Moçambique é o maior beneficiário do Programa ProAfrica, iniciativa de investigação do Governo brasileiro que envolve pesquisadores de diversos países africanos.
Com efeito, 36 por cento dos projectos deste programa multilateral envolvem pesquisadores moçambicanos, segundo disse quarta-feira, em Maputo, o presidente do Comité do Programa ProAfrica, Renato Lessa, durante o encerramento do seminário de avaliação da cooperação científica Moçambique-Brasil. “Este programa de apoio a projectos integra pesquisadores estrangeiros cuja maior parte são moçambicanos.
Essa presença mostra que não se pode falar de ProAfrica sem se mencionar Moçambique, pelo menos nessa componente”, disse Lesse, que é igualmente presidente do Programa de Ciências Sociais da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP). Um dos grandes progressos registados pelos dois países ao nível da cooperação científica é a recente decisão da empresa brasileira Vale de passar a custear as passagens dos investigadores moçambicanos que se deslocam ao Brasil para frequentar cursos de mestrado e de doutoramento.
Desde o início da cooperação dos dois países nessa componente, o Brasil ofereceu 50 bolsas de estudo aos pesquisadores moçambicanos, mas esses raramente faziam o uso delas por falta de financiamento. Por isso, do grupo de 139 bolseiros até agora seleccionados, apenas 80 beneficiaram do curso, dos quais 12 já regressaram a Moçambique.
“O ProAfrica, de que Moçambique integrou em 2007 após a sua criação em 2004, tem vindo a dar uma boa contribuição para o desenvolvimento da investigação científica em Moçambique”, disse o Ministro moçambicano da Ciência e Tecnologia, Venâncio Massingue.
Segundo ele, com o financiamento da Vale, os pesquisadores moçambicanos passarão a ter bolsas com propinas, passagens, custos de alojamento e todos os despesas relevantes para a sua formação já pagas. Por seu turno, o Embaixador brasileiro em Moçambique, António José de Souza e Silva, disse, por seu turno, que a intenção do seu país foi sempre de cumprir com as decisões acordadas.
Nesse caso, a Vale veio complementar o acordo de cooperação científica. “Espero que numa outra oportunidade breve venha aqui neste pódio anunciar um número maior ainda de bolsas”, disse, sublinhando que a intenção do seu país em Moçambique não é “competir com ninguém”, mas sim “dar o melhor que temos e que seja de interesse de Moçambique”.