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Acesso a água potável continua a ser um luxo em Moçambique

Acesso a água potável continua a ser um luxo em Moçambique

Assinala-se, esta sexta-feira (22), o Dia Mundial da Água, quando em que em Moçambique o acesso a água potável continua a ser um luxo de uma minoria que vive nas zonas urbanas. Nas zonas rurais, onde reside a maioria do povo moçambicano, apenas 30 por cento da população tem acesso à água potável. Muitos moçambicanos precisam de andar longas distâncias, todos os dias, em alguns casos mais de 20 quilómetros, à procura de fontes de água.

O deficiente acesso à água potável e a exposição a condições precárias de higiene e saneamento tem impacto negativo na vida das comunidades. O baixo acesso ao abastecimento de água e ao saneamento básico em Moçambique, ligado à não observância de boas práticas de higiene individual e colectiva, estão também entre as principais causas do aparecimento frequente de doenças como diarreias, cólera, parasitoses intestinais e bilharsiose.

“O acesso a água potável e saneamento continua a ser um dos maiores desafios no país pois cerca de 90 por cento das mortes são devido a doenças diarreicas provocadas pelo consumo de água imprópria e apenas 19 por cento dos agregados familiares tem acesso ao saneamento seguro, o que quer dizer que cerca de 16 milhões de moçambicanos não usam latrinas seguras” afirmou Graça Sambo num seminário intitulado “Diálogo Nacional – Água e Saneamento como um Direito Humano”, que juntou esta semana vários especialistas do ramo e representantes da sociedade civil na cidade de Maputo.

Por seu turno, a representante da Organização não Governamental “Water Aid”, Rosaria Mabica, disse no mesmo evento, que a água segura e o saneamento são direitos humanos básicos e a falta de acesso a estes serviços tem um impacto crítico no desenvolvimento humano afectando de modo desproporcionado as oportunidades de vida dos moçambicanos.

Para a Water Aid, o acesso a água e saneamento não são apenas um direito humano fundamental, mas também essencial para melhorar a saúde, educação e nutrição. Infelizmente, afirma aquela ONG, o progresso na provisão destes serviços ainda continua a ser muito lento, razão pela qual a disponibilidade de latrinas seguras não tem vindo a acompanhar o crescimento populacional. Como consequência “hoje em dia há mais pessoas sem acesso ao saneamento melhorado?, afirma a Water Aid.

O drama do acesso a água em Moçambique não parece ter soluções à curto prazo. Primeiro devido ao baixo nível de financiamento e investimento público e segundo porque, em algumas zonas urbanas, o abastecimento do precioso líquido foi entregue a gestão privada o que limita o acesso a quem possa pagar.

As estatísticas enganam

O cenário vivido no nosso país não é isolado, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), perto de 2.000 crianças menores de cinco anos de idade morrem diariamente devido a doenças diarreicas e cerca de 1.800 dessas mortes estão ligadas à água, ao saneamento e à higiene precários.

“Às vezes, nos concentramos tanto em grandes números, que deixamos de ver as tragédias humanas que estão por trás de cada estatística”, diz Sanjay Wijesekera, chefe global do programa do UNICEF de água, saneamento e higiene, num comunicado veiculado pela Imprensa.

“Se 90 autocarros escolares cheios de crianças tivessem que sofrer acidentes cada dia, sem nenhum sobrevivente, o mundo havia de notar o acontecimento. Todavia, é precisamente isso o que acontece todos os dias devido à água, ao saneamento e à higiene que são deficientes”, acrescentou a fonte.

Relativamente à mortalidade infantil, os dados do UNICEF mostram que cerca de metade dos casos de mortes entre os menores de cinco anos ocorre em cinco países: Índia, Nigéria, República Democrática do Congo, Paquistão e China. Dois países – Índia (24 por cento) e Nigéria (11 por cento) – representam juntos, mais de um terço de todas as mortes de menores de cinco. Esses mesmos países também têm populações significativas sem acesso à água e ao saneamento melhorados.

Dos 783 milhões de pessoas no mundo sem acesso a água potável melhorada, 119 milhões vivem na China; 97 milhões vivem na Índia, 66 milhões na Nigéria; 36 milhões na República Democrática do Congo, e 15 milhões no Paquistão.

Os dados relativos ao saneamento são ainda mais desoladores. Pessoas sem saneamento básico nesses países são: Índia 814 milhões; China 477 milhões, Nigéria 109 milhões; Paquistão 91 milhões, e República Democrática do Congo 50 milhões.

Esta efeméride foi instituída pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, com o objectivo de chamar a atenção para a importância e para a escassez do precioso líquido.

 

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