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Muitos projectos conjuntos em risco

A tensão entre Moçambique e o Malawi poderá ensombrar, para além das relações bilaterais, o curso de alguns projectos em carteira e considerados fundamentais, sobretudo no sector dos transportes e comunicações e energia nos dois países.

Neste momento, para além do polémico projecto da navegabilidade dos rios Zambeze e Shire, o Malawi tem em projecção a construção de um “pipeline” para o transporte de combustíveis, ligando o porto da Beira à província de Nsanje, sul daquele país e a construção de uma linha férrea entre a cidade de Lilóngwé e Harare (Zimbabwe), que atravessará Moçambique através da província de Tete, projectos que, enquanto as autoridades malawianas dizem terem já sido apresentadas ao executivo de Maputo, este diz não ter conhecimento formal dos mesmos. Assim, diz Maputo, esperamos deste procedimento para nos pronunciarmos.

Por outro lado, Moçambique tem em projecto a construção da linha férrea Moatize-Nacala, que, necessariamente, deverá passar pela região sul do Malawi. Trata-se de projectos que, em alguma medida poderão estar em causa, caso a diplomacia não vingue.

Questionado se a actual tensão não poderá pôr em causa estes projectos ou as relações diplomáticas entre os dois países, o embaixador do Malawi, Martin Kansichi, disse quarta-feira, que “nós não queremos que afecte. Queremos continuar a fazer as coisas juntos, pois partilhamos muita coisa juntos e assim queremos que continue”.

Um dos grandes projectos previstos para os próximos anos em Moçambique é a construção da Barragem de M’panda Nkuwa, cuja energia contará com os países da região da SADC como potenciais clientes.

Numa altura em que o Malawi já mostrou o seu boicote ao consumo da energia moçambicana, gerada na Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), nada indica, neste momento, que terá posicionamento diferente para a energia de M’panda Nkuwa.

Questionado sobre esta questão, o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, disse terça-feira, durante o briefing do final da sessão do Conselho de Ministros que “não estamos preocupados com clientes. O Malawi não está a comprar a energia da HCB e esta está a funcionar”.

Apesar de todo o optimismo diplomático entre as duas partes, analistas da política internacional consideram que a actual situação é um alarme para que os dois países possam sentar à mesa em busca de entendimentos e melhoria das suas relações, cuja tensão pode dividir a região.

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