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Mas que irmão é esse?

Os irmãos são como os vizinhos ou os colegas: não os escolhemos. Eles são inevitáveis. Ao contrário dos amigos, querendo ou não, teremos de os suportar para o resto da vida. Este comentário vem a propósito do caso recente dos jornalistas moçambicanos impedidos de entrar, sem nenhuma explicação, no território angolano, um país “supostamente” irmão.

No passado dia 11, os Serviços de Migração e Estrangeiros de Angola (SME) do Aeroporto de Luanda barraram a entrada de dois jornalistas moçambicanos, nomeadamente Joana Macie, do “Notícias”, e Manuel Cossa, do “Magazine Independente,” que iam participar numa conferência sobre género e economia, sob os auspícios do Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR) angolano, em Luanda.

Os dois jornalistas, segundo o “Notícias”, tinham os vistos de entrada em ordem mas, mesmo assim, foram recambiados para Maputo sem poderem sequer levar consigo a bagagem que traziam. Entretanto, outros três jornalistas moçambicanos que viajaram no mesmo voo para Luanda, com o mesmo propósito e com vistos similares, foram autorizados a permanecer em Luanda pelas mesmas autoridades.

Quando contactada a embaixada angolana manifestou-se surpreendida com a atitude tomada pelos serviços de migração contra os dois jornalistas, uma vez que não foi comunicada a ocorrência. A representação diplomática angolana só ontem é que tomou conhecimento da estranha actuação quando os dois jornalistas foram pedir explicações sobre os vistos por si emitidos.

“Havíamos preenchido todos os requisitos exigidos pela Embaixada para a obtenção de vistos para entrada em Luanda. Estranhamente, ao desembarcarmos em Luanda, já nos balcões da migração, o meu passaporte e o do Manuel foram colocados de lado, ao mesmo tempo que éramos convidados para uma sala restrita”, explicou Joana Macie.

Bagagem em parte incerta

Nessa sala permaneceram uma hora, tendo os seus constantes pedidos de explicações esbarrado no silêncio das autoridades. Momentos depois, os dois profissionais foram obrigados a entrar num autocarro de passageiros do aeroporto que os levaria de novo até ao avião da South Africa Airways que os havia transportado de Joanesburgo para Luanda. Obrigados a entrar, os dois jornalistas ainda assim tentaram questionar as razões deste procedimento, mas debalde. “Pedimos as nossas malas, mas ninguém se responsabilizou por isso. Tentámos resistir a entrar no avião, mas uma voz ameaçadora ordenou-nos a não tentar mais nada. A mesma voz advertiu-nos em seguida que se resistíssemos, entraríamos à força. Aliás, o autocarro nessa altura estava já rodeado de polícias. Entrámos no avião a lamentar o tratamento humilhante que nos estava a ser dispensado e a perguntar pelos nossos passaportes …”, acrescentou Joana Macie.

Os passaportes acabariam depois por ser entregues aos legítimos titulares já no aeroporto de Joanesburgo, no regresso. A bagagem, contudo, permanece em parte incerta.

Joana Macie conta que quando tudo se passou no aeroporto de Luanda, os outros três colegas de profi ssão e os activistas cívicos já se encontravam do lado de fora das instalações aeroportuárias e sem informação do que se estava a passar. Ainda assim, afi rmou, tentaram pedir autorização para falar com os outros três colegas, mas nem isso lhes foi permitido.

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