de Matalana, do qual, entre os 12 elementos, se destacavam Madudu, Percina, Nwarope e Malangatana. O desempenho deste conjunto atinge o seu ponto mais alto aquando da apresentação da peça teatral “Os Noivos ou Conferência Dramática Sobre o Lobolo”, de autoria de Lindo Nhlongo.

Em 1983, Oblino ganhou uma bolsa de estudo oferecida pela Bulgária, onde aprendeu a esculpir em mármore e, mais tarde, desenvolveu o seu ofício trabalhando a pedra. Através das obras resultantes destas técnicas, ele está representado no Museu Nacional de Arte, em Maputo. Em 2005, o artista obteve um prémio do Fundo para o Desenvolvimento Artístico e Cultural (FUNDAC). Foi, até à data da sua morte, animador de artes em Matalana.

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