Onze corpos, a maioria deles decapitados, foram encontrados, esta quinta-feira (27), ao lado de uma estrada no Estado de Guerrero, sul do México, mesma região em que 43 alunos foram sequestrados e supostamente massacrados há dois meses, um caso que provocou protestos generalizados em todo o país.
Alguns dos corpos estavam sem camisa e foram parcialmente queimados, segundo fotos publicadas pela mídia local. Os promotores de Guerrero disseram que o caso ocorreu em Chilapa, aldeia que fica no caminho da escola rural de Ayotzinapa, onde estudavam os jovens desaparecidos e onde há poucos dias foi encontrado o corpo de um padre de Uganda entre restos humanos encontrados durante a busca pelos alunos.
Nesta parte do Estado, um dos mais pobres do México, duas quadrilhas de crime organizado conhecidas como Los Rojos e Los Ardillos, ambas derivadas da separação do cartel outrora poderoso dos Beltrán Leyva, levaram a violência na região a níveis sem precedentes.
O caso dos estudantes abalou o governo de Enrique Peña Nieto, que anunciou, esta quinta-feira, mudanças na sua estratégia de segurança, actualmente sob fortes críticas de diversos sectores. Entre as mudanças estão alterações na Constituição para criar uma lei contra o crime organizado e uma iniciativa a ser enviada ao Congresso para redefinir o sistema de jurisdição penal.
Mais de 100.000 pessoas morreram desde o final de 2006, quando o ex-presidente Felipe Calderón lançou uma campanha frontal contra os cartéis de drogas, que se fragmentaram à medida que os seus líderes caíam e elevaram a espiral de violência. Cerca de 30.000 homicídios foram registados durante o governo de Peña, que tinha prometido controlar a violência herdada do seu antecessor.