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Moçambola: Para os muçulmanos, o princípio foi como o fim!

Moçambola: Para os muçulmanos

A presente edição do Moçambola arrancou tal como terminou na temporada passada, com a Liga Muçulmana sempre a liderar. E para registar este momento, os muçulmanos da capital do país quebraram a tradição goleando o Clube de Chibuto por 4 a 1.

Poderia ser um resultado à moda antiga, se Fanuel não tivesse marcado o golo de honra no minuto 87. Aquele defesa central, com um contrato bastante contestado pelos adeptos do Chibuto, beneficiou de um pontapé de canto e reduziu a desvantagem nos derradeiros momentos do jogo. É bom que se diga que o aparente divórcio entre o público e a equipa técnica do Clube de Chibuto, que se expôs através de assobios e de insultos aos treinadores, favoreceu abundantemente os donos da casa que, aos cinco minutos, poderiam ter chegado ao golo, se a força do vento não tivesse desviado a bola pontapeada por Kito. À passagem do nono minuto, os chibutenses responderam e Mano desferiu um remate que foi devolvido pelo travessão de Milagre. Na sequência deste lance, Bude tentou a recarga mas o árbitro auxiliar havia assinalado fora de jogo.

No primeiro quarto de hora começou o “festival” de falhanços de Sonito. Em dia “sim”, Liberty arrancou pela direita e no limite da grande área cruzou a bola para o centro, surgindo o guarda-redes a fazer o corte. Sonito podia ter rematado se tivesse dado um passo em frente. Dois minutos mais tarde, o “goleador-mor” da Liga conseguiu chegar à bola, mas o tiro com a cabeça foi travado por Victor, guardião das redes do Chibuto. A partir do minuto 20, as coisas começaram a ficar claras. Ou seja, o trabalho dos jornalistas desportivos presentes no campo da Matola C tornou-se fácil.

Já era possível afirmar que a Liga foi a equipa mais astuta desde a defesa até ao ataque. Foi inteligente na abordagem defensiva manifestada na pressão alta a partir do campo do adversário, apesar de algumas falhas de marcação e na combinação entre Gildo e Bheu; foi rápida nas transições de bola; recorria a mudanças rápidas de direcção como forma de descongestionar os flancos, como também privilegiava os cruzamentos para atacar a baliza contrária. Do lado de Chibuto pouco se pode dizer. Era notável a qualidade dos jogadores e a vontade de lutarem por um resultado justo. Mas faltava o conceito de conjunto, mais concretamente, pareceu que João Eusébio não havia treinado a equipa e que reuniu, à última hora, um grupo de 11 jogadores para uma partida de comemoração de uma data festiva.

Depois de uma sequência de cinco remates da autoria da Liga, três dos quais por intermédio de Sonito, contra apenas dois do Chibuto, o minuto 36 foi decisivo. Num lance de contra-ataque rápido, Liberty prendeu a bola ao pé e, no interior da grande área, tirou um adversário do caminho antes de atirar para o fundo das malhas. Visivelmente abalado com o golo sofrido, o Chibuto decidiu compactar a defensiva. Mas “bebeu do seu próprio veneno”. Nhambanga marcou na própria baliza ao tentar fazer um corte no interior da grande área.

O Chibuto perdeu-se de vez na segunda parte

No segundo período, João Eusébio operou duas substituições com o propósito de revolucionar o meio-campo e o ataque da equipa. Luís e Mamo foram trocados por Ndjusta e Lazarus, respectivamente. Mas o desejo de discutir o resultado até ao fim não foi para além disso. Nesta etapa, o Chibuto não conseguiu metade do que fez durante a primeira parte, ainda que tenha marcado um golo, fruto de um lance de bola parada.

Desferiu apenas três remates à baliza de Milagre. Depois do terceiro golo apontado por Nando, extremo que acabava de entrar para o lugar de Imo, mercê da defesa incompleta de Victor ao remate de Liberty, a Liga Muçulmana passou a gerir o resultado, manifestamente ensaiando a táctica do jogo diante do Ferroviário de Maputo. No minuto 65, Sonito, finalmente, enganou o guarda-redes Victor. Do lado esquerdo, Eusébio cruzou o esférico e aquele avançado usou a cabeça para marcar o quarto golo da equipa.

O semáforo do jogo

Verde: Liberty

O médio da Liga Muçulmana esteve excelente neste jogo. Foi o “pivô” do ataque muçulmano e participou, sem exagero, em quase todos os lances ao longo dos 90 minutos. Ao lado de Imo, no centro do meio-campo, mas por vezes encostado ao lado direito para compensar a inaptidão de Kito, Liberty foi genial. Teve uma leitura extraordinária de jogo e revelou uma capacidade enorme de fugir à marcação dos adversários. Foi ousado na famosa jogada de “um para um” e oportuno nos passes e cruzamentos. Para além da construção de quase todos os lances de ataque, Liberty fez três assistências perigosas e, em dois remates, marcou um bonito golo.

 

Laranja: Sonito

O avançado muçulmano, que a partir de Maio próximo vai envergar a camisola dos angolanos do Bravo de Maquis, não esteve no seu melhor dia, apesar de ter marcado um golo. Numa análise profunda, Sonito não foi superior aos defesas do Chibuto, muito menos ao guarda-redes Victor. Naquele domingo (23) foi preguiçoso. No meio de um sistema defensivo compactado, Sonito não soube fazer as devidas demarcações e prender os rivais. Foi pouco certeiro nos ataques à baliza e continua com o velho problema da falta de técnica.

 

Vermelho: Adebayor

É o eleito para ocupar o espaço deixado pelo ídolo dos chibutenses, Johane. Envergava a camisola 10 que a muitos lembra a qualidade de um jogador combativo, rápido, muito amigo dos golos e que neste momento representa o Tondela de Portugal. Adebayor está longe dos calcanhares de Johane naquela posição de avançado. Não acredita na sua capacidade e hesita bastante no momento de rematar à baliza. Em 90 minutos de jogo, não soube pressionar os defesas contrários sempre que perdesse a bola. Por ser a primeira partida do Moçambola, pode custar-nos concluir que Adebayor é muito ingénuo para ser o “10” de Chibuto. Só o tempo o dirá.

 

“O resultado pecou por ser escasso”

Para o treinador da Liga Muçulmana, Sérgio Faife Matsolo, a sua equipa teve uma actuação espectacular e soube aproveitar as oportunidades para chegar ao golo. “Jogámos com perfeição, apesar de que temos de melhorar alguns aspectos defensivos. Nos últimos minutos sofremos muito, mesmo tendo o jogo controlado”.

Para o técnico, o resultado final da partida pecou por ser escasso em função dos falhanços dos avançados, com destaque para Sonito. João Eusébio, por sua vez, justificou a derrota com a alegada falta de maturidade dos seus jogadores, na medida em que “muitos são oriundos dos campeonatos provinciais, sabida a falta de qualidade do nosso futebol”. De acordo com aquele técnico português, o Clube de Chibuto precisa de tempo para construir a sua equipa.

Maxaquene e Ferroviário desapontam no pontapé de saída

O arranque do Moçambola teve lugar na cidade de Pemba onde o Ferroviário local defrontou o Maxaquene. Nesta partida, Maurício Pequenino marcou o primeiro golo desta prova, decorridos apenas cinco minutos da primeira parte. A justiça no marcador foi reposta no minuto 29 quando Narciso, defesa tricolor, marcou na própria baliza a favor dos regressados “Pembinhas”.

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