Os governos de Moçambique e de Portugal assinaram na quarta-feira, em Maputo, vários acordos de cooperação, entre os quais se destaca um que prevê a realização de cimeiras anuais bilaterais entre ambos os países.
Outros acordos assinados incluem a cooperação na área de mudanças climáticas, cooperação técnico militar, segundo aditamento do acordo bipartido da linha de crédito concessional, protocolo de cooperação da energia, protocolo de cooperação na área de cultura, memorando de entendimento na área dos transpores e comunicações, protocolo de cooperação na área de bibliotecas escolares e para a promoção da leitura. Os acordos foram assinados por representantes de ambos os países, durante uma cerimónia que foi testemunhada pelo Presidente moçambicano, Armando Guebuza e pelo Primeiroministro português, José Sócrates, que se encontra a efectuar uma visita oficial de quatro dias à Moçambique, iniciada na noite de Terça-feira.
Falando no término da cerimónia, Guebuza disse que a visita do Primeiro-ministro português à Moçambique e’ um sinal inequívoco dos esforços que estão sendo feitos para o reforço das relações bilaterais e para o apoio à agenda moçambicana da luta contra a pobreza. Segundo Guebuza, as conversações havidas com Sócrates mostram que a amizade entre Moçambique e Portugal e’ muito forte, sendo a prova disso a assinatura de um documento que institucionaliza as cimeiras entre Portugal e Moçambique. Estas cimeiras, explicou Guebuza, “serão uma oportunidade para reforçar ainda mais as nossas relações, e também para encontrarmos formas de aprofundar a nossa relação na área económica”.
Guebuza referiu-se ao ambiente existente em Moçambique, que favorece a atracção do investimento estrangeiro. Por isso, Guebuza desafiou os empresários portugueses a incrementar os seus investimentos em Moçambique, afirmando que “apelamos aos empresários portugueses para se empenharem ainda mais, se for possível, para que possam investir muito mais no nosso país, e para que isso possa criar bases mais sólidas de cooperação não só nas áreas económicas, e outras como sociais”. “Quero dizer que nós da parte moçambicana estamos satisfeitos e faremos tudo para reforçar as nossas relações, sobretudo para aproveitar as oportunidades que se nos colocam para vencer as dificuldades que enfrentamos”, disse Guebuza. Por seu turno, o Primeiro-ministro português, disse que a sua visita a Moçambique visa dar um novo fôlego as relações politicas e económicas entre ambos os países.
“Este e’ o tempo para darmos um novo impulso as nossas relações e, por isso, vimos com uma grande delegação, constituída por nove membros do governo, dezenas de dirigentes da função publica portuguesa, 55 empresários, e vimos também com a vontade de dar um sinal claro ao governo moçambicano e ao povo moçambicano do empenho português numa cooperação económica que proporcione o desenvolvimento de Moçambique e que coloque a nossa cooperação económica ao nível que a nossa história nos exige”, disse Sócrates. A semelhança do estadista moçambicano, Sócrates também fez questão de destacar o acordo que prevê a realização de cimeiras anuais bilaterais entre ambos os países.
“Este passo histórico só foi possível depois de termos conseguido remover e afastado vários problemas políticos, como é o caso do problema da Hidroeléctrica de Cabora Bassa”, disse Sócrates, para, de seguida, explicar que isso permitiu abrir um novo capítulo nas relações entre os dois países. Na ocasião, Sócrates também fez menção a criação do Banco Luso- Moçambicano de Investimentos, através de uma parceria entre a Caixa Geral de Depósitos de Portugal e o Tesouro moçambicano. Sócrates também sublinhou a importância das áreas do protocolo sobre energias renováveis, explicando que Moçambique pode ganhar com a experiência portuguesa.
“Portugal é o pais europeu cuja contribuição das energias renováveis e’ a mais elevada. Cerca de 42 por cento da nossa electricidade e’ de energias renováveis. Isso coloca Portugal num dos países da linha da frente em termos de electricidade, com base em fontes de energia renováveis”, disse o Governante. Segundo Sócrates, Portugal possui a maior central solar do mundo no Alentejo, razão pela qual tenciona cooperar com Moçambique no desenvolvimento destas energias.
“Vamos iniciar com projectos de demonstração já com a construção de pequenas centrais solares para o abastecimento de hospitais, escolas, e também temos a ideia de instalar pequenas centrais foto voltaicas para que a energia eléctrica chegue mais rapidamente a algumas aldeias. Isto tudo abre um novo campo de cooperação que queremos desenvolver”, concluiu o governante português.