Moçambique está ligado, a partir de hoje, ao cabo submarino de fibra óptica do grupo Seacom, uma empresa de capitais maioritariamente africanos e norte-americanos, que vai ligar a África a Europa e Índia.
Trata-se de um cabo submarino de fibra óptica, com uma velocidade de 1,28 Terabytes por segundo e com uma extensão de 17 mil quilómetros, que parte da África do Sul, ligando Suazilândia, Moçambique, Madagáscar, Tanzânia, Quénia, Uganda, a Índia e Europa, concretamente França e Reino Unido. Esta ligação vai ocorrer através do processo denominado “Express way”.
Moçambique e outros países abrangidos por este cabo serão servidos pelos serviços de Internet de banda larga, com de uma velocidade anteriormente inexistente no continente africano. O funcionamento do cabo submarino da Seacom arrancou com a primeira transmissão directa da Tanzânia para Moçambique, concretamente Maputo, que foi testemunhada pelo Presidente daquele país vizinho, Jakaya Kikwete.
O representante da Seacom Moçambique, Alcido Nguenha, disse na cerimónia de início do funcionamento do cabo em Moçambique que o projecto significa uma nova era para o país em particular, e África, no geral, dada a eficácia e eficiência destes serviços. Segundo Nguenha, com este novo cabo, o actual preço de transmissão de informação e dados via fibra óptica poderá reduzir 90 por cento, dada circulação rápida e de forma abrangente de informação.
Os gestores da Seacom consideram que a entrada em funcionamento do novo cabo submarino não implica uma alteração significativa do estado das comunicações em Moçambique e no continente africano, uma vez que as diferenças serão visíveis quando um maior numero de países e empresas começarem a utilizar estes serviços. “Um dos objectivos da colocação deste cabo submarino é disponibilizar infraestruturas para outras instituições nacionais e estrangeiras para que possam facilmente fazer circular as suas informações. Não se trata apenas de instituições que trabalham na área de telecomunicações, mesmo as universidade e outras instituições de pesquisa vão poder dispor destas infra-estruturas” explicou Nguenha.
As obras para a construção da estação terrestre do cabo submarino de telecomunicações, ou seja de fibra óptica, em Moçambique iniciaram em Janeiro deste ano, cujo custo está avaliado em cerca de 10 milhões de dólares. O cabo submarino da Seacom deveria ter entrado em funcionamento em Junho último, mas as actividades dos piratas em alguns pontos da costa oriental de Africa atrasaram as operações de lançamento e ligação do cabo, segundo esclarecem os responsáveis do grupo.
O projecto de Ligação dos países da África Austral e Oriental com a Índia e Europa está orçado em cerca de 600 milhões USD, dos quais 76,25 milhões de dólares são capitais africanos, sendo o remanescente europeu e norte-americano. Refira-se que este e’ o segundo cabo submarino de fibra-óptica em Moçambique.
O primeiro pertence a empresa pública Telecomunicações de Moçambique (TDM), que liga a cidade de Maputo, a Nampula, passando pela cidade da Beira, em Sofala, zona centro. A região da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) possui um projecto similar ao da Seacom, tendo já rubricado um acordo nesse sentido. Neste projecto da SADC será utilizada a infra-estrutura do cabo da TDM e não será feito nenhum estudo de impacto ambiental, mas sim um projecto de gestão ambiental.
A primeira rede de fibra-óptica no mundo foi implementada em 1988, ligando os EUA com a Grã-Bretanha, Holanda e Alemanha. No final do século 20 e início do 21, o mundo viu um aumento efectivo na oferta da banda larga através de novos sistemas de cabos submarinos lançados no Oceano Pacifico, Atlântico, Sudoeste da Ásia e América do sul.