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Muita luz, pouco brilho na abertura dos X jogos Africanos

Muita luz

Na festa de abertura dos 10º Jogos Africanos – Maputo 2011, não se poupou declarações de amor à cultura africana. Pouco mais de 40 mil espectadores testemunharam a cerimónia no Estádio Nacional de Zimpeto. Mas faltou o essencial: emoção e organização.

Até às 14h00, a hora prevista para o início das actividades culturais, as bancadas do Estádio Nacional de Zimpeto encontravam-se vazias. Na entrada, pequenas filas de pessoas cresciam timidamente à medida que aguardavam pela abertura dos portões que dão acesso ao recinto.

Nas rodovias que dão acesso ao local, o tráfego era intenso. Pois, milhares de pessoas deslocavam-se em direcção ao Estádio para testemunhar in loco a cerimónia de abertura da maior festa desportiva do continente africano, que se realizam pela primeira vez em Moçambique. O Estádio começou por estar vazio, mas, com o andar do tempo, o número de pessoas foi crescendo.

Quando o relógio marcava 15h30, havia apenas no interior pouco menos de dois mil espectadores que aguardavam pelo início das actividades culturais previstas no programa, o que só veio a começar quando já eram 16h49.

Sob animação do apresentador de televisão Gabriel Júnior, a parte cultural começou com um espectáculo de música, pouco brilhante, na qual artistas moçambicanos tentavam a todo custo não deixar os seus créditos em mãos alheias. Diga-se, mostraram o seu virtuosismo apresentando repertórios compostos por temas maioritariamente já conhecidos pelos amantes da música nacional, que lhes conferem estatuto de músicos. Aliás, não apresentaram nada de novo. Diante de um público apático, os artistas souberam estar a altura do evento.

Mais tarde, a plateia mostrou-se pouco recatada e foi aplaudindo timidamente cada momento em que os músicos tentavam puxar por ela. Subiram ao palco – na verdade, no centro do campo – músicos como Ali Faque, Ivo Mahel, Casimiro Nhussi, Mr. Bow, a dupla Domingas e Belita, e Marlen, apesar de terem sido anunciados mais de seis cantores que iriam actuar naquela tarde. Mas nem todos os artistas tiveram a mesma sorte, diga-se. Para abrir o momento cultura, coube ao músico Ali Faque que apresentou um repertório constituído por dois seus sucessos, um dos quais “Kinachukuro”, o tema que colocou o artista na ribalta. Ali realizou um concerto pouco interessante. Seguiu-se Ivo Mahel que apresentou dois temas.

Quando passavam sete minutos depois das 17 horas, o músico Casimiro Nhussi encheu o recinto com os sons quentes de batuque. As batucadas de Nhussi valeram aplausos tímidos da plateia. Depois, foi a vez das irmãs Domingas e Belita que tiveram uma actuação efémera e fraca. Seguiu-se um grupo desconhecido entre o público moçambicano que apresentou um número da cultura árabe, mas nem por isso deixaram de ser aplaudidos. E, mais tarde, subiu ao palco Mr. Bow que conseguiu levantar o público com o seu sucesso “Kota de Família”.

Mas o primeiro grande aplauso surgiu por volta das 17h56, quando Marlen entrou em “campo”. Mas, como diz a sabedoria popular, “tudo que é bom dura pouco”, a jovem cantora viu a sua actuação ser interrompida com a entrada do Presidente da República, Armando Guebuza, quando passou pouco mais de meio minuto.

De seguida, assistiu-se ao desfile das delegações dos países que marcaram presença nos 10º Jogos Africanos de Maputo, das quais se destacaram, devido a indumentária – traje tipicamente africano -, as selecções Nigéria, Camarões, Costa de Marfim e Namíbia. Mas o mais ovacionado da noite foi o país anfitrião. O momento que se seguiu foi dedicado aos discursos de praxe.

A animação no interior do Estádio foi garantida por vários grupos de dança tradicional. Numas coreografias que contam a história de África, e Moçambique em particular, fez-se uma declaração exuberante à cultura do continente negro. Em alguns momentos, a coreografia apresentou-se desajustada, mas nem por isso o entusiasmo deixou de subir de nível. Das bancadas, ouviam-se sonoros assobios e aplausos eufóricos que enchiam o Estádio e tornavam o ambiente literalmente quente. A casa ainda não estava totalmente cheia. Diversos bancos vazios saltavam à vista. Mas o barulho era intenso. Num ambiente deveras entusiasmante, assistiu-se a um verdadeiro espectáculo de fogo de artifícios.

A 20 metro do Estádio Nacional de Zimpeto, numa pequena cabana sem energia eléctrica, Augusto Elias, 20 anos de idade, e o seu primo Alberto, emocionavam-se com a exuberância da queima de fogo, que servia de iluminação. Até porque só em dias em que há um evento naquele recinto que o casebre dessa família é agraciado com a luz dos holofotes e fogo de artifícios.

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