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Moçambola 2014: 26 jornadas, 14 equipas e um campeão nacional!

Moçambola 2014: 26 jornadas

Num misto de sentimentos de saudade e ansiedade, os adeptos do futebol poderão voltar aos 13 campos aprovados pela Federação Moçambicana de Futebol, a partir deste sábado (22), para assistirem ao que de melhor acontece em Moçambique nesta modalidade desportiva. É o arranque da edição 2014 do Campeonato Nacional de Futebol, o Moçambola, uma prova que, para todos os efeitos, promete muita rivalidade entre as 14 equipas participantes dentro e fora das quatro linhas. Contudo, só o conjunto mais regular poderá erguer o troféu disputadas as 26 jornadas.

O pontapé de saída desta competição será dado no campo municipal da cidade de Pemba, de acordo com a decisão tomada pela Liga Moçambicana de Futebol em sede da Assembleia Geral ordinária que decorreu recentemente na capital do país. A prova é aguardada com enorme expectativa pelos adeptos do futebol moçambicano que, sem nenhum exagero, não visitam os campos trajados a rigor, munidos de “vuvuzelas” e apitos há pouco mais de quatro meses.

Com a saída do melhor marcador da época passada, Sonito, cedido pela Liga Muçulmana aos angolanos do Bravos de Maquis, bem como da espectacular estrela do Clube de Chibuto, Johane ao Tondela de Portugal, o Moçambola deste ano abre novos horizontes para outros goleadores do futebol moçambicano, cujo favoritismo recai sobre Mário, do Ferroviário da Beira. Rúben, eleito – com algumas reticências – pela segunda vez consecutiva melhor jogador da competição, apesar de ter feito uma época sombria no ano passado e agora sem a concorrência directa de Josimar que se transferiu para Angola, terá “campo” suficiente para provar aos críticos que é, sem dúvidas, o “MVP” do Moçambola.

De resto, o equilíbrio nos plantéis e a manifesta crise de identidade dos chamados grandes, incluindo a financeiramente poderosa Liga Muçulmana, bem como o regresso do Desportivo de Maputo, antevêem uma competição que será discutida dentro e fora das quatro linhas. As equipas, os campos, os órgãos de informação e as redes sociais estão preparados para honrar o melhor do futebol moçambicano neste ano? O @ Verdade convida o leitor a fazer uma viagem guiada pelos 14 clubes, dos quais sete vão lutar pela conquista do Moçambola e os restantes pela permanência.

Liga Desportiva Muçulmana de Maputo

Em abono da verdade, diga-se, os campeões nacionais entram na corrida pela defesa do título não tão organizados como nos habituaram. A problemática gestão do plantel, relacionada com a perda da espinha dorsal do conjunto que conquistou o Moçambola em 2013 – apesar de ter vencido a Supertaça – mergulhou a Liga Muçulmana numa crise sem precedentes que ganhou visibilidade nas contratações pouco satisfatórias; nos conflitos internos que culminaram com a saída de Litos Carvalha do comando técnico; na escolha pouco consensual do novo treinador, Sérgio Faife Matsolo e na humilhante eliminação das “Afrotaças” com o agregado de 0-7 diante do Kaizer Chiefs.

Dos 27 jogadores que compõem o plantel, sete são reforços que entram directamente na equipa base. Sem o avançado Sonito e o meio campista Joseph Kawende, a Liga vê em Themba e Imo a dupla que poderá salvar a época que ainda é uma incógnita para os muçulmanos. A direcção definiu como objectivos a renovação do título do Moçambola e a conquista da Taça de Moçambique, contando para isso com um orçamento chorudo de 16 milhões de meticais para todo o ano.

Clube Ferroviário da Beira

Os vice-campeões nacionais nos dois últimos anos e vencedores da Taça de Moçambique em 2013 definiram como objectivos a conquista do Moçambola e a revalidação do título da segunda maior competição futebolística do país. Para o efeito, a direcção daquela colectividade decidiu “lutar” contra o mercado de contratações, mantendo a mesma equipa do ano passado, apesar de ter contratado seis novos reforços que vão ajustar o plantel de 26 atletas.

O Ferroviário da Beira prevê ainda gastar, mensalmente, 1.3 milhão de meticais em salários dos jogadores e outros funcionários do clube, bem como em prémios de jogo. Os avançados Mário e Maninho, como aconteceu no ano passado, serão a dupla de ataque que promete fazer “vida negra” aos adversários da locomotiva do Chiveve. Fora dos campos, o Ferroviário da Beira tenciona reduzir a dependência dos patrocinadores e tornar-se um clube sustentável.

Quer revitalizar as suas infra-estruturas e tirar proveito do facto de ser o único clube em Sofala com vários recintos desportivos, arrendando-os. Tem como principal desafio a melhoria do piso do campo principal, o chamado “caldeirão do Chiveve”, cuja urgência poderá permitir a prática de bom futebol naquele terreno, até porque o Têxtil de Púnguè e o Estrela Vermelha da Beira vão explorá-lo como casa emprestada.

Grupo Desportivo da HCB de Songo

À sensacional equipa, que no ano passado terminou na terceira posição da tabela classificativa, exige-se a conquista do troféu do Moçambola. Este é o objectivo definido pela recentemente empossada direcção da HCB de Songo, liderada por Saíde Tuhair. Aquele emblema prevê gastar, até ao fim da presente temporada futebolística, cerca de 15 milhões de meticais, sendo que no mercado de contratações foi buscar seis novos reforços para completar a lista de 25 jogadores que fazem parte do plantel.

O Grupo Desportivo da HCB de Songo manteve a espinha dorsal do conjunto que em 2013 conquistou o “bronze”. Jacob, o ponta de lança que figurou na lista dos melhores marcadores do Moçambola e Caló, ex-defesa do Ferroviário da Beira, são as duas principais estrelas desta colectividade.

Clube Ferroviário de Maputo

O Ferroviário de Maputo, a par do Maxaquene, foi o clube que mais desiludiu os adeptos na época passada, tendo sido o maior responsável pela imagem desastrosa da competição ao apresentar um futebol irregular que não respeitou a sua própria identidade. Por demérito das outras equipas conseguiu terminar a anterior edição do Moçambola na quarta posição.

Com o orçamento de um milhão e meio de meticais por mês até ao fim da presente época, e sem avançar os valores envolvidos nas contratações, o Ferroviário revolucionou o plantel e convidou Victor Pontes para comandar a luta pela conquista do Moçambola e da Taça de Moçambique.

No que aos reforços diz respeito, aquele emblema contratou nove jogadores, com destaque para o regresso do defesa central Gabito, que até a época passada envergava a camisola do Maxaquene. A estrela Diogo Alberto continuará o ídolo dos aficionados da locomotiva.

Clube dos Desportos da Costa do Sol

A conquista do Moçambola e da Taça de Moçambique são os objectivos há muito definidos pelo clube canarinho, que não sofreram qualquer alteração, ainda que a equipa não consiga triunfar há seis anos.

O recém-empossado presidente daquela colectividade, o anónimo Amosse Chicualacuala, aposta fortemente na recuperação da “mística” canarinha e no regresso da colectividade às glórias, acabando com os dissabores que tem distribuído aos adeptos. Quinze milhões de meticais é o valor global que o Costa do Sol possui nos cofres para a conquista dos dois títulos desta época.

Para além do regresso assinalável de Arnaldo Salvado ao comando técnico daquele clube, o Costa do Sol revolucionou o plantel mercê da contratação de nove jogadores maioritariamente experientes. Para além da manutenção do defesa central Dário Khan, o grande capitão da equipa, destaca-se naquele conjunto a chegada de Campira, Parkim e Soarito.

Clube dos Desportos da Maxaquene

Depois da conquista do campeonato em 2012, no último ano a equipa tricolor ocupou a preocupante sétima posição. Desiludiu sobremaneira e aquela péssima prestação marcou o fim da “era Arnaldo Salvado” no banco técnico da colectividade. Com a nova direcção liderada por Ernesto Júnior, o Maxaquene reformou o plantel e “resgatou” Chiquinho Conde que regressa como treinador principal.

No mercado de contratações “comprou” 16 novos jogadores, numa lista em que se destacam Carlitos, Zabula e Rachid, que na época passada representaram as cores do Ferroviário da Beira, do Ferroviário de Maputo e da Liga Muçulmana, respectivamente.

Com o orçamento chorudo de pouco mais de 1.6 milhão de meticais por mês, o Maxaquene sente-se preparado para fazer a dobradinha, conforme anuncia Chiquinho Conde. Inexplicavelmente, a equipa tricolor não tem um campo próprio e vai partilhar o uso do Estádio Nacional do Zimpeto com o vizinho Desportivo de Maputo.

Clube de Futebol de Chibuto

O único representante da província de Gaza no Moçambola, o Clube de Chibuto, não se assume como principal candidato à conquista do título. Pretende melhorar a sexta posição ocupada na época passada, bem como erguer a Taça de Moçambique, a segunda prova mais importante do país. Para o efeito, aquela colectividade tem ao seu dispor o orçamento chorudo – o mais alto entre os clubes que disputam o Campeonato Nacional de Futebol – de 1.8 milhão de meticais por mês.

Com a direcção mais estruturada comparativamente ao ano passado, ainda liderada por Simão Cossa, o Clube de Chibuto foi a Portugal “resgatar” João Eusébio que será coadjuvado por Carlos Manuel (Caló), o antigo treinador do Têxtil de Púnguè. No que aos reforços diz respeito, os “guerreiros” contrataram dez novos jogadores e sem Johane, que se transferiu para Portugal, torna-se difícil prognosticar quem poderá ser o novo ídolo do povo de Gaza nesta edição do Moçambola.

Clube Desportivo de Nacala

A equipa que se estreou na época passada do Moçambola e que cedo conseguiu garantir a manutenção, pretende neste ano afirmar-se como um conjunto regular na prova, obviamente lutando pelos lugares cimeiros da tabela classificativa. Uma “indirecta” de quem pretende lutar pelo título mas que, não querendo desiludir os adeptos, prefere afirmar que quer “fazer um bom campeonato”.

Mahomed Munir, presidente daquela colectividade, não conseguiu gerir o conflito interno que culminou com a saída do treinador Nacir Armando e foi a Inhambane contratar Akil Marcelino que na época passada fez o Vilankulo FC cair de divisão. No que diz respeito ao plantel, dos 27 jogadores que compõem o mesmo, apenas sete envergaram a camisola daquele clube em 2013, sendo os restantes novos reforços.

Os nomes mais sonantes da lista de contratações desta colectividade são Osvaldo Sunde, que na época passada representou o Vilankulo FC, Sanito do Costa do Sol e o malawiano Godfrey. Para o seu pleno funcionamento, o Desportivo de Nacala precisa de um milhão de meticais por mês, sendo que neste momento dispõe apenas de 450 mil.

Clube Ferroviário de Nampula

Não será desta vez que o Ferroviário de Nampula vai jogar pelo título e repetir a façanha do ano 2004 quando conquistou, pela primeira vez, o Campeonato Nacional de Futebol. É que a locomotiva da chamada capital do norte pretende, na presente temporada futebolística, simplesmente ocupar as primeiras seis posições da tabela classificativa e fazer uma excelente campanha na Taça de Moçambique.

Manteve a espinha dorsal do conjunto que ocupou a inquietante oitava posição, bem como a respectiva equipa técnica liderada pelo treinador de nacionalidade portuguesa, Rogério Gonçalves. No mercado de contratações, o Ferroviário de Nampula reforçou-se com nove jogadores, com destaque para Eboh, Tony e Germano, que na época passada representaram, respectivamente, o Maxaquene, o Costa do Sol e o Ferroviário de Maputo.

A locomotiva prevê gastar mais de um milhão de meticais por mês até ao fim do Moçambola. O grande desafio deste clube, neste momento, é melhorar as condições do Estádio 25 de Julho, a chamada “catedral” do norte, sobretudo no que diz respeito à segurança.

Clube Estrela Vermelha da Beira

Foi o sobrevivente do disputadíssimo campeonato pela permanência. Garantiu a manutenção com 30 pontos, mais dois do que o despromovido Chingale de Tete. Diríamos que conseguiu atingir os objectivos traçados para aquela época, ainda que dificilmente. Neste ano não quer fugir à regra.

Quer manter-se nesta competição e começar a preparar a época 2015, apesar das enormes limitações financeiras. Precisa de 10 milhões de meticais, o segundo mais baixo orçamento do Campeonato Nacional de Futebol, depois do Têxtil de Púnguè. Neste momento tem os cofres vazios e continua à procura de patrocinadores para, no mínimo, garantir a subsistência financeira do clube durante a primeira volta. Não dispõe de um campo próprio e vai disputar as partidas caseiras no “caldeirão do Chiveve”.

Em crise, por não pagar os salários dos jogadores desde a temporada passada, o Estrela Vermelha contratou dez novos reforços, com destaque para Marcelino, guarda-redes que no ano passado representou as cores do Desportivo de Maputo. O plantel é composto por 25 jogadores.

Clube Ferroviário de Pemba

A locomotiva da baía de Cabo Delgado regressa à “elite” do futebol moçambicano, o Moçambola, depois de uma temporada a disputar o Campeonato Provincial. Modesto, o seu principal objectivo é garantir a manutenção. Diferentemente do sucedido em 2012, o Ferroviário de Pemba irá acolher os jogos no seu próprio campo, podendo contar com o forte apoio do seu público que, naquela época, era obrigado a deslocar-se até à cidade Nampula.

Tal como acontece com o Estrela Vermelha da Beira, a locomotiva ainda não dispõe de fundos para participar nesta prova, precisando de cerca de um milhão de meticais por mês para cobrir todas as suas despesas. A equipa treinada por Hilário Manjate será praticamente aquela que disputou o “provincial” no ano passado. Ainda assim, contratou nove reforços.

Clube Ferroviário de Quelimane

A locomotiva do chamado “pequeno Brasil” está de volta ao Moçambola depois de oito anos a “batalhar” no Campeonato Provincial da Zambézia. Neste regresso, até porque o nível de investimento no plantel não permite fazer muito mais, aquela colectividade definiu como principal objectivo garantir a manutenção e “chegar o mais longe possível” na Taça de Moçambique.

Não é conhecido o orçamento de que o clube dispõe para o alcance de tais objectivos. Mas o @Verdade soube que o Ferroviário de Quelimane goza de boa saúde financeira. Não dispõe de um campo próprio mas poderá fazer uso das instalações do Sporting de Quelimane.

Para não entrar com o pé esquerdo, alegadamente por inexperiência, a direcção daquela colectividade contratou o sobejamente conhecido Nacir Armando para ocupar o cargo de treinador principal e mais oito jogadores, com destaque para Joca, que no ano passado envergou a camisola do Desportivo de Maputo.

Grupo Desportivo de Maputo

Depois de um ano de sucesso no Campeonato Provincial da Cidade de Maputo e na fase de qualificação para o Moçambola, provas nas quais não perdeu nenhum jogo, o Desportivo de Maputo regressa ao convívio dos grandes e, para assinalar o momento, definiu como objectivo a conquista do Campeonato Nacional de Futebol e da Taça de Moçambique.

Conforme disse Michel Grispos, presidente daquela colectividade, o Desportivo de Maputo é uma colectividade com história e tradição no Moçambola, sendo por isso imperioso atacar os lugares cimeiros.

Não se sabe quanto é que o clube da “ventoinha” poderá gastar ao longo do ano, nem quanto gastou com a reestruturação do plantel, sabendo-se somente que está financeiramente bem. O Desportivo de Maputo formou uma nova equipa com a contratação de um total de vinte jogadores. A sua principal estrela, para além do treinador Artur Semedo, é, sem dúvidas, o avançado Lanito.

Grupo Desportivo da Companhia Têxtil de Púnguè

Os fabris da Manga garantiram a permanência no “Moçambola” justamente na última jornada da prova. Alcançaram o objectivo definido no ano passado e, na presente temporada, pretendem também a permanência mas sem muito sofrimento. Ou seja, longe da zona da despromoção. Querem surpreender na Taça de Moçambique, atingindo as meias-finais.

A direcção do Têxtil de Púnguè, bastante contestada pelos adeptos e sócios que reivindicam a realização de uma Assembleia Geral que visa discutir assuntos internos do clube, manteve 60% do plantel passado e foi ao “mercado” contratar um total de 12 jogadores, com destaque para a antiga estrela do futebol moçambicano, Tó. António Sábado é o novo treinador principal daquele emblema.

O chamado “Barcelona” da Beira é o clube com o orçamento mais baixo comparativamente aos restantes clubes da prova. Prevê gastar apenas 650 mil meticais por mês até ao fim do Moçambola, sendo que parte deste valor será destinado ao arrendamento do campo que irá acolher as 13 partidas caseiras.

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