Os Ministérios do Interior e da Justiça devem melhorar a coordenação e actuação nos seus esforços de combate a criminalidade no pais, com vista a estancar este mal que enferma a ordem e tranquilidade publicas.
Este sentimento foi expresso hoje, em Maputo, durante um encontro que a Esposa do Presidente da Republica, Maria da Luz Guebuza, manteve com as mulheres dos bairros periféricos da capital moçambicana, no âmbito da visita que vem efectuando, desde Segunda-feira a esta urbe.
No encontro, as mulheres disseram que as comunidades têm trabalhado com a Polícia da República de Moçambique (PRM) na captura de criminosos, entretanto, estes são soltos pelos tribunais.
Gertrudes Tembe, moradora do Bairro Zimpeto, apontou os tribunais como sendo “o maior problema no combate a criminalidade”, porque, segundo ela, os criminosos que são encaminhados a estas estancias, para o devido julgamento, acabam sendo libertos, sob alegação de insuficiência de provas.
A interlocutora explicou que quando os criminosos saem da cadeia procuram vingar-se das pessoas que os denunciaram a polícia, uma situação que pode levar a morte dos denunciantes.
Gertrudes Tembe pediu a Primeira Dama no sentido de fazer chegar a quem de direito a preocupação das mulheres relativamente a falta de coordenação entre a Policia e a Justiça.
“O problema são os tribunais que tiram estes criminosos. Nos temos trabalho com a polícia no combate a criminalidade, mas criminosos são soltos pelo tribunal e voltam a praticar o mesmo crime. Então, é preciso trabalhar com os tribunais para combater a criminalidade. Estes criminosos voltam para as casas das pessoas que denunciaram ou contribuíram para que fossem presos e vingam-se. As vezes acabam por matar”, explicou.
Gertrudes Tembe sublinhou haver casos de polícias que estão ligados aos criminosos.
Para ela, os polícias envolvem-se no mundo do crime por causa das condições de vida, uma vez que os salários que auferem são muito baixos.
“Há casos de polícias que entram na criminalidade, alguns deles alugam as suas armas aos criminosos para terem algum dinheiro porque o salário que recebem é baixo”, disse, pedindo ao Governo para reflectir sobre a situação.
Por seu turno, Fornelia Mucavele Dimas, enfermeira de profissão, defendeu, na ocasião, que os dois ministérios (Justiça e Interior) devem adoptar uma estratégia comum de combate a criminalidade.
Fornelia chegou a propor o retorno aos milicianos que existiam no período posindependência em Moçambique, que contribuíram, sobremaneira, para que o índice de criminalidade no país fosse reduzido naquela altura.
Outra interveniente foi Maria Siabe, do bairro “3 de Fevereiro”. Ela aliou a criminalidade à falta de vagas nas escolas e ao desemprego.
Segundo Maria Siabe os empregos que existem são distribuídos por aqueles que têm influencias e não por aqueles que realmente querem trabalhar.
“Os nossos filhos entram na bandidagem por falta de oportunidades. As empresas são encerradas no país e os nossos maridos ficam sem emprego. Os nossos maridos e filhos não têm trabalho, mas precisam sobreviver. Pedimos o Governo para criar mais postos de trabalho, onde para ingressar não seja preciso ter padrinhos”, afirmou.
Por seu turno, a Primeira Dama disse que todos os moçambicanos devem ser vigilantes, e que cada um deve saber quem vive no seu bairro e saber identificar os estranhos.
A Esposa do Presidente da República pediu para que as pessoas tenham confiança nas instâncias da justiça e colaborem com a polícia nas suas zonas, para prevenir e combater a criminalidade.
“Temos que ser vigilantes. Devemos conhecer as pessoas que vivem no nosso bairro e controlar os estranhos para evitar a criminalidade. Não vamos deixar que os criminosos vivam no nosso bairro, vamos denunciar e trabalhar com a polícia. Vamos ter fé na justiça do nosso país porque o nosso Governo está a trabalhar para mudar essa situação dos polícias prenderem os criminosos e, quando o caso chega no tribunal, estes são soltos por falta de matéria”, explicou.
No encontro com as mulheres foram igualmente abordadas questões relacionadas com as doenças que afectam a capital do país como a cólera, malária e HIV/SIDA.
O objectivo do mesmo era de encontrar soluções para os problemas que afectam a cidade de Maputo, tendo em conta que as soluções para todos os problemas estão ao alcance dos moçambicanos no geral, e dos maputenses, em particular