Os governos de Moçambique e da RAS vão rubricar, muito em breve, um memorando de entendimento que visa controlar os crimes contra a biodiversidade como a crescente ameaça ao rinoceronte, para a retirada dos cornos com elevado valor no mercado.
A assinatura do mesmo sofreu, nos últimos 18 meses, adiamentos da parte de Moçambique, embora a Ministra sul-africana do Ambiente, Edna Molewa, tenha afirmado não acreditar que existisse quaisquer razões alheias para a sua consumação.
Segundo Molewa, que falava recentemente a imprensa naquele país vizinho, dois encontros anteriormente agendados foram adiados, porém o seu desejo é que o memorando tivesse sido assinado antes, pois trata-se de um assunto de urgência.
A fonte disse, por outro lado, acreditar que os caçadores do rinoceronte entram em território sul-africano via Moçambique, na área onde a vedação fronteiriça entre o Kruger National Park e o Parque Nacional do Limpopo foi removida, visando permitir o desenvolvimento do parque da paz, ou o Grande Parque Transfronteiriço do Limpopo.
O Kruger sofreu o fardo da caça ao rinoceronte e só no corrente ano pelo menos 242 dos mais de 350 animais caçados até então foram abatidos. Molewa disse haver uma “visão conjunta” no governo sul-africano com vista a reposição da vedação porquanto há fundos disponíveis para o efeito.
O plano para a reedificação daquela cerca não visa negociar o espírito do parque da paz, mas “acalmar e estabilizar o sofrimento resultante da caça furtiva”.
Todavia, o assunto, segundo um comunicado do Parque Nacional do Limpopo, recebido pela AIM, foi entregue a presidência sul-africana e será discutido entre os presidentes Armando Guebuza e Jacob Zuma, o mais depressa possível.
Expressando a sua inquietação em relação ao ataque sofrido pelo guarda Andrew Desmet no confronto, semana passada, com os caçadores furtivos, Molewa disse que a caça furtiva constitui “assunto muito sério e que o país inteiro está preocupado. É realmente muito, muito violento”.
Porém, apontou ainda que o proposto memorando de entendimento com Moçambique e os países asiáticos e acordos semelhantes já concluídos com a China e o Vietname, não referem com destaque para o rinoceronte, mas dão realce a necessidade de prevenção de todas formas de crimes ambientais.
Molewa disse que as áreas prioritárias e estratégicas do departamento estão em linha com o Plano de Desenvolvimento Nacional e o desafio da Africa do Sul é chegar “a um equilíbrio saudável” entre os três pilares do desenvolvimento sustentável, nomeadamente o crescimento económico, o desenvolvimento social e a sustentabilidade ambiental.
O uso sustentável dos recursos biológicos foi “fundamental” para o desen- volvimento da economia – em particular a bioprospecção (investigação de ganhos farmacológicos e outros benefícios a partir da planta às espécies animais).
O porta-voz dos parques nacionais, Ike Phaahla, disse recentemente que Desmet estava num estado crítico sob cuidados intensivos, no hospital de Nelspruit e os médicos estabilizaram a sua condição.