Moçambola: por obra e graça de Liberty

Em jornada de derby, o Maxaquene foi ao Zimpeto vencer, com justiça, o eterno rival. A distância em relação ao Desportivo (agora terceiro) voltou aos cinco pontos.

Acabou a primeira volta do Moçambola. Mas não há tempo para paragens. O campeonato segue em mais uma viagem, 13 jornadas com suficientes motivos de interesse para prender os adeptos aos campos.

O líder venceu, nada de novo aqui, pensará o leitor. Mas reduzir um jogo ao resultado é retirar a fina essência do futebol. O Maxaquene ganhou com recurso à bomba, o Desportivo pagou a factura de ter recuado em demasia. O golo libertador aconteceu para lá do último minuto. Kito cruzou para o coração da área, um ressalto levou a bola aos pés de Liberty, na entrada da grande área, de onde só foi parar nos fundos da redes de Leonel.

Na Matola, na ressaca do desaire da Taça, a Liga recebeu o Atlético Muçulmano. Artur Semedo reconhecera falhas de concentração no passado recente, mas a derrota frente ao Maxaquene ainda não acordou o campeão, apesar da vitória pela margem mínima no domingo. Não houve Jerry, mas surgiu Dário a agitar as redes da baliza do Atlético Muçulmano. Porém, o futebol apresentado pelo campeão é sofrível.

A 15ª jornada, aliás, comprovou a riqueza dos maiores plantéis. Tricolores sem Tony, nem Genito. Muçulmanos sem Jerry.

A cada baixa, uma oportunidade. Na Liga Muçulmana-Atlético Muçulmano, por exemplo, Jerry saiu para abrir as portas a Telinho. O miúdo entrou para brilhar, feito gente grande, frente a um Atlético sem paralelo com o passado recente.

Na Beira, ao início da tarde de domingo, surgiu mais um talento a dar vantagem ao Ferroviário da Beira. Desta vez, Félix, com um remate de primeira, após assistência de Maninho. Para o fim, o balde de água fria – um golo de Gabito a impor o empate a uns locomotivas que merecem elogios pela forma como abordaram o jogo.

Excluído o trio do costume, com lugares reservados no pódio, eis então os resultados que agitaram a tabela.

David Mandigora teve uma tarde agradável, recebeu e bateu o Matchedje. O Vilankulo FC foi à açucareira de Xinavane empatar com o Incomáti (0-0).

O Ferroviário de Nampula venceu (1-2), em Maputo, terra do outro Ferroviário, subindo em direcção ao meio da tabela classificativa. Frustrado com tudo isto, como é óbvio, deve ter ficado o Ferroviário de Maputo. A progressão da formação de Chiquinho Conde parece ter emperrado. Joga bem. No entanto, sente que do outro lado, mesmo sem o mesmo brilhantismo, o adversário sai com os três pontos. Esse é um pormenor que ameaça toda a diferença.

Ora por isso levanta-se também a dúvida: como o Ferroviário receberá o Sporting? O jogo que se segue, depois das declarações de Chiquinho, é um daqueles em que se tem tudo a perder: um adversário acessível que em, caso de vitória dos locomotivas, deixa tudo na mesma e, tratando-se de derrota, pode ser fatal.

No centro, já o HCB de Songo trilhara o mesmo caminho da vitória, estragando a visita do Sporting à província mais quente do país (5-1). Foram seis golos, o maior registo da ronda, provando que os espectáculos não têm data ou local previamente marcados, no futebol moçambicano. Mais vale seguir com atenção.

Esta é a classificação no final da primeira volta:

No próximo fim de semana arranca a segunda volta com o seguinte programa de jogos:

Sábado –  Liga Muçulmana vs Vilankulo FC

Sábado –  Costa do Sol vs Chingale

Domingo – Ferroviário da Beira vs Maxaquene

Domingo – Incomáti vs Matchedje

Domingo – HCB do Songo vs Atlético Muçulmano

Domingo – Ferroviário de Maputo vs Sporting da Beira

Domingo – Ferroviário de Nampula vs Desportivo