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Moçambique declarado livre de lepra mas ainda com contaminações alarmantes

Pelo menos 1.364 pessoas, das quais 415 crianças, foram contaminadas pela lepra, no ano passado, uma doença da qual Moçambique foi considerado livre, em 2008, pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De todos os pacientes diagnosticados, 585 dirigiram-se ao hospital com deformações físicas graves, por desconhecimento ou negligência da disponibilidade do tratamento.

A lepra [também chamada de hanseníase], uma doença infecciosa que se manifesta por insensibilidade e manchas [claras] sem dor na pele, tem cura. Contudo, um dos principais constrangimentos do Ministério da Saúde (MISAU) é que os pacientes chegam sempre tarde demais às unidades sanitárias.

Francisco Mbofana, diretor-nacional da Saúde Pública, disse que o diagnóstico desta enfermidade é simples. Qualquer indivíduo que apresente com uma mancha clara e sem dor deve se dirigir ao hospital mais próximo da sua comunidade.

Os técnicos de saúde podem, com uma simples observação ou exame físico das manchas, determinar se é ou não lepra.

Segundo afiançou o dirigente, o tratamento é gratuito e dura de seis meses a um ano em regime ambulatório, ou seja, não há necessidade de internamento, excepto nos casos em que o doente se apresente a uma unidade sanitária já em estado grave por ter permanecido em casa por muito tempo sem tratamento.

De 2015 a 2016, passou de 23 para 34 o número de distritos com mais de um caso de lepra por 10 mil habitantes, principalmente centro e norte, disse Francisco Mbofana, sublinhando que as novas infecções significam um retrocesso para Moçambique no que diz respeito à luta contra esta enfermidade. É que os casos tinham diminuído para um em cada 10 mil habitantes e já não constituíam um problema de saúde pública para o país.

“Essa situação preocupa-nos e é mais preocupante ainda porque os casos de lepra estão a registar-se em crianças, o que significa que a doença está a circular nas famílias e nas comunidades”, afirmou Francisco Mbofana, na passada sexta-feira (27), por ocasião do Dia Mundial da Luta Contra a Lepra, que se assinala no último domingo de Janeiro de cada ano. Este ano, a efeméride foi assinalada sob o lema “Promover a Inclusão Social Eliminando Todas as Formas de Discriminação e Estigma aos Afectados pela Lepra”.

A lepra é contagiosa, podendo passar de pessoa para pessoa “através da saliva, sendo que é recomendado que o paciente leproso evite falar, beijar, tossir ou espirrar muito perto de outras pessoas, enquanto não iniciar tratamento”, recomendam os técnicos de saúde.

Mbofana comentou que se o doente não se fizer ao hospital no início da enfermidade, as complicações podem se notar nos membros inferiores e superiores, na cara e nos olhos. O estágio mais grave manifesta-se pelas mutilações dos dedos das mãos e dos pés e surgimento de úlceras, sobretudo nas plantas dos pés.

Aliás, por causa disso, algumas famílias e comunidades maltratam os leprosos, isolando e descriminando-os.

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