Os insurgentes radicais sunistas conquistaram, na manhã desta terça-feira (10), o controle de grande parte de Mossul, segunda maior cidade do Iraque, invadindo uma base militar e libertando centenas de prisioneiros num grande ataque contra o governo iraquiano liderado pelos xiitas.
A captura de Mossul pelo grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL)- um ramo da Al Qaeda – e os seus aliados ocorre depois de quatro dias de intenso conflito em Mossul e outras cidades no norte do Iraque.
A queda da segunda maior cidade é um duro golpe aos esforços de Bagdad para combater os militantes sunitas que recuperaram força no Iraque no último ano e voltaram-se para Mossul na semana passada. Logo depois da tomada de Mossul, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, pediu ao Parlamento que declarasse estado de emergência.
Do outro lado da fronteira na Síria, envolvidos em três anos de guerra civil entre o presidente Bashar al-Assad e os rebeldes que tentam derrubá-lo, os combatentes do Exército Islâmico do Iraque e do Levante tomaram o controle de faixas do território oriental, perto da fronteira iraquiana.
Os militantes do grupo no Iraque aderiram à batalha na Síria com outros combatentes estrangeiros. O grupo jihadista procura estabelecer um Estado islâmico ligando territórios que controla no oeste do Iraque e leste da Síria.
A polícia, os militares e as autoridades de segurança disseram à Reuters que os insurgentes, de posse de armas antiaéreas e granadas lançadas por foguetes, assumiram o controle de quase todos os postos da polícia e do Exército dentro e ao redor de Mossul.
“Perdemos Mossul esta manhã. As Forças do Exército e da polícia deixaram as suas posições e os terroristas do EIIL estão em total controle”, disse um coronel do Exército no comando militar local. “É um colapso total para as forças de segurança.”
Dois oficiais do Exército iraquiano disseram que as forças de segurança receberam ordens de deixar a cidade depois de os militantes terem capturado a base de Ghizlani, ao sul de Mossul, e libertarem mais de 200 prisionairos do presídio de segurança máxima.
O Exército e as forças policiais atearam fogo em depósitos de combustível e munições, para impedir os militantes de usá-los, disseram as autoridades iraquianas. Duas fontes da polícia e um funcionário do governo local disseram que os militantes do EIIL também invadiram uma prisão, permitindo que mais de mil prisioneiros fugissem, os quais eles identificaram como sendo membros principalmente do EIIL e da Al Qaeda.
Milhares de famílias estavam a fugir da cidade para a região autónoma curda, que faz fronteira com a província de Nínive, da qual Mossul é a capital. “Mossul agora é o inferno. Está em chamas”, disse Amina Ibrahim, que estava a deixar a cidade com os seus filhos pequenos. “Perdi o meu marido numa explosão de bomba no ano passado, não quero que os meus filhos o sigam.”