Margarida M nasceu na província de Gaza, sul de Moçambique, há 26 anos. É casada há nove anos e vive na cidade de Maputo, a capital, com marido e filho de nove anos. Neste momento encontra-se grávida de cinco meses.
“Eu e meu marido não planeamos esta gravidez, na verdade nem queríamos, mas aconteceu. Sou seropositiva. Descobri o meu estado há sete anos”, diz. Tudo começou com o nascimento do primeiro filho do casal. Quando nasceu, segundo a Sra. M, era uma criança saudável, bonita.
Mas aos seis meses começou a ficar doente e chegou a baixar com ele no hospital várias vezes, até perder a conta. Os médicos nunca diziam o que ele tinha. “Uma vez o meu pai adoeceu gravemente e foi transferido para o Hospital Central de Maputo. Os médicos descobriram que ele era seropositivo. Vendo o sofrimento do meu pai e do meu filho, que era uma criança fraca, pedi que fizessem o mesmo teste ao miúdo.
Aí descobri que o meu filho também é seropositivo”, confessa. Foi muito difícil para ela na altura, confessa ainda. “Mas, pouco depois o meu filho começou a tomar os antiretrovirais e hoje, graças a Deus, está saudável, nunca mais ficou de baixa. Infelizmente, o meu pai acabou falecendo”, diz.
Depois os médicos recomendaram que ela e o marido também fizessem o teste. Ela diz que estava aparentemente saudável, pois não apresentava nenhum sintoma. Deu positivo. O marido também fez o teste e obteve o mesmo resultado. Só que ele não acreditava, dizia que lhe estavam a enganar.
Quando os sintomas da doença começaram a aparecer, ele resolveu aceitar o seu estado. “Hoje o meu marido está bem e até me agradece por ter insistido que aceitasse a situação”, desabafa. Ela diz não saber como foi infectada. Ela e o marido nunca tinham usado preservativo antes. “Hoje estamos a fazer o tratamento. Meu marido trabalha, eu estudo, mas não queremos que os vizinhos saibam que somos seropositivos, porque tememos a discriminação.
Contamos aos meus irmãos e a uma irmã do meu marido, porque quando eu precisar de algo eles me irão ajudar”, diz. Por ter visto o sofrimento do primeiro filho, ela não desejava voltar a engravidar, mas agora só lhe resta fazer prevenção de transmissão vertical (PTV) para que o filho não seja seropositivo.
“Agora a minha esperança é que o meu filho mais velho quando crescer seja médico, porque sofreu Muito”, confessa.