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Moçambique tenta entrar na lista dos maiores produtores de carvão e gás

Prevê-se que nos próximos anos Moçambique entre na lista dos dez maiores produtores de carvão e dos vinte maiores produtores de gás natural no mundo. Com 2,7 mil milhões de dólares investidos nos sectores mineiro e de hidrocarbonetos em 2011, o país vive um autêntico frenesim em torno dos recursos minerais.

Depois que em vários anos do período pós-guerra, a discussão política e económica se centrou na dependência da ajuda externa, de há cerca de cinco anos para cá, o boom dos recursos minerais vai assumindo lugar de topo nos debates económico e político.

Estará Moçambique a passar da dependência da ajuda externa à dependência de recursos minerais? Talvez sim, se o gás do Rovuma for explorado dentro ou acima das previsões, e se questões ligadas às infra-estruturas e logística no geral forem resolvidas dentro dos prazos.

Talvez não, se o país não conseguir exportar o carvão de Tete por insuficiência de vias-férreas (um cenário que embora menos desejável, figura como o mais provável), de recursos humanos qualificados e, sobretudo, se em vez de alavancar a economia nacional, a abundância de recursos minerais resultar em conflitos sociopolíticos, como acontece em muitos países.

As questões centrais do debate continuam a girar em torno dos benefícios dos recursos minerais para a economia nacional, no geral, e para as zonas onde eles são explorados, em particular; o secretismo em volta das negociações e dos contratos assinados entre o Governo e as empresas extractivas; a falta de quadros qualificados nos diferentes ministérios que lidam com a exploração, comercialização e exportação de recursos minerais; a descoordenação entre os diferentes ministérios e a falta da capacidade do Governo de monitorizar, de forma independente, as empresas, as quantidades e qualidades dos minérios explorados e exportados.

A partir de 2008 começaram a ganhar fama as enormes reservas de carvão em Moatize, até que dois anos mais tarde, em 2010, começou a ser público que, para além de Moatize, há igualmente enormes reservas de carvão noutros distritos de Tete: Changara, Cahora- -Bassa, incluindo as bacias carboníferas de Cabo-Delgado, Niassa e Manica.

Na área de hidrocarbonetos, depois dos campos de gás de Pande e Temane, cuja exploração começou em 2004, com as intensas pesquisas feitas na Bacia do Rovuma, em 2010 começou a ser consensual que há muito mais gás em Cabo-Delgado do que em Inhambane. Ao mesmo tempo, foi-se sabendo que, afinal, as quantidades de petróleo ali descobertas não são comercializáveis.

Hidrocarbonetos

As reservas de gás estão estimadas em 100 triliões de pés cúbicos (tcf, na sigla em inglês) com um valor aproximado de 350 mil milhões de dólares, dos quais Moçambique pode arrecadar pouco mais de 20 mil milhões de dólares durante a vida dos campos de gás.

Essas reservas colocam Moçambique na destacável classificação de 3º país com maiores reservas de gás em África (a seguir à Argélia e à Nigéria). Moçambique poderá entrar para a lista dos 20 maiores produtores mundiais de gás natural, atrás do Cazaquistão (105 milhões de ton/ano) e à frente da Polónia (77 milhões de ton/ano) e a Colômbia (74 milhões ton/ ano), e sair da lista dos dez maiores produtores – tudo isto considerando inalterados os actuais volumes de produção.

As descobertas de gás na Bacia do Rovuma em Cabo-Delgado pela companhia americana Anadarko são estimadas entre 15 e 30 triliões de pés cúbicos, e as da italiana ENI situam-se na ordem dos 70 triliões de pés cúbicos. Prevê-se que a exploração do gás do Rovuma comece em 2018 e possa durar cerca de trinta anos.

Apesar das primeiras descobertas de gás natural em Moçambique datarem da década de 1960 (o gás de Búzi em Sofala foi descoberto em 1962; o de Pande e Temane em Inhambane em 1961 e 1967, respectivamente), somente a partir de 2004 essa indústria ganhou importância com o arranque da exploração do gás de Pande e Temane pela companhia petroquímica sul-africana Sasol. Dados recentes do Instituto Nacional de Petróleos (INP) indicam que as reservas de Pande e Temane possuem reservas estimadas em 2,7 e 1,0 triliões de pés cúbicos, respectivamente.

Segundo cálculos do INP, entre 2006 e 2011, as multinacionais envolvidas na pesquisa de hidrocarbonetos no país investiram cerca de 1,1 bilião de dólares, 53% dos quais foram para a Bacia do Rovuma e 25% para os campos de Pande e Temane..

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