Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Moçambique e Portugal assinam 10 acordos de cooperação

A visita de Estado, de dois dias, do presidente moçambicano Armando Guebuza, a Portugal, terminou com a assinatura de 10 acordos de cooperação entre os dois países nos vários domínios socio-económicos. Os acordos foram rubricados no término de um encontro entre o Presidente Guebuza e o Primeiro-Ministro português, José Sócrates, tendo os dois líderes dito que estes documentos espelham que ambos os países estão determinados a trabalhar juntos no desenvolvimento recíproco em prol do bem-estar comum dos seus povos.

Entre os 10 acordos, constam seis rubricados pelos dois governos e quatro firmados por empresas públicas e privadas. Os acordos assinados por ambos os governos incluem a Convenção sobre Segurança Social, Acordo sobre Serviço Aéreo, Protocolo na área da construção de estradas na Zambézia, um Protocolo designado por Capulana e que prevê Construção de Hotéis e Resorts, e um outro para a construção de um Centro de Biotecnologias.

Entre os rubricados pelo sector empresarial consta um que prevê a construção de uma estrada na Zambézia, um outro para a implantação de energias renováveis, tais como painéis solares e um outro para a construção de várias outras infra-estruturas, destacando-se 50 escolas e igual numero de hospitais. Da parte de Moçambique, a maioria dos acordos foram assinados pelo titular dos negócios estrangeiros Oldemiro Baloi e o seu homólogo do turismo, Fernando Sumbana Júnior.

Na ocasião, Guebuza e Sócrates voltaram a enfatizar que as relações diplomáticas, políticas e económicas estão num nível jamais atingindo no relacionamento entre os dois países, que se encontram unidos pela história há mais de cinco “Estamos muito satisfeitos porque pouco tempo depois de termos decidido que devemos trabalhar juntos em prol do desenvolvimento mútuo dos nossos respectivos países, já estamos a ver como e’ que iremos concretizar essa nossa vontade” disse Guebuza numa breve declaração a imprensa que cobriu o encontro mantido com Sócrates na sua residência oficial aqui em Lisboa.

Sócrates, por seu turno, disse que “queremos que esta visita sirva para consolidarmos ainda mais as nossas relações de cooperação e comerciais, e mesmo antes destes acordos rubricados hoje, já existem dados que mostram que a nossa cooperação nestes domínios já é muito boa”. Segundo Sócrates, depois da resolução do diferendo sobre a Barragem de Cahora Bassa, Moçambique e Portugal removeram a última pedra nos seus sapatos que dificultava a marcha que os levará a alcançar uma cooperação tão alta ao mesmo nível das suas relações diplomáticas e politicas.

Refira-se que Portugal, na voz do seu presidente Cavaco Silva, foi um dos primeiros países, senão mesmo o primeiro, a reconhecer publicamente a reeleição de Guebuza, nos finais do ano passado, para o segundo mandato que iniciou em Janeiro último. No seu reconhecimento, deixou claro que a reeleição de Guebuza foi justa e muito transparente que, na óptica de analistas políticos, terá ajudado a dissipar ou desfazer em grande parte os argumentos e mesmo sofismas dos que poderiam tentar dizer o contrário.

 

OS DADOS QUE FALAM MAIS ALTO NA COOPERAÇÃO MOÇAMBIQUE/PORTUGAL

A referência de Sócrates de que a cooperação está num bom ritmo fica evidenciada pelo facto de, ao longo do ano passado, o investimento português em Moçambique ter atingido a cifra de 689 milhões de dólares. Com este montante, Portugal passou a ocupar a segunda posição numa lista de 45 países, encabeçada pela Noruega, e têm estado a investir nos vários sectores da economia moçambicana.

Nas trocas comerciais também há sinais claros de melhorias, dado que as exportações moçambicanas para Portugal aumentaram mais 27 por cento em 2009, tendo Moçambique amealhado 42,8 milhões de dólares. Por seu turno, Portugal amealhou no mesmo período 121.2350 milhões de dólares em exportações feitas por empresas portuguesas para Moçambique, o que faz com que seja segundo maior mercado depois de Angola de entre os cinco países africanos de língua portuguesa.

Ambos governantes vincaram que a única preocupação dos dois países é usar as boas relações como plataforma para maximizarem a sua cooperação, e que os acordos assinados, hoje, provam que também estão a dar passos largos para elevar a sua colaboração económica a um nível máximo. O que pode ter deixado Guebuza muito feliz nas promessas ou acordos que lhe foram feitos tanto pelo seu homólogo português, Cavaco Silva, com que conferenciou no primeiro dia desta sua vista, como agora com Sócrates, é o facto de que mesmo a oposição portuguesa aprova a tese de que a manutenção das boas relações de amizade e cooperação com Moçambique está no interesse dos dois países e povos.

Esta tese foi defendida pelo líder do PSD, Passos Coelho, que é actualmente visto como o mais provável sucessor de Sócrates. Coelho disse a jornalistas moçambicanos que subscreve a tese do governo do seu país de maximizar a cooperação com Moçambique no término de uma audiência que lhe foi concedido na manhã de hoje pelo presidente Guebuza.

Antes de Guebuza se avistar com Sócrates e testemunhar a assinatura dos acordos que estabelecem algumas das balizas que irão nortear a cooperação entre Moçambique e Portugal, o estadista moçambicano visitou, aqui em Portugal, uma série de empreendimentos socioeconómicos, para se inteirar das suas capacidades empresariais, e aferir o que se pode replicar em Moçambique. Entre esses empreendimentos visitados por Guebuza destacam-se a Rede Nacional de Mercados de Abastecedores, mais conhecido por IMAB-MARl, um Projecto concebido para ser posto em prática em Moçambique no domínio da Logística Alimentar que será mais conhecida por Fomentinvest, um Parque Eólico da Serra d´El Rei, e uma central vocacionada as energias renováveis conhecida pela sigla ENERNOVA.

Nos momentos finais da sua visita, Guebuza manteve, hoje, um encontro com a comunidade moçambicana residente em Portugal, antes de proferir um discurso que marcou o fim de um seminário empresarial muito concorrido e que contou com a participação dos 76 empresários moçambicanos que integram a comitiva do estadista moçambicano e dos seus homólogos portugueses. No seu discurso, Guebuza voltou a instar a ambas as partes para que aproveitem as boas relações de amizade que prevalecem entre os dois países e investirem massivamente em Moçambique.

O testemunho do empenho de Guebuza e dos dirigentes portugueses em fazer da cooperação entre os empresários dos dois países uma alavanca para o desenvolvimento mútuo, foi a presença do presidente português Cavaco Silva no encerramento deste seminário. Ele também instou os empresários do seu país a não perderem esta oportunidade que se criou com a melhoria das relações entre os dois países.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!