Parte dos sobreviventes do Massacre de Mueda, no distrito municipal do mesmo nome, na província nortenha de Cabo Delgado, querem que aquele local seja preservado e desenvolvido para passar a ocupar o lugar que bem merece na história de Moçambique.
Falando a imprensa, em Mueda, durante as comemorações do 16 de Junho, parte dos sobreviventes foram unânimes em afirmar que se sentem felizes porque o sonho da independência pelo qual foram sacrificadas vidas inocentes foi alcançado mas que estavam preocupados em ver o distrito equipado de infra-estruturas a altura de avançar rumo ao desenvolvimento.
Foi a 16 de Junho que, no longínquo ano de 1960, cerca de 600 moçambicanos foram assassinados pelo colonialismo português quando pacificamente exigiam a independência nacional. As fontes pretendem que o distrito de Mueda tenha mais escolas, hospitais, agua, estancias turísticas e mais energia, porque ate ao presente momento o distrito é abastecido com um sistema de geradores e, por essa razão, o fornecimento de energia que vai ate as 21 horas de cada dia não é regular, registando por vezes cortes.
“Reconhecemos que o Governo não pode fazer tudo de uma única vez “, disse Andrasio Ntundo, um dos sobreviventes que saiu ferido no massacre, acrescentando que, “este lugar devia ser mais valorizado porque foi daqui que começou a ideia da luta pela independência”. Pelo que a AIM pode constatar no terreno, a energia da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) já esta a caminho, devendo chegar ao distrito de Mueda, também conhecido pelo nome de ‘planalto dos Macondes’, num futuro breve, iniciativa louvada pelos inquiridos pelo papel que vai jogar no desenvolvimento da zona.
Baltazar Nichilema, que também sobreviveu ao massacre, disse que “o sofrimento passou, na altura éramos obrigados a produzir algodão, no lugar do milho e amendoim para a nossa alimentação e agora com a liberdade precisamos de mais incentivos para produzirmos para o consumo e para a comercialização”.
Por seu turno, Constâncio Estanislau, disse que valeu a pena o sacrifício de Mueda porque “através dele conseguimos vencer a abelha e hoje temos o mel”, disse a fonte, acrescentando que este lugar devia ser desenvolvido para que o Povo sinta o valor da liberdade. “Agora Mueda não é como dantes. A energia da HCB vai entrar daqui a nada e vai impulsionar o desenvolvimento industrial que vai gerar novos postos de trabalho para o bemestar da população”, frisou Estanislau.
Rock Vicente Chooly, ao apresentar a mensagem dos antigos combatentes, nas cerimónias alusivas a passagem dos 50 anos do Massacre de Mueda, reconheceu que o surgimento de monumentos a nível nacional e internacional em reconhecimento dos feitos heróicos dos que lutaram pela independência é já um forte sinal de que estes não estão e nunca serão esquecidos.
“ Continuamos a buscar neles a inspiração para continuarmos um povo unido na luta contra a pobreza, consolidação e promoção da paz e a construir uma pátria com um futuro próspero que todo o povo anseia”, disseram os antigos combatentes.