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Moçambique ultrapassa meta anual de produção do algodão

Mais de 100 mil toneladas de algodão caroço foram comercializadas em Moçambique, até ao dia 15 de Outubro corrente, representando um crescimento do volume relativamente à meta anual de cerca de 85 mil toneladas do chamado “ouro branco”, uma cultura de rendimento praticada nas províncias nortenhas de Cabo Delgado, Nampula e Niassa, centrais da Zambézia, Tete, Manica, Sofala, e meridionais de Inhambane e Gaza.

Ano passado, o país tinha comercializado mais de 70 mil toneladas de algodão caroço. O director do Instituto do Algodão de Moçambique (IAM), Norberto Mahalambe, que revelou o facto, anunciou também que enormes quantidades não especificadas de algodão continuam nas mãos dos produtores, um cenário, para ele preocupante, tendo em conta que se aproxima o período chuvoso que se mostra difícil para as operações de compra e escoamento desse produto, face ao precário estado de conservação das vias de acesso às zonas de produção.

Falando no decurso da Reunião Nacional do Subsector do Algodão que teve lugar este fim-de-semana, em Pemba, Cabo Delgado, e que fez o balanço preliminar da campanha 2011/2012, avaliação do desempenho das concessões algodoeiras, reflexão sobre a fixação do preço mínimo e negociação do preço indicativo do algodão caroço para a época seguinte, progressos na implementação de programas inovativos, investigação, semente e adensamento, prognóstico de chuvas e recomendações agro-técnicas específicas, bem como o processo da revisão do quadro normativo algodoeiro.

Segundo o “Diário de Moçambique”, as empresas fomentadoras tiveram alguns constrangimentos de aprovisionamento logístico no início da campanha de compra do algodão, nomeadamente reduzida quantidade de sacaria e de meios de transporte, havendo compromisso de reforço da capacidade para que toda a produção seja comercializada antes do arranque da nova época chuvosa.

O cenário de atraso da compra de algodão preocupa o Fórum Nacional dos Produtores de Algodão (FONPA), o Governo e as próprias empresas concessionárias por representar um revês ao esforço de todas as partes envolvidas durante a campanha finda e por constituir também um risco para a desmotivação dos camponeses na nova época agrícola.

Um exemplo crítico, segundo jornal, vem de Cuamba, província do Niassa, com a directora do SDAE, Sónia Namaumbo, a afirmar que dos 24 mil produtores, somente 12 mil conseguiram vender o seu algodão à Companhia João Ferreira dos Santos, um cenário sombrio que se vive igualmente em todas as províncias produtoras dessa cultura de rendimento que apresenta evolução positiva dos volumes de produção nas últimas três campanhas.

Entretanto, Mahalambe advertiu que a falta de comercialização de todo o algodão pesará no conjunto de elementos a serem usados para avaliação do desempenho das concessões.

Esse item será determinante para o redimensionamento das áreas consideradas grandes, adequando as capacidades das empresas fomentadoras à realidade, pois “o tamanho de concessão provoca problemas, quando a empresa não consegue comprar toda a produção antes das chuvas”.

O jornal diz que o encontro de Pemba não produziu nenhum consenso relativamente à fixação do preço mínimo do algodão para a próxima campanha, pois as negociações entre FONPA e AAM (Associação Algodoeira de Moçambique), quase que convergiram na necessidade de manutenção do preço indicativo de 10,5 meticais (o dólar EUA vale mais de 28 meticais) da safra a terminar, face às projecções do comportamento negativo do mercado internacional para a próxima época.

A AAM justifica a posição, que tendia para o preço indicativo de 8 meticais cada quilograma, como resultado do comportamento negativo do mercado mundial com tendência de descida, bem como o consumo de algodão que se mantém baixo, fruto da crise mundial.

Outro factor situa-se na percentagem de fibras sintéticas na tecelagem que é das mais altas de sempre e o indicador de “stock” mundial de fibra em relação à procura está nos valores mais altos de sempre, uma conjuntura que não mostra condições para um preço indicativo pelo menos igual ao praticado no país em 2011/12, isto é, 10,5 meticais cada quilo de algodão caroço.

Apesar disto, de acordo com Salvador Canhane, presidente da AAM, as empresas fomentadoras farão sempre todos os esforços para evitar descidas no preço mínimo, conscientes da importância do factor preço nos volumes de produção.

Por seu turno, o presidente do FONPA, José Domingos, esclareceu que os produtores de algodão estão preocupados em ver a sua produção totalmente comprada a preços compensativos, sublinhando que a falta de consenso quanto ao preço indicativo para a próxima campanha agrícola não vai constituir desmotivação dos camponeses, pois eles sabem o valor comercial dessa cultura de rendimento.

O assunto, que foi seriamente debatido na reunião dada a pertinência da definição do preço indicativo para orientar as acções dos produtores do algodão, será retomado em sede própria, segundo garantias dadas pelo director do IAM, Norberto Mahalambe.

Ele anunciou haver um estudo sobre esta matéria para permitir a identificação de ganhos mútuos das partes envolvidas na perspectiva de acompanhar o crescimento que se desencadeia desse subsector agrícola do país.

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