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Moçambique pode produzir materia-prima para pasta de celulose

Moçambique reúne condições necessárias para o desenvolvimento do projecto florestal e respectiva montagem de fábrica de produção de pasta de celulose proposto pelo grupo português Portucel Soporcel, orçado em mais de dois mil milhões de dólares norteamericanos.

Este sentimento foi manifestado esta segunda-feira pela Primeira-Ministra moçambicana, Luísa Diogo, depois de visitar uma das fábricas do grupo na cidade da Figueira da Foz, no Centro de Portugal, a margem do V encontro Global China Business Meeting, que decorre esta terça-feira na capital portuguesa, Lisboa. Trata-se de um projecto de plantio de eucaliptos para a produção de pasta de celulose a ser desenvolvido em duas províncias do Centro de Moçambique, nomeadamente Manica e Zambézia, envolvendo no seu conjunto 400.000 hectares, divididos em 220.000 hectares numa e 180.000 hectares noutra província, de acordo com o pedido do grupo neste momento em analise pelo governo moçambicano.

Para além da componente florestal, o investimento em Moçambique inclui a construção de uma fábrica para a produção de celulose com uma capacidade de 1,3 milhões de toneladas por ano Segundo as previsões, a fábrica exportará por ano o equivalente a 900 milhões de dólares a preços actuais do produto no mercado internacional, de acordo com José Honório, Presidente da Comissão Executiva do grupo, falando a AIM, em Lisboa, e a Televisão de Moçambique (TVM).

Luísa Diogo disse, por seu turno, esperar que o grupo encontre em Moçambique um espaço “bom” porque existe estabilidade política, macroeconómica, um grande entusiasmo em relação ao investimento estrangeiro e “temos toda a determinação de que, realmente, um projecto desta natureza se torne realidade no nosso país”. Questionada pela AIM se este era o tipo de empreendimentos que Moçambique precisa, Diogo respondeu: “exactamente”, é o tipo de projectos que o país tem interesse porque, primeiro, parte dos recursos naturais do próprio país, traz consigo a concepção de valor acrescentado.

Em segundo lugar, traz emprego directo e indirecto, ao permitir a participação das comunidades no plantio da matéria-prima, no tratamento da terra, fazendo diferença nas suas vidas. A própria fábrica, segundo Diogo, “traz consigo também desafios de formação elementar, básica, media, superior, bem como desafios do ponto de vista de investigação” para permitir o funcionamento dos laboratórios, e própriaparceria com as universidades. Finalmente, traz o conceito exportação, com os ganhos que daí poderão advir para o país. “Vale a pena Moçambique ter uma indústria desta natureza porque não é vertical, antes pelo contrário, ela é horizontal, toca em vários sectores e traz consigo várias outras pequenas e medias empresas.

É uma indústria de ponta, mas por outro lado tem impacto básico nas comunidades, que é, exactamente, aquilo que Moçambique precisa”, sublinhou Luísa Diogo. A Primeira-Ministra disse esperar que o grupo mantenha o seu interesse no projecto. “Nos, como moçambicanos, estamos interessados que eles, efectivamente, trabalhem connosco, com diferentes parcerias público-privadas” em Moçambique. No caso da fábrica visitada, 83 por cento da matéria-prima é adquirida de particulares, enquanto que 17 por cento provem da produção do grupo.

Durante a visita, Luísa Diogo, que se fazia acompanhar do Vice-Ministro da Planificação, Victor Bernardo, do Embaixador de Moçambique em Portugal, Miguel Mkaima, entre outros quadros, recebeu explicações sobre os processos produtivos do grupo que são um exemplo de sustentabilidade e de eficácia energética, na medida em que utilizam um combustível renovável, a biomassa florestal, como principal fonte de energia. A comitiva da Primeira-Ministra integrava igualmente o director do Centro de Promoção de Investimentos, Mahomed Rafique. Por outro lado, a floresta gerida pelo grupo constitui um importante sumidouro de carbono, contribuindo para a redução dos gases com efeito de estufa na atmosfera.

O grupo Portucel Soporcel, uma das mais fortes presenças de Portugal no mundo, encontra-se entre os maiores produtores de papeis finos não revestidos da Europa, e é um dos maiores produtores, a nível mundial, de pasta branca de eucalipto, estimada em 1.3 milhões de toneladas, segundo dados projectados durante a visita. O grupo é ainda responsável por três por cento das exportações portuguesas de bens, assumindo um papel de relevo num sector estruturante da economia nacional. Na sua qualidade de grande proprietário florestal do país, o grupo tem na floresta uma das suas vertentes estratégicas.

A área gerida pelo grupo representa cerca de 120.000 hectares, dos quais 74 por cento corresponde a plantações de eucalipto e os restantes 26 por cento englobam usos diversificados, que passam pela produção de vinho, mel, cortiça e outras espécies florestaNo património sob sua responsabilidade foram identificados valores de conservação prioritários e estão em curso diversos projectos dirigidos ao tema da biodiversidade.

“Porque a nossa actividade começa na floresta, é aqui que se inicia o nosso compromisso com a sustentabilidade”, diz o grupo sublinhando que tem consciência de que a “gestão deste recurso natural valioso só pode ser bem sucedida numa lógica de longo prazo, numa lógica de desenvolvimento e preservação de um bem que é de todos e alberga um conjunto de seres vivos que fazem parte desta comunidade em que também se insere o Homem”.

Para além da Figueira da Foz, o grupo Portucel Soporcel tem fábrica de papel em Setúbal, nos arredores da capital portuguesa, Lisboa, contando com um efectivo total de 2.164 colaboradores.

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