O Governador da província de Niassa, Norte de Moçambique, David Malizane, garantiu que todo o tabaco produzido pelos camponeses no distrito de Mecanhelas será comprado ainda dentro deste ano.
Malizane respondia assim as preocupações levantadas em quase todos os comícios populares por ele dirigidos, nos quais as populações se queixaram do não cumprimento das obrigações da empresa fomentadora da cultura em questão, a Mozambique Leaf Tabaco (MLT), nomeadamente a compra do tabaco.
A edição da Terça-feira do “Diário de Moçambique” cita Malizane a afirmar que se reuniu com o representante da MLT depois de ter sido confrontado com o problema de comercialização por vários produtores.
“Estava reunido com o representante da MLT, para me inteirar do que estava a acontecer na comercialização do tabaco, e este explicou-me que o que tem existido é a falta de interpretação das equipas de arbitragem, mas ele assegurou que a MLT tem dinheiro para comprar todo o tabaco fomentado pela empresa e não o que vem do Malawi”, declarou o Governador Malizane.
Um agricultor na localidade de Chissaua disse, por exemplo, que se um camponês tem 40 fardos de tabaco, a MLT compra apenas oito, deixando 32 fardos nas mãos do produtor.
“Aqui confiamos na agricultura e produzimos muito milho e tabaco. Mas o nosso tabaco está sendo comprado a preços muito baixos e em poucas quantidades. Há muita gente que tem muito tabaco nas suas casas, mas quando leva 40 fardos para o posto de venda, somente compram oito fardos e os restantes ficam com o camponês”, disse Jasten Matola, de Chissaua.
Este problema leva a que os produtores fiquem com dívidas, afectando até a sua sobrevivência e a educação dos seus filhos porque não conseguem comercializar o tabaco de acordo com o seu esforço e expectativas. Para agravar a situação, nos últimos tempos, o distrito de Mecanhelas tem sido inundado pelo tabaco produzido no vizinho Malawi, em virtude de naquele país não haver mercado.
Os malawianos, através de algumas afinidades que tem com os moçambicanos, introduzem muito tabaco no país com intenções de que este seja vendido à companhia MLT, o que faz com que esta tenha dificuldades para comprar o tabaco por si fomentado.
Por outro lado, os produtores daquela província têm ainda se queixado da falta de mercado para comercializarem os seus cereais, sobretudo o milho. Sobre este facto, David Malizane afirma que se trata de uma preocupação a todos os níveis.
“Este ano vamos continuar a ter estes gritos. Mas já no próximo, quando o Instituto Nacional de Cereais (ICM) começar a desempenhar o seu papel, o cenário vai mudar, assim como os mutuários dos sete milhões, depois de comprar o milho aos camponeses, vão ter lugar para revender”, assegurou Malizane.