Milhares de pessoas se manifestaram esta terça-feira no centro de Atenas depois de convocadas por vários sindicatos contrários ao plano de austeridade anunciado pelo governo grego em troca de uma ajuda da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os manifestantes da Pame, a frente sindical do Partido Comunista, caminharam até o Parlamento antes de serem dispersados sem maiores incidentes. “Não daremos um centavo sequer pela crise”, afirmava um dos cartazes exibidos. Antes, cerca de 200 militantes comunistas ocuparam durante horas a Acrópole de Atenas, onde exibiram um cartaz gigante convocando a mobilização. Centenas de professores do ensino particular se deslocaram também até o parlamento, onde uma delegação foi autorizada a entregar uma lista de reivindicações.
O sindicato Adedy, com 375.000 afiliados, convocou uma terceira manifestação e uma greve de 48 horas no setor público. “O governo tenta dividir o povo grego com grandes mentiras e entregando tudo aos empresários”, declarou um dirigente do Adedy, Ilias Vrettakos, antes do início da manifestação. As centenas de manifestantes que se dirigiram depois para o Parlamento o fizeram atrás de um cartaz que dizia: “Quando a injustiça se converte na única via, a resistência é um dever”. “Nossa reação não pode outra do que a luta permanente”, lançou o dirigente sindical do ensino primário (DOE), Dimitris Bratis.
As duas grandes centrais sindicais do país, Adedy e Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE, 1 milhão de afilados) para o setor privado, convocaram uma greve geral para esta quarta-feira contra o plano de ajuste adotado pelo governo. O governo socialista grego se dispõe a colocar em andamento os severos cortes fiscais exigidos pela UE e o FMI em troca da ajuda de 110 bilhões de euros, apesar da revolta dos sindicatos.
Um dia depois do governo anunciar um colossal plano de poupança de 30 bilhões de euros entre 2010 e 2012, o primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, disse que a cura da austeridade propiciará “mudanças de que o país necessita há anos”. “São dias difíceis, mas temos que acreditar – e eu acredito – que esta é a oportunidade de empreeender um novo começo”, declarou Papandreou antes de reunir com o presidente Carolos Papoulias.
Os países da Zona Euro aprovaram no domingo um plano de socorro à Grécia sem precedentes, totalizando 110 bilhões de euros, com o apoio do FMI, após Atenas concordar com drásticas medidas de austeridade. A ajuda somará 110 bilhões de euros, durante três anos, dos quais 80 bilhões sairão de empréstimos bilaterais de sócios da zona euro, e o restante do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para 2010, os europeus liberarão 30 bilhões de euros e o FMI outros 15 bilhões.
O dinheiro começará a entrar antes de 19 de maio, quando a Grécia deverá honrar nove bilhões de euros de sua dívida. O plano de rigor pretende reduzir o déficit público grego de 13,6% do PIB registrado em 2009 a menos de 3% em 2014. Para isso, o governo decidiu, entre outras medidas, suprimir os bônus dos funcionários e pensionistas do setor público, auemntar a idade de aposentadoria das mulheres em cinco anos (65 anos) e subir a principal taxa do IVA em dois pontos (23%), além de reduzir os investimentos públicos.