A morte, domingo passado em Maputo, de Agostinho Chaúque, o bandido até então mais procurado pela Polícia moçambicana (PRM), pode constituir um alívio não só para o país mas também para a região, em particular a vizinha África do Sul, onde ele era também procurado pela polícia local.
No cadastro do famigerado Chaúque constam diversos crimes, com destaque para homicídios e roubos de dinheiro e viaturas com recurso a armas de fogo. Em vida, Chaúque comandava um perigoso “exército” de bandidos, em algum momento chefiado por Mário Mandonga, morto pela Policia em Fevereiro de 2007 numa operação gigantesca que contou com a participação da Força de Intervenção Rápida (FIR) Agostinho Chaúque tornou-se mais notável ainda quando em 2007 houve uma série de assaltos a instituições bancárias da região Sul do país, com maior destaque na cidade de Maputo, e assassinatos de agentes da Policia, sendo ele o principal acusado pela prática da maioria destes crimes.
Falou na terca-feira, em Maputo, à imprensa, o porta-voz do Comando-geral da PRM, Raul Freia, disse que o nome de Agostinho Chaúque constava também na lista dos criminosos procurados pela polícia sul-africana. “Nós trabalhamos com a policia sulafricana ao nível da Interpol e ele (Chaúque) era também referenciado lá acusado de prática dos mesmos crimes de roubo de bens como dinheiro e viaturas com recurso a armas de fogo”, disse Freia, durante o habitual encontro semanal com a imprensa. Entretanto, as circunstâncias da morte deste criminoso ainda são um pouco obscuras.
A Policia diz que a sua morte resultou de uma bala disparada por um dos seus agentes em Maputo, mas a família do malogrado afirma que o seu ente-querido foi morto pelos seus comparsas numa situação de ajuste de contas. A versão da Policia refere que a estória começa quando Chaúque e a sua gang, transportados em duas viaturas, interceptam um cidadão português no bairro da Polana Cimento, centro da cidade de Maputo, a quem pretendiam roubar uma viatura de marca Jeep. Este caso deu-se por volta das 20 horas de domingo último. Segundo contou Freia, o cidadão português terá oferecido alguma resistência, situação que chamou a atenção de uma equipa de agentes da Polícia na altura em missão de patrulhamento.
A Polícia diz ter sido forçada a disparar contra os bandidos e, na troca de tiros, dois dos cinco malfeitores foram atingidos, mas todos eles puseram-se em fuga. Ainda na mesma noite, a PRM veio a encontrar o corpo de Agostinho Chaúque abandonado numa viatura que se encontrava imobilizada ao longo da Estrada Nacional Número Quatro, na Matola. Chaúque tem sinais de uma única bala disparada contra a sua testa. Contudo, uma fonte familiar citada pelo jornal “O País”, na sua edição de hoje, refere que Chaúque foi morto por alguns elementos da sua quadrilha revoltados por ele não os ter pago o dinheiro combinado resultante de um crime de contrabando.
De acordo com essa fonte, Chaúque e os seus comparsas realizaram contrabando de cigarros de Zimbabwe para a África do Sul e de bebidas alcoólicas da vizinha África do Sul para Moçambique, crimes de que cada um devia receber um valor aproximado a 500 mil rands. Mas, segundo a fonte, Chaúque negou pagar esse dinheiro aos seus comparsas, situação que os terá levado a decidir o matar, segundo acreditam os familiares do bandido. Questionado sobre esta versão, Freia escusou-se a comentar, alegando que cada um é livre de dizer o que pensa.
“Eu não quero tirar mérito ao que a família diz. Cada um está livre de dizer o que pensa. Pode se ter dito algo com o interesse de sufocar algum dado da investigação”, disse Freia, acrescentando que “a força da Polícia vai continuar com mais vigor a trabalhar com vista não só a neutralizar os outros membros desta quadrilha, mas outros também que perturbam a ordem e tranquilidade pública”. As zonas de penumbra deste caso têm a ver com o facto de, depois da dita troca de tiros em Maputo, ocorrida por volta das 20 horas, o corpo de Chaúque só sido encontrado abandonado na Matola, a pouco mais de 10 quilometros, cerca das 22 horas.
A Polícia disse que activou todos os seus recursos no terreno para a perseguição a este grupo depois da fuga deles na Polana Cimento. Nenhuma viatura ficou danificada em resultado do tiroteio entre a Policia e o grupo dos cinco (ou seis) bandidos. A única bala localizada até ao momento é a que ficou cravada na testa do malogrado. No espaço do crime, havia um mínimo de três viaturas, duas dos bandidos e a outra do cidadão português. O cidadão português conseguiu oferecer resistência a um grupo de cinco (ou seis) bandidos profissionais e munidos de armas de fogo.
A PRM diz que está ainda a investigar este caso em várias vertentes, incluindo a origem da bala responsável pela morte de um dos bandidos que mais trabalho deu ao país, aos sul-africanos e não só.