Um estudo da Aliança para Revolução Verde em África (AGRA) divulgado semana finda em Nairobi, capital do Quénia, coloca Moçambique no grupo de 13 países africanos que nos últimos cinco anos têm vindo a registar “a fuga constante de nutrientes essenciais no solo”.
Essa situação é tida como uma “grande ameaça para a segurança alimentar em África”, uma vez que o continente perde em média anual cerca de quatro biliões de dólares norte-americanos de produtividade agrícola, pelo menos nos últimos cinco anos, indica a pesquisa da AGRA.
“Na África sub-sahariana o cenário é mais severo”, devido ao fraco serviço de extensão agrária e escassez de suplementos básicos de solos para culturas cruciais como o milho, banana e mandioca, cujo rendimento é muito baixo, aponta a AGRA recomendando de seguida uma abordagem sustentável e rentável no uso de fertilizantes para o aumento de produtividade agrícola.
Matar esperança
O fraco uso de fertilizan- tes na região sub-sahariana de África faz com que os agricultores locais percam entre 30 e 80 quilogramas de nutrientes por hectare, como fosfato e nitrogénio, adverte o referido estudo, salientando que essa situação “mata as esperanças africanas” de acabar com a fome em 2025.
Como forma de minimizar o problema, o Programa de Saúde do Solo da AGRA está a apoiar um total de três milhões de agricultores dos 13 países africanos com solos empobrecidos, incluindo Moçambique, a adoptarem o uso de material genético nas suas plantações, com destaque para as culturas de feijão, soja, milho, banana e mandioca.
Na Tanzânia, Malawi e Gana, a iniciativa do AGRA permitiu a duplicação do rendimento agrícola nas culturas de milho e soja, para além de ter ajudado a recuperar cerca de 3,5 milhões de hectares de terra que eram dados como “esgotados” em termos de qualidade de solo.
Entretanto, um novo tipo de fertilizantes menos nocivo ao meio ambiente será “brevemente” experimentado em Moçambique, Gana e Tanzânia, de acordo com o estudo da Aliança para Revolução Verde em África, acrescentando que numa primeira fase serão distribuídas 225 mil toneladas do produto.
O novo tipo de fertilizantes está a ser desenvolvido no Burkina Faso, pelo Instituto do Meio Ambiente e de Pesquisa Agropecuária daquele país da região Ocidental de África.
Correio da Manhã