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Moçambique não é um mercado ideal para o capital de risco

O financiamento às actividades do sector privado continua a ser a “grande preocupação” do empresariado. Na procura de soluções para os problemas financeiros, foi apresentado o estudo “Financiando Moçambique”. Ausência de um mercado de capital já desenvolvido, padrões insuficientes de governação empresarial e contabilístico, para além do difícil ambiente empresarial como, por exemplo, impostos elevados sobre mais-valia e dividendos, legislação laboral muito rígida e um fraco sistema jurídico, são os principais indicadores que levaram à conclusão de que o país “não é um mercado ideal para o capital de risco”.

O custo elevado do dinheiro, a dificuldade de acesso e, sobretudo, a falta de informação sobre produtos e alternativas financeiros continuam a liderar o role dos vários problemas de financiamento ao negócio no país, diz Alima Hussein, directora executiva adjunta da CTA, no lançamento da manual “Financiando Moçambique”. Esta é segunda edição que também é acessível através de uma ferramenta online. A primeira foi publicada em 2008 e levantava os mesmos problemas: o empresariado nacional carece de informação sobre onde ir buscar investimentos para os seus projectos.

O documento, elaborado por Swiss Capital Partners em colaboração com a Finantia, contou, desta vez, com a participação de 48 empresas (mais 20 em relação à edição de 2008) sendo nove bancos comerciais, 16 financeiros e de desenvolvimento, 3 de microfinanças, 14 operadores de microfinanças, cinco organismos ligados a fundos de capital de risco e à informação sobre a Bolsa de Valores de Moçambique (BVM). De acordo com a representante da CTA, esta segunda edição do “Financiando Moçambique “é e continua a ser uma alternativa segura na procura de soluções apropriadas para os problemas de financiamentos das actividades económicas no país, sobretudo para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs)”.

Para o presidente da Associação Moçambicana de Operadores de Microfinanças (AMOMIF), o estudo procura “melhorar o acesso financeiro”, reduzindo os custos de transacção através de um “acesso mais fácil a informações”. O objectivo do manual e do portal é “diminuir o fosso entre projectos e fundos disponíveis, facilitando o acesso do empresariado moçambicano à informação sobre fontes alternativas de financiamento, potenciando a emergência de um sector privado forte e activo em Moçambique”.

O documento apresenta, de forma sistematizada, dados sobre o mercado financeiro nacional, cobrindo vários produtos e serviços fornecidos por diversas instituições. O empresariado nacional recorre, amiúde, ao financiamento em organizações baseadas fora de Moçambique. Segundo a pesquisa, os maiores financiadores do sector privado no país são os fundos internacionais de desenvolvimento, com 33% do total dos empréstimos, seguidos por fundos nacionais através dos operadores de microfinanças (27% dos valores investidos), enquanto os bancos comerciais aparecem com 19% e os de microfinanças com 8%, e as outras formas de financiamento, como é o caso da BVM, com 2%.

Produtos financeiros disponíveis

No que concerne aos produtos financeiros, há 39 mecanismos de acesso ao micro-crédito, o que representa 25% da base de dados da pesquisa, seguido por 31 de financiamento a Activos Fixos financeiros (19%), por 28 produtos de financiamentos estruturados e 24 produtos financeiros para capital com 18% e 15%, respectivamente. No que respeita ao conjunto de produtos de microcrédito oferecidos, pelo menos 15 instituições de microfinanças concedem crédito a particulares, e este produto compõe 38% dos produtos de microcrédito existentes. Pelo menos cinco instituições oferecem créditos às PME´s, o que compreende cerca de 13% dos produtos de micro- crédito.

Quanto às taxas de juros, o estudo revela que a taxa mensal mínima observada nos empréstimos a particulares foi de 2.9% e a máxima foi de 10%, sendo a média de 5.9% por mês. Por outro lado, a taxa de juro mais baixa para empréstimos às PME´s foi de 1.8% por mês e 5% na faixa mais alta, sendo a média estimada em 3.1%.

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