Milhares de crianças dos países mais pobres devem ser protegidas de doenças como a diarreia e pneumonia com recurso as novas vacinas, apesar da crise económica global, afirmam os doadores da ‘GAVI Alliance’.
Segundo os doadores, a não imunização das crianças coloca em risco o cumprimento da Quarta Meta dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM’s), que visa reduzir em dois terços, até 2015, a taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos.
“É inconcebível deixarmos as crianças morrerem enquanto temos vacinas novas e efectivas prontas para serem introduzidas nos programas de vacinação e uma plataforma de distribuição para alcançar 80 por cento das crianças numa base rotineira”, disse Gustavo Gonzalez-Canali, representante da França, Luxemburgo e do Círculo de Doadores da Comunidade Europeia na direcção da GAVI.
“Há uma forte determinação da comunidade doadora para concretizar as promessas feitas com vista a introduzir as novas vacinas. É verdade, porém, que todos os doadores sentem o aperto financeiro nesta altura da crise, mas o dinheiro necessário não é tanto na lista de coisas a fazer, porque a imunização é um investimento de custo efectivo”, explicou o representante. No recente encontro havido em Genebra, a direcção da GAVI Alliance decidiu, em princípio, seguir em frente na busca de financiamentos para 15 países em desenvolvimento bem como acordou encetar uma nova ronda de pedidos financeiros.
Contudo, a GAVI está preocupada com os desafios financeiros que, caso fracassem, significaria um revés nos programas de imunização e saúde, resultando, por conseguinte, no aumento das doenças e mortes de milhares de crianças nos países em desenvolvimento. Desta feita, a aliança confirmou a realização, em Outubro, na cidade americana de Nova Iorque, do primeiro encontro de replanificação, em que participarão doadores e potenciais doadores, onde deverão reafirmar o seu compromisso financeiro visando apoiar os programas de imunização da GAVI.
A demanda de novas vacinas é liderada pelos países em desenvolvimento, sobretudo os que conseguiram investimentos substanciais para a edificação das plataformas de imunização e sistemas de saúde, estando, agora, a alcançar 80 por cento das crianças imunizadas nas campanhas de rotina com apoio da GAVI e seus parceiros. “Os países em desenvolvimento suportam um pesado fardo de doenças e esperam muito que as nações dadoras escutem os apelos para a provisão da vacina que pode dar as nossas crianças a mesma protecção contra as doenças a semelhança daquelas que estão nos países ricos”, disse o Ministro da Saúde da Nicarágua, Guilermo Gonzales.
A GAVI necessita agora de 4.3 biliões de dólares norte-americanos de agora até 2015 se tiver de continuar os seus actuais programas e lançar a nova vacina contra as doenças pneumáticas em mais de 40 países. O valor inclui um pacote adicional avaliado em 2.6 biliões acima dos actuais níveis de financiamento. Se conseguir o dinheiro, a GAVI ajudará os países em desenvolvimento a imunizar mais de 20 milhões de crianças e evitar que cerca de quatro milhões morram até 2015, incluindo um milhão de outras em risco de morrer de pneumococo e diarreia, as duas principais causas de pneumonia e diarreia respectivamente.
O apoio sustentado da GAVI aos programas rotineiros de vacinação de infância e aos sistemas de saúde é uma força motriz para o seu impacto. As organizações da sociedade civil em todo o mundo têm feito uma forte advocacia para o aumento de financiamento aos programas de imunização da GAVI. A GAVI Alliance é uma parceria público privada, sedeada em Genebra, visando melhorar a saúde nos países pobres.
A Aliança junta os países em desenvolvimento e os governos dos países doadores, a Organização Mundial da Saúde (OMS), UNICEF, Banco Mundial, a indústria da vacina nos países industrializados e em desenvolvimento, as agências de pesquisa e técnicas, a sociedade civil a Fundação Bill e Melinda Gates e outros filantropos privados. O apoio da GAVI consiste na provisão de vacinas e fortalecimento dos sistemas de saúde. Desde 2000, mais de 250 mil crianças foram vacinadas e mais de cinco milhões mortes prematuras evitadas mercê dos programas financiados pela aliança.