Milhares de partidários do candidato presidencial iraniano derrotado Mir Hossein Mussavi se manifestaram pacificamente nesta segunda-feira no centro de Teerão para protestar contra a reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad, apesar da proibição oficial imposta à manifestação.
Mussavi, que contesta a vitória do líder ultraconservador, participava da manifestação a bordo de um carro junto com o candidato reformador Mehdi Karubi. Ele se disse disposto a “participar novamente de uma eleição presidencial”. O ex-presidente reformador Mohammad Khatami também devia comparecer ao protesto.
Segundo o seu irmão, ele quer continuar com a contestação até que o resultado da eleição seja anulado. O guia supremo, Ali Khamenei, que elogiara o resultado da votação, pediu a Mussavi, ex-primeiro-ministro e conservador moderado, que continue protestando apenas por vias legais. Os manifestantes marcharam da praça Enqelab à praça Azadi, a alguns quilômetros de distância, gritando “morte ao ditador” e “os iranianos preferem a morte à humilhação”, e expressando apoio a Mussavi.
Uma centena de policiais posicionados na praça Enqelab não interviram, mas a rede de telefonia móvel foi cortada na zona do protesto. Muitos manifestantes ostentavam camisetas ou faixas verdes, a cor de Mussavi, com a inscrição: “Onde está meu voto?”. “Esta não é a primeira vez que protesto”, afirmou Mehdi, 40 anos, expressando a esperança de que Mussavi “resista até o fim”. “Espero que a polícia e a milícia islâmica se comportem de maneira civilizada”, disse Fahar, uma jovem estudante de 21 anos, depois dos violentos enfrentamentos do fim de semana passado entre manifestantes e forças da ordem.
A televisão estatal não mostrou uma única imagem da manifestação, e sequer a mencionou. As agências de notícias do país, tanto estatais como privadas, fizeram o mesmo. A TV divulgou o resumo de um encontro, domingo, entre o guia supremo Khamenei e Mussavi, durante o qual o candidato foi advertido.
“Você deve seguir adiante pelas vias legais”, disse o guia supremo, referindo-se ao recurso interposto domingo por Mussavi ante o Conselho dos Guardiões da Constituição para obter a anulação dos resultados. O Conselho se reunirá com Mussavi na terça-feira, informou um porta-voz da entidade.
O rival de Ahmadinejad insiste em que a eleição, marcada pela vitória esmagadora do presidente com 62% dos votos, foi afetada por graves irregularidades. O jornal de Mussavi, o Kalameh Sabz, foi suspenso pelas autoridades nesta segunda-feira. Além disso, cerca de 200 parentes de manifestantes detidos após os tumultos de sábado exigiram sua libertação diante do tribunal revolucionário de Teerã, antes de se dispersar pacificamente.
O presidente Ahmadinejad adiou para terça-feira uma viagem à Rússia prevista para hoje. Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia pediram ao Irã que investigue a eleição e lamentaram “o uso da força contra manifestantes pacíficos”.