Moçambique está em vias de deixar de depender do exterior na contratação de engenheiros especializados na área de Geotecnia para realizarem estudos de solos visando a edificação de obras de grande engenharia, nomeadamente pontes, estradas, barragens, túneis e escavações de encostas, entre outros empreendimentos.
Muitos destes especialistas moçambicanos já estão a dirigir empreitadas de mineiras e de hidrocarbonetos, segundo Saturnino Chembeze, director do Centro de Estudos de Engenharia da Universidade Eduardo Mondlane e coordenador dos trabalhos da XV Conferência Regional Africana sobre Mecânica de Solos e Engenharia Geotécnica, a decorrer no Maputo até esta quinta-feira.
“Se até agora estamos a ‘importar’ especialistas nestas matérias é por causa de financiamentos e valorização dos nossos quadros”, lamentou Chembeze, respondendo ao Correio da manhã sobre as razões, por exemplo, de a Ponte Armando Guebuza, na província central de Sofala, ter sido feita por engenheiros portugueses, ao invés de moçambicanos.
Chembeze deu a entender que a futura ponte de KaTembe, do outro lado da baía do Maputo, poderá, igualmente, ser feita por engenheiros estrangeiros pelas mesmas razões, podendo o mesmo vir a acontecer nas obras de construção das barragens de Mphanda-Nkwa, Lupata e Boroma, em Tete, entre outras, segundo Carlos Quadros, presidente da Associação Moçambicana de Geotecnia (SMG), lamentando também o facto de se preterir quadros nacionais especializados a favor dos expatriados.
Campanha Chembeze enfatizou, por outro lado, o facto de a SMG estar em “forte e ampla campanha” de divulgação dos trabalhos dos especialistas moçambicanos dentro e fora do país, acção que já possibilitou a admissão de 32 engenheiros geotécnicos na Associação Internacional de Geotecnia e em outros fóruns afins estrangeiros.
“A realização desta conferência aqui no Maputo com a participação de especialistas e jovens engenheiros moçambicanos insere-se nesta forte campanha para Moçambique deixar de depender de fora”, explicou a fonte.
Sabe-se, entretanto, que a Associação Moçambicana de Geotecnia conta com mais de 50 membros colectivos e singulares nacionais inscritos.