Um grupo constituído maioritariamente por dissidentes do maior partido da oposição moçambicana, Renamo, lançou este sábado uma nova formação política que passará a ser conhecido por Movimento Democrático de Moçambique (MDM), em resultado daquilo a que eles designam de “Revolução de 28 de Agosto de 2008”.
Segundo o porta-voz do evento, Geraldo Carvalho, 28 de Agosto é a data em que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, decidiu unilateralmente retirar a candidatura do então edil da Beira, Daviz Simango, a favor de Manuel Pereira.
“Portanto, como vocês viveram de perto, houve um repúdio total, uma revolução durante a qual, pela primeira vez, as bases da Renamo desobedeceram a liderança da Renamo desde aquele dia para sempre. Por isso nós chamamos de Revolução de 28 de Agosto”, explicou Carvalho.
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) já elegeu por maioria absoluta o seu primeiro presidente, Daviz Simango.
Simango, que actualmente também ocupa o cargo de presidente do Município da Beira, capital provincial de Sofala, era o único candidato pelo facto de ter sido eleito por todas as províncias do país. De um total 375 delegados presentes na Assembleia Constitutiva, apenas votaram 252, que reuniam requisitos para o efeito.
“Neste contexto todos os 252 delegados votaram todos em Daviz Simango, razão pela qual o MDM já está a tornar-se num movimento legalmente constituído. Neste momento já possui um Conselho Nacional e seu líder”, disse o porta-voz do evento, Geraldo Carvalho.
Segundo Carvalho, as províncias de Sofala, Zambézia e Nampula são as que possuem maior número de representantes no Conselho Nacional do MDM, cada uma com 10 membros. As restantes províncias estarão representadas por um número que varia de três a cinco membros. Pelo que foram eleitos 60 membros do Conselho Nacional do MDM. Antes foram aprovados os estatutos e programas do MDM, o símbolo ficou o galo num fundo branco.
Questionado pela AIM sobre o significado do galo, Carvalho disse que “o galo significa o despertar do povo moçambicano, uma vez que todos sabemos que o galo por tradição é um animal que nos desperta no amanhecer do dia. Pelo que chegou o momento em que as pessoas têm que despertar”. Assim, explicou Carvalho, falta eleger a Comissão Política Nacional, Comissão Jurídica, e o secretário-geral, que será proposto pelo presidente e aprovado pelo Conselho Nacional.
Questionado se haveria alguma inconstitucionalidade pelo facto de Daviz Simango ser presidente do Município, Carvalho respondeu que “somos moçambicanos e creio que estamos atentos as leis de Moçambique. Não há nenhuma inconstitucionalidade porque Daviz Simango é moçambicano”. Inicialmente haviam sete candidatos que, mais tarde, decidiram não concorrer pelo facto de não reunirem os requisitos necessários que, na altura, Carvalho se escusou de referir.
Sobre a eventual candidatura de Daviz Simango para as próximas presidenciais, a ter lugar em Moçambique antes do final do corrente ano, Carvalho disse que isso está ainda a ser ponderado.
Após a eleição do presidente, vários membros seniores da Renamo entregaram pessoalmente as suas cartas de demissão daquele partido político, cujo número contamos fornecer em devido tempo.
Comentando sobre a composição do seu elenco, Daviz Simango, disse que como “vocês sabem, quando vinha para aqui não sabia se iria ser eleito, agora que fui eleito preciso de tempo para pensar porque não quero escolher as pessoas em cima do joelho, pois queremos escolher uma equipe de vitória, por isso preciso de ter algum tempo para pensar”.
Sobre a sua candidatura para as próximas presidenciais, Daviz Simango explicou ser um “assunto do MDM e não um assunto do Daviz Simango”.
Questionado como é que se sentia após a vitória, Daviz Simango disse laconicamente, “sinto-me cada vez mais moçambicano”.
