No distrito de Moma, região sul da província de Nampula, as populações residentes na vila sede, defendem o envolvimento de médicos tradicionais para, alegadamente, intercederem junto dos espíritos, com vista a “apurarem” as verdadeiras causas que estão na origem das sucessivas avarias do pequeno sistema de abastecimento de água, desde que iniciaram as obras de reabilitação, já lá vão dez anos.
Este sentimento popular já foi comunicado ao governador de Nampula, Felismino Tocoli, no decurso de um comício orientado por ele naquela região da província. Os projectos sucessivos de reabilitação do pequeno sistema de abastecimento de água à vila de Moma, iniciados desde 1998 e financiados pelo governo, em valores não especificados, consistiram na reabilitação do sistema de captação, renovação da tubagem, expansão da rede, mas, mesmo assim, a água ainda não jorra nas torneiras de Moma.
Tal faz com que as comunidades de vila de Moma fiquem incrédulas a esta aparente “incapacidade” da ciência e tecnologia, de trazer a água às cerca de 127 mil pessoas ali residentes, bem como aos sectores públicos e privados ali em funcionamento, como é o caso do centro de saúde, cadeia distrital, estabelecimentos de ensino e hoteleiros.
Se não aguentam, pedimos que chamem os médicos tradicionais para procurarem saber o que se passa afinal das contas, pois que estamos a sentir demora na conclusão das obras, senhor governador” – disseram num comício popular. Felismino Tocoli reconhece que está a demorar a chegada de água às populações da vila sede de Moma e não só.
Segundo ele, já temos um programa que contempla a realização de uma intervenção profunda, para ver se podemos operacionalizar o pequeno sistema de abastecimento de água à vila de Moma. As autoridades distritais confrontam- se com sérios problemas de falta de dinheiro para direccionar àquela rubrica, dai deve vir de fora que todo o tipo de acção visando a operacionalização daquela infra-estrutura. O distrito de Moma, que compreende os postos administrativos de Macone (sede), Chalaua, Larde e Mucuali, figura entre os menos beneficiados pela rede de cobertura de água às populações.
Segundo o governador Tocoli, actualmente a cobertura de abastecimento daquele precioso liquido é de 30 por cento, contra cerca de 40 de outros pontos da província. Não é porque não foram feitas intervenções de grande vulto na área de abastecimento de água em Moma. O que acontece é que esta região é a mais povoada – referiu Tocoli.
As estatísticas indicam que apenas 1 por cento da população tem acesso à água dos fontanários, outros 5 por cento bebem este liquido retirado directamente dos rios e lagos, e os restantes 95 por cento servem-se de outros tipos de fontes.