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Milhares de alunos são instruídos ao relento em Nampula

Na cidade de Nampula, mais de 200 turmas do ensino primário do 1º grau, compostas por 18 mil crianças da 1ª a 3ª classe, recebem as suas lições ao ao ar livre devido à falta de salas de aula. Se nas escolas da urbe os petizes estudam sentados no chão e em condições inadequadas, o que será dos meninos que se encontram nas zonas recônditas da mesma província e do resto do território moçambicano?

Nos estabelecimentos de ensino de M’puecha, Teacane, Namutequeliua, 25 de Junho, Mutauanha, Murapaniua, Terrene, Barragem, Muthita, Namicopo e Serra da Mesa a situação é considerada crítica, uma vez que os futuros quadros deste país são estudam debaixo dos cajueiros e expostos a intempéries.

A representante de Estado no município de Nampula, Felicidade Costa, afirmou que por causa desse problema, no período chuvoso, as 18 mil crianças de diversas instituições perdem a oportunidade de estudar e no Inverno o processo de aprendizagem é condicionado porque os instruendos chegam tarde à escola.

A insuficiência de salas de aulas e a falta de dinheiro são apontadas como sendo os grandes constrangimentos que o sector da Educação enfrenta na província mais populosa de Moçambique, facto que interfere constantemente no aproveitamento pedagógico dos alunos e na melhoria da qualidade de ensino.

Alberto Agostinho, director da Escola Primária de Namicopo, na cidade de Nampula, disse-nos que na sua instituição há pelo menos 23 turmas da 2ª, 3ª e 4ª classes, compostas por 40 a 45 alunos, a serem formadas debaixo das árvores.

Não se sabe quando é que o problema será ultrapassado porque não existem fundos para se erguer novas salas de aulas. O orçamento alocado pelo Governo não contempla a construção de infra-estruturas físicas.

Enquanto não houver soluções para essa situação, milhares de crianças continuarão a estudar sem abrigo e em condições indignas porque “não podemos deixar alunos fora da escola”. Os pais e encarregados de educação negam-se a contribuir com valores monetários na construção de mais compartimentos destinados às actividades de ensino supostamente porque, no passado, a anterior direcção de Namicopo colectou montantes com o mesmo propósito mas nenhum bloco foi comprado.

Agostinho afirmou que, devido a essas anomalias, no primeiro trimestre deste ano o aproveitamento pedagógico foi de 50% em quase todas as turmas, incluindo as que são leccionadas em sítios cobertos.

Bruge Ruphia, director dos Serviços da Educação, Juventude e Tecnologia em Nampula, reconhece as dificuldades com que se debatem as escolas de M’puecha, Teacane, Namutequeliua, 25 de Junho, Mutauanha, Murapaniua, Terrene, Barragem, Muthita, Namicopo e de Serra da Mesa, porém, ainda não há alternativas para contorná-las por falta de fundos.

Neste ano lectivo, a cidade de Nampula inscreveu 181.706 alunos em todos os subsistemas de ensino e o governo local planificou edificar quatro escolas secundárias novas em diferentes distritos.

O nosso entrevistado explicou que na Escola Primária Completa de Mapara serão erguidas 20 salas de aula, cinco na Escola Primária de Mutotope e igual número na Escola Primária 22 de Agosto. Refira-se que a cidade de Nampula conta, actualmente, com 12 escolas secundárias, 57 primárias e quatro institutos de formação profissional, números considerados insatisfatórios para responder às necessidades de toda a província.

Há mais crianças ao relento em Nampula

No distrito de Murrupula, existe outro grupo de 1.500 alunos que é formado debaixo das árvores. Ao todo são 30 turmas, de acordo com o director dos Serviços Distritais da Educação, Juventude e Tecnologias daquele ponto da província de Nampula, Alfredo Salimo. Enquanto isso, 300 salas de aula foram construídas com base em material precário, principalmente pau-a-pique.

Segundo Salimo, em Murrupula, existem 127 compartimentos convencionais destinados às actividades de ensino e aprendizagem, das quais 92 sem carteiras. Outro assunto que preocupa as autoridades é o facto de os professores deixarem os estudantes sem aulas quando se deslocam à universidade na urbe, a 70 quilómetros dos seus postos de trabalho.

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